Gabigol é acusado de fraudar exame antidoping. Pode pegar quatro anos de suspensão. Flamengo desiste de negociar renovação
O atacante não cumpriu os protocolos de um exame antidoping de surpresa no Flamengo, em abril. A denúncia foi feita ontem. Ele corre o risco de ser suspenso por até quatro anos. Flamengo trava conversa sobre renovação
O processo de tentativa de antecipação de renovação com Gabigol foi travado.
A inesperada e fortíssima denúncia de que o jogador tentou fraldar um exame antidoping de surpresa, feito pela Justiça Desportiva Antidopagem, chacoalhou os bastidores da Gávea.
O caso ocorreu no dia 8 de abril, mas só foi denunciado oficialmente no último dia 21.
O Flamengo e o jogador foram avisados que haverá o julgamento do atacante pelo Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem.
Gabigol será denunciado por infração ao artigo 122 do Código Brasileiro Antidopagem, que se refere a "fraude ou tentativa de fraude de qualquer parte do processo de controle".
A pena máxima é de quatro anos!
O Flamengo foi notificado em maio.
O escritório do advogado Bichara Neto tratou de defender o jogador.
Mas sua defesa não foi o suficiente para evitar a denúncia.
O que aconteceu?
No dia 8 de abril, foi feito um exame-surpresa no Ninho do Urubu, concentração do Flamengo. As amostras de urina dos atletas começaram a ser recolhidas às 8h40.
Todos os jogadores colaboraram.
Menos Gabigol.
O exame tem de ser feito com um representante antidopagem para ser validado.
Gabigol se recusou a fazer o exame antes do treinamento. O ideal é duas horas sem ter praticado exercício nenhum. O jogador treinou. Almoçou. Desprezou os fiscais. E depois pegou um vaso coletor, foi para o banheiro. Reclamou veementemente que um fiscal o estivesse acompanhando.
E depois devolveu o vaso coletor aberto, o que já é irregular.
O tempo a mais de Gabigol também é considerado uma irregularidade.
Horas podem ser importantes para uma substância desaparecer do corpo, alegam especialistas.
Ou seja, a atitude de Gabigol é passível de julgamento.
E de punição.
Gabigol recebeu a denúncia por "tentativa de fraude", no dia 30 de maio.
O departamento jurídico do clube tentou repassar a culpa aos fiscais.
Mas a argumentação não foi aceita.
O escritório do advogado Bichara Neto se envolveu na questão, mas ela evoluiu e se tornou uma acusação formal.
O procurador de Justiça Desportiva Antidopagem, João Guilherme Guimarães Gonçalves, foi claro na denúncia.
"A própria tentativa de esconder a sua genitália no momento da coleta de urina configura uma tentativa de fraudar uma fase do exame."
O atacante respondeu à acusação à imprensa, em nota oficial.
"O jogador do Flamengo vem a público confirmar que o exame foi realizado e o resultado apurado já deu negativo. Diante de tal informação, não há nada que possa ferir ou infringir as normas protocolares. Reiteramos que, em nenhum momento, o atleta tentou fraudar o exame.
"Seguimos à disposição para quaisquer esclarecimentos.
"Att, estafe Gabigol e família."
A resposta foi dada ao GE.
A situação de Gabigol está longe de ser confortável.
Há substâncias que só são flagradas no início da manhã.
Como o hormônio do crescimento.
Ele tinha de ter feito o teste logo antes do treinamento.
O que o jogador fez pode ser interpretado como sabotagem ao exame antidoping.
Os próximos passos?
Gabigol terá de apresentar sua defesa.
Ou ao Tribunal de Justiça Antidopagem ou à Corte Arbitral de Esporte, na Suíça, já que é considerado um jogador "internacional" por ter atuado na seleção brasileira.
O risco de suspensão é muito sério.
Daí a direção do Flamengo não mais seguir na negociação para a antecipação de renovação do contrato do jogador, que pedia R$ 54 milhões de luvas e mais R$ 2,8 milhões para ficar na Gávea até dezembro de 2028.
O julgamento no Brasil não foi marcado.
O estafe do jogador e o Flamengo ainda estudam o que fazer para defender o atleta.
COSME RÍMOLI | Do R7