Medo dos jogadores do próprio gramado fez Palmeiras desistir de jogar no seu estádio. Piso será trocado. Vexame anunciado
Abel Ferreira mostrou a Leila Pereira o perigo de sérias contusões. O gramado sintético estava se desintegrando, se tornando uma 'armadilha' aos jogadores. Piso será trocado. Palmeiras deve atuar em Barueri ou Campinas
Desde o ano passado, as reclamações eram intensas.
Algumas silenciosas, como entre os jogadores do Palmeiras.
Outras ruidosas, como as de Abel Ferreira.
E outras raivosas, como as de Galloppo, que ficou oito meses sem poder jogar. Por conta dos rompimentos dos ligamentos cruzados do joelho esquerdo. Lesão que sofreu no estádio palmeirense.
Antes de sair em férias, na reunião onde apresentou o relatório de tudo o que ocorreu no ano, para Leila Pereira, Abel citou o gramado sintético desgastado.
A presidente repassou a reclamação para a construtora WTorre, responsável pela manutenção do estádio, através da empresa específica para isso, batizada de Real Arena.
A Soccergrass respondeu que o gramado sintético estava ainda 'na garantia'.
Ele foi instalado em 2020.
Teria ainda dez anos de garantia, afirmam alguns conselheiros que acompanharam a instalação. Ou oito, com alegam outros.
Mas a Soccergrass insistiu que ainda estava no período útil.
Só que a prática mostrou que o gramado não resistiu ao calendário de jogos e shows.
Muito desgastada pelo pisoteamento e por ser molhada constantemente, a borracha do gramado começou a ceder, depois de cinco anos intensos.
E ainda, de acordo com a Soccergrass, o calor 'inesperado' desses verões, por conta do superaquecimento do planeta, foi o toque final para sabotar o gramado.
Mais as fortes chuvas deste início do ano.
Jogadores já se queixavam que o gramado era ralo em algumas partes e, em outras, havia o risco de os cravos das chuteiras se enroscarem. E prender os pés de apoio e provocarem torções de tornozelos e, principalmente, de joelhos.
As queixas se acumulavam.
Até que ontem, houve cenas deprimentes, do gramado grudando nas solas das chuteiras, se transformando em uma gosma verde.
O ex-jogador da Seleção Brasileira, e principal estrela do Santos, Giuliano, conseguiu ficar apenas oito minutos em campo. Ele já estava com dores musculares. O piso desgastado fez com que os músculos de sua panturrilha esquerda se rompessem.
Bruno Rodrigues, na semana passada, fez sua estreia. E seu pé de apoio se enroscou no criticado gramado. Sofreu lesão no joelho e terá de ficar cinco meses, no mínimo, afastado do futebol.
Ao final da partida de ontem, os próprios jogadores do Palmeiras pediram a Abel Ferreira. Mostrando suas chuteiras com gramado grudado, falaram sobre o risco de novas contusões sérias.
Estavam com medo de jogar na arena.
Abel levou o problema gravíssimo para o executivo Anderson Barros, que acionou Leila Pereira.
A presidente, ontem mesmo, decidiu: o Palmeiras não atuará mais no seu próprio estádio enquanto a WTorre não colocar novo piso.
A Soccergrass veio a público hoje afirmando que fará a troca.
Enquanto isso, o Palmeiras decidirá onde atuará.
A Crefipar Participações arrendou a arena Barueri por 35 anos. Pagou R$ 500 milhões.
Abel Ferreira não gosta que o time atue no estádio menor.
Por ironia, ele queria que o piso fosse sintético, para os atletas palmeirenses seguirem tendo vantagem, quando atuassem em casa, por estarem acostumados.
Lá o gramado é natural.
O Pacaembu só deverá estar pronto no final do segundo semestre.
A arena de Itaquera está fora de cogitação por conta da rivalidade ferrenha entre as torcidas.
O gramado do Canindé não seria o ideal.
O Morumbi seria a alternativa que a direção palmeirense considera a melhor.
A ocasião, os dois clubes decidindo a Supercopa do Brasil no próximo domingo, deixa a possibilidade de rápido acerto, quase impossível.
Não estão descartados jogos no Interior de São Paulo.
Como em Campinas.
O resumo é que os jogadores do Palmeiras venceram.
Estavam com medo.
E não irão atuar mais no atual gramado sintético da sua própria arena.
Cujo piso está em condições lastimáveis...
COSME RÍMOLI | Do R7