Lahm pede Bola de Ouro democrática: Não deve ser honraria de marketing
Philipp Lahm já participou algumas vezes da eleição da Bola de Ouro da Fifa enquanto capitão da seleção alemã. Ele sabe como funciona o processo de escolha dos finalistas e vencedor e, por isso, pediu uma revisão da premiação. Em coluna publicada no portal “Goal”, o jogador do Bayern de Muniquecobrou democracia e sugeriu até mesmo a utilização do Facebook para a seleção dos candidatos.
Para Lahm, Messi foi um justo vencedor da Bola de Ouro de 2015, mas como “melhor atacante”. Sua ideia é criar premiações também para melhor goleiro, defensor e meio-campista.
Confira abaixo a coluna na íntegra:
“Como seria fazer a seleção dos candidatos para a próxima Bola de Ouro via Facebook? Isso seria uma maneira moderna de fazê-la. E o resultado provavelmente seria o mesmo que a eleição de segunda-feira.
Os três jogadores mais populares do Facebook são: Cristiano Ronaldo, com 108 milhões de seguidores, Lionel Messi, com mais de 81 milhões, e Neymar Jr., com 54 milhões de fãs. Em primeiro lugar, quero deixar claro que Ronaldo, Messi e Neymar são jogadores fantásticos. Eles estão além de qualquer dúvida. Eles legitimamente mereciam estar entre os finalistas.
Mas eu tenho me perguntado: Qual é a votação para o melhor jogador do mundo? Claro, é um prêmio para o melhor jogador do ano. Isso significa que é sobre as performances em campo e sobre os títulos ganhos. Então, apenas um jogador que tem sucesso tem a chance de estar entre os destaques.
Não há nada de errado com essa fórmula. Faz sentido que o jogador do ano seja alguém dentre estes jogadores. Mas quando os eleitores são treinadores de seleções nacionais, capitães e um seleto grupo de jornalistas de 209 países, estou convencido de que apenas algumas dessas pessoas, apesar de seu conhecimento, pensa sobre o assunto.
Eu votei por cinco vezes no passado e eu não estou dizendo que não agi desta forma. Eu conheço o procedimento. Durante a temporada você recebe uma mensagem e você é convidado a citar três jogadores de uma lista de candidatos
E então você simplesmente vai para as escolhas óbvias - o que nos leva de volta para o Facebook. Você está preso aos nomes mais conhecidos - os jogadores que você imediatamente se lembra por imagens ou jogos deles. Os jogadores que estão em todos os lugares, dentro e fora do campo. Você vota pelos jogadores mais vistos.
É por isso que a Bola de Ouro tornou-se um concurso de popularidade entre atacantes. Isso não é a minha perspectiva amargurada como um jogador de defesa, mas um fato neutro e estatisticamente comprovado. Fabio Cannavaro é o único defensor a ter ganho o prêmio.
O inesquecível Lothar Matthaus ganhou o título como um meio-campista em 1991 e depois Zinedine Zidane venceu, mas Matthaus foi muito mais ofensivo de espírito. Ambos foram melhores do mundo antes da era digital. Oliver Kahn e Manuel Neuer já estiveram entre os melhores, mas para encurtar a história: apenas os jogadores que marcam gols podem ser coroados o melhor jogador do ano.
Claro, o momento em que a bola bate na rede, isso é fascinante para os torcedores. Nosso esporte precisa de atacantes letais, artilheiros, heróis. Mas o futebol é muito mais do que o momento de triunfo. O futebol é um trabalho em equipe, unidade, defesa, assistências, sacrifício.
Eu acredito que quando um prêmio sai das mãos da Fifa, ele não deve ser uma honraria de marketing que apenas exalta os protagonistas de esporte. Talvez não deva haver um prêmio individual em um esporte de equipe e sim quatro prêmios individuais para melhor goleiro, melhor defensor, melhor meio-campista e melhor atacante ao invés disso.
Isso é porque eu não acho que uma pessoa possa ser o melhor jogador do mundo. Em 2015, Lionel Messi é o vencedor merecido para o prêmio de melhor atacante do mundo. Parabéns, Lionel Messi!”
Globo Esporte