Juíza alerta para situação financeira gravíssima e fala em fim do Guarani

19/03/2015 00h00 - Atualizado há 4 anos

A crise financeira do Guarani é tão preocupante que alguns pensam no pior. Responsável pela consolidação dos processos trabalhistas na Justiça, a juíza Ana Claudia Torres Vianna mostrou ceticismo ao analisar a situação do clube. Para ela, o Bugre passa por um momento gravíssimo e, se não encontrar alternativas para quitar as dívidas com o próprio patrimônio, corre o risco de fechar as portas.

– A situação do Guarani é gravíssima. Se não conseguir a alienação do estádio, existem caminhos dolorosos, que passam pelo fim do clube e o começo de uma nova história, até com outra marca. Não descarto nenhum caminho. O que não vou permitir é que se venda o estádio por qualquer proposta – afirmou a magistrada, durante o leilão do Brinco de Ouro, nesta quarta-feira.

O exemplo usado pela juíza é a Fiorentina, tradicional clube da primeira divisão da Itália que fechou as portas em 2002, após crise financeira (dívidas de 22 milhões de euros, suficientes para entrar em falência). O time de Florença foi rebaixado, nasceu com outro nome e precisou subir até a elite novamente em campo. Hoje, tem situação estável. Pode ser o caminho adotado pelo Guarani.

A hasta pública desta semana mostrou que o Bugre viverá momentos turbulentos nos próximos dias.Está marcada para 30 de março uma audiência pública entre o clube, representantes da Prefeitura de Campinas e os três grupos que fizeram ofertas no leilão desta quarta (pólo liderado pela Gold Business, Lances Negócios Imobiliários e MMG Consultoria & Assessoria Empresarial).

A maior oferta é do grupo formado por Gold Business e outras duas empresas, todas ligadas a investidores de Jaboticabal. Eles oferecem R$ 70 milhões parcelados em 120 vezes e prometem uma contrapartida ao Guarani (mas não dizem qual). O advogado Bruno Martins Lucas, que representa a firma, admite até elevar o valor caso haja um consenso entre prefeitura, clube e poder judiciário

As demais ofertas são de R$ 65 milhões da Lances Negócios Imobiliários (parcelados em 24 vezes) e R$ 57 milhões da MMG Consultoria (R$ 46 milhões à vista, mais 60 parcelas a partir de agosto e condicionantes). À primeira, interessa construir um pólo residencial, enquanto a intenção da segunda é incerta. Surpreso com a inclusão da MMG no leilão, uma vez que não há mais conversas com o empresário e ex-parceiro Roberto Graziano, Horley Senna promete dificultar as ações.

– Estou preocupado ainda. Se lá (Justiça Federal) foi anulado por R$ 45 milhões, não entendo como aqui (Justiça Trabalhista) foi aceita uma proposta no mesmo valor quase. Só que vamos tomar as medidas cabíveis. Independente das propostas, a decisão do Guarani é embargar, não importa quem tenha feito a proposta – afirmou o cartola.

Com ou sem anuência do clube, a magistrada promete intervir ao máximo para regularizar as contas do Guarani. Fala-se no prazo de um ano para resolver as contas e reiniciar a história do clube do zero, sem estádio e, talvez, com outro nome. Caso o leilão do Brinco de Ouro não dê resultados, a marca do Bugre será o próximo alvo da Justiça.

– O Guarani está sob intervenção, só não depositou os valores aqui. Desde a audiência no dia 3, tem que me dar 50% da renda dele. Só que como o leilão estava previsto, não marquei datas para prestar contas. O caminho é fazer um leilão novamente e seguir o que já era previsto. Ou até tomar outras providências, como penhorar renda, entrar na marca do Guarani.

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