Frente Nacional Antirracista apresenta projetos para o futebol à CBF
Grupo de lideranças negras tem reunião com dirigentes da entidade para propor medidas contra o racismo no futebol.
Representada por líderes de diferentes movimentos negros, a Frente Nacional Antirracista esteve na sede da CBF no último dia 15 para apresentar programas de combate ao racismo no futebol brasileiro. O grupo se reuniu com o Presidente da CBF, Rogério Caboclo, e foi liderado por dois dirigentes da Central Única das Favelas (CUFA): Preto Zezé, Presidente da entidade, e Celso Athayde, Fundador da organização.
Além dos integrantes da CUFA, o grupo contou ainda com as presenças de: Laura Astrolabio, da Tenda das Candidata; Geraldo Coelho, da Frente Favela Brasil; Marcelo Santos, do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP); Anderson Quack, da Fundação Zundara; Claudia Vitalino, da UNEGRO e Vitor Del Rey, do Instituto Guetto. Durante a reunião com o Presidente da CBF, foram apresentadas ideias de ações para o combate do racismo no futebol, como campanhas publicitárias, ações afirmativas para a inclusão de negros no mercado de trabalho do futebol e projetos de formação antirracista, entre outras medidas.
Durante a pandemia da Covid-19, a CBF promoveu a Seleção Solidária, iniciativa social de jogadores e comissão técnica da Seleção Brasileira que, em conjunto com a Confederação, doou cerca de R$ 5 milhões para ajudar famílias desamparadas pela doença. A doação foi realizada através das entidades Ação da Cidadania, Transforma Brasil e pela Central Única das Favelas (CUFA), ajudando o sustento de mais de 32 mil famílias.
"Já é um privilégio termos trabalhado juntos, já temos alguns gols feitos e certamente faremos outros. Pode contar com nosso apoio. Tenho certeza que os nossos trabalhos vão evoluir rapidamente", afirmou o Presidente da CBF, Rogério Caboclo.
Antes de falar sobre a reunião desta terça-feira, o Presidente da CUFA também reforçou a importância de ter uma entidade como a CBF ao lado, ainda mais em momentos tão delicados como os últimos meses.
"Foram dois momentos importantes para nós. Quero agradecer este reconhecimento, este carinho. A CBF esteve com a gente no pior momento da humanidade, principalmente atendendo setores que estavam totalmente vulneráveis, sem amparo nenhum, mobilizando jogadores, atletas de toda a sua rede para fazer um movimento de ajuda em escala para o país inteiro. A CUFA foi a interface entre pessoas que precisam e a CBF. Fizemos um gol de placa na cidadania e um gol de placa na sociedade. Hoje ser recebido na CBF desta forma nos deixa cheios de orgulho. Estamos em mais de cinco mil favelas, ajudando mais de nove milhões de pessoas, e a CBF é parte desta vitória", declarou Preto Zezé.
Um dos doadores da Seleção Solidária, o técnico Tite, da Seleção Brasileira, participou do encontro com os representantes da Frente Nacional Antirracista. Em fala direcionada aos dirigentes da CUFA, Tite agradeceu pela possibilidade de fazer a diferença com a Seleção Solidária.
"Vocês nos fizeram representar, eu me senti uma pessoa melhor, na medida que nós conseguimos, de alguma forma, contribuir, junto com tantas outras pessoas, para ter um pouquinho mais de igualdade social, para ter um pouquinho mais de oportunidades. Isso me deixa muito feliz e gratificado", disse o treinador da Seleção Brasileira.
A reunião também contou com a participação do Secretário-Geral da CBF, Walter Feldman, e da Coordenadora de Competições Femininas, Aline Pellegrino. Ao Presidente Rogério Caboclo, foi entregue um manifesto assinado pelas mais de 500 instituições e fundações que compõem a Frente Nacional Antirracista. Fundador da CUFA e ex-Presidente da entidade, Celso Athayde destacou o simbolismo que tem ser recebido desta forma na Casa do Futebol Brasileiro.
"Essa reunião é histórica. A gente está vindo de uma sequência de sucesso, temos recebido uma resposta positiva da sociedade. Normalmente a gente só reclama, coloca uma agenda muito de preocupação pelo olhar do asfalto. Mas, na verdade, quando a gente reclama, quando a geste questiona, é por conta de uma necessidade. E nesse momento a compreensão passa a ser outra, não de questionamento, mas de construção de uma nova política nacional em relação aos outros segmentos. Com o presidente nos recebendo e abraçando nossa agenda, isto sinaliza para a sociedade que o esporte, quando a gente percebe que instituições sérias como a CBF, importantes, que abraçam essa bandeira, a gente começa a quebrar uma serie de estigmas e construir novas identidades a partir destas manifestações", frisou Celso Athayde.
Após a reunião, o Presidente da CBF presenteou Preto Zezé e Celso Athayde com placas de reconhecimento pelo trabalho realizado contra o racismo na sociedade brasileira. Os dois ainda receberam uniformes personalizados da Seleção Brasileira.
Confederação Brasileira de Futebol