Em prova perfeita, Arthur Nory é CAMPEÃO MUNDIAL na barra fixa no Mundial de Ginástica Artística

15/10/2019 00h00 - Atualizado há 4 anos
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Divulgação

A Ginástica Artística do Brasil fechou de forma emocionante sua participação no Campeonato Mundial de Stuttgart (ALE) neste domingo (13). Com uma atuação perfeita, Arthur Nory ficou com a medalha de ouro na barra fixa. Foi a 14ª medalha do Brasil na história dos Mundiais da modalidade. O último dia da competição também teve a presença de Flavia Saraiva em duas finais. No solo, por apenas um décimo ela ficou fora do pódio, terminando em quarto lugar, enquanto na trave terminou na sexta colocação.

A barra fixa foi o último aparelho que foi disputado neste domingo. Quinto a se apresentar, Arthur Nory entrou confiante na final, após ter tirado a nota 14,600 no qualificatório, a quarta melhor entre os finalistas. O brasileiro fez uma prova perfeita e sai do aparelho vibrando muito. Ao ver a nota 14,900, Nory viu que a chance de uma medalha era muito grande. Quando o australiano Tyson Bull tirou apenas 13,200, ele sabia que já tinha garantido ao menos a prata. Mas quando o americano Samuel Mikulak teve apenas 14,066, Nory se ajoelhou emocionado, comemorando o ouro inédito.

“Foi incrível, nem sei o que dizer. Só tenho a agradecer ao meu treinador [Cristiano Albino], toda nossa equipe multidisciplinar, à CBG, à Caixa que é nosso patrocinador, ao pessoal do Pinheiros, todo mundo que batalha comigo todo dia e sabe como foi um ano puxado, onde trabalhamos bastante. Alcançamos o objetivo de classificar o Brasil para a Olimpíada por equipe, e agora ter chegado para disputar esta final de barra”, disse Nory. Ele também falou sobre sua relação com a barra fixa, aparelho que o consagrou neste Mundial.

“Não é de agora que eu tenho conseguido bons resultados na barra. Fui quarto do mundo em 2015 e aquele resultado ficou engasgado na minha garganta. Comecei a trabalhar bastante, visando dificultar minha série na barra para a Olimpíada do Rio. Já venho trabalhando todo dia neste aparelho, para que possa evoluir, até porque o foco agora é 2020”, disse o campeão mundial, que comentou sobre os momentos que antecederam sua prova neste domingo.

“Treinei a semana inteira essa série, porque queria ganhar esta medalha, ir para cima, fazer o meu melhor. Era o quinto a me apresentar e os melhores estavam na minha frente e fomos vendo a nota. Olhei para o Cristiano e ele disse que a decisão de qual série fazer era minha, mas que me apoiava 100%. Decidi fazer aquela série da forma mais perfeita possível. Aí teve toda a expectativa até o final. Quando vi que estava garantido no pódio, fiquei aliviado e depois foi a felicidade de sair o resultado”, afirmou Nory.

Para o treinador Cristiano Albino, a série que deu o ouro à Arthur Nory já vinha sendo trabalhada há algum tempo. “A gente já estava planejando executar uma série de barra muito boa aqui no Mundial. O Nory já tinha ido muito bem no Pan e para Stuttgart, tínhamos preparado duas séries: uma mais forte e outra nem tanto. Dependendo dos adversários, iríamos escolher. Ao analisar os competidores que entraram antes dele, chegamos à conclusão que não precisaria fazer a série mais difícil, que é mais arriscada. Assim, ele poderia fazer a série com a qual competiu mais, no Brasileiro, Sul-Americano e Pan-Americano. Ele vem crescendo bastante com esta série, foi muito boa a execução. O objetivo da nota era entre 14,800 e 15,100 e ficou na média. Muito feliz com esse resultado inédito para a Ginástica do Brasil”, explicou.

Flavia Saraiva fica a um décimo do pódio

Faltou muito pouco para que Flavia Saraiva não saísse da Alemanha também com uma medalha. Na final do solo, a brasileira terminou em quarto lugar, com a nota 13,966, um décimo abaixo da russa Angelina Melnikova, que ficou com o bronze. O ouro foi da favorita Simone Biles (EUA). Na final da trave, Flavia sofreu uma queda e terminou na sexta posição, com 13,400. A brasileira analisou suas provas neste domingo.

“Gostei muito das minhas apresentações. Tive uma falha na trave, mas isso acontece. Agora é voltar para casa e treinar mais. Sobre o solo, é aquilo que falei, cada décimo conta. Mas cada competição é uma história diferente. O importante é que Tóquio está chegando aí, já estou com a vaga olímpica garantido e tem muita coisa para melhorar e vamos focar nesta preparação com muita força”, afirmou Flavia.

Balanço do Mundial

O Coordenador Geral da CBG (Confederação Brasileira de Ginástica), Henrique Motta, fez um balanço positivo da participação do Brasil no Campeonato Mundial de Stuttgart.

“Saímos daqui com seis finais individuais, que é o melhor resultado do país em um Mundial pré-olímpico. Em provas individuais, voltamos a ser campeões, o que não acontecia desde 2013 e agora subimos ao lugar mais alto do pódio no último Mundial antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio”, disse Motta, que também lembrou da presença brasileira já assegurada na próxima Olimpíada.

“Teremos as duas modalidades presentes, com a equipe completa do masculino e a Flavia Saraiva pelo individual geral no feminino. A Flavia, inclusive, chegou aqui na Alemanha a três finais individuais, o que é um recorde entre as mulheres do Brasil em campeonatos mundiais. Estes resultados reforçam o nosso trabalho para que a Ginástica seja um dos maiores esportes do país. Diariamente, todas as áreas da Confederação atuam incansavelmente para que no final os atletas possam fazer sua melhor performance. E é muito gratificante quando a medalha de ouro concretiza tudo isso. O Nory é um atleta que já tem uma medalha olímpica no solo e agora conquista um Mundial na barra fixa. Isso nos deixa cheio de energia para continuar em busca de fazer o melhor pelo nosso esporte”, completou o Coordenador Geral da CBG.

Para Luciene Resende, presidente da CBG, a medalha de ouro de Arthur Nory reforçou o trabalho realizado pela entidade no desenvolvimento da modalidade em todo o Brasil.

“Estamos muito felizes. Terminar um Mundial pré-olímpico no lugar mais alto do pódio, escutando o hino nacional, é uma emoção indescritível. No último aparelho, no último dia, conseguimos ser campeões mundiais, o que nos enche de energia e reforça todo o trabalho que estamos desenvolvendo à frente da Ginástica Brasileira. Uma Ginástica que se acostumou a grandes conquistas, a grandes resultados, o que torna a responsabilidade e a cobrança maiores ainda. Mas sabemos que a continuidade de um trabalho sério e em equipe, não tem outro resultado, senão a vitória. Quero parabenizar aos atletas, técnicos, árbitros, equipe multidisciplinar, ao COB, as Federações Estaduais, aos clubes, ao nosso patrocinador master Caixa Econômica Federal, e a nossa equipe de trabalho da Confederação”, afirmou.

“Fizemos um grande Mundial, conseguimos as vagas olímpicas, alcançamos seis finais, um recorde num evento pré-olímpico. Não trabalhamos em função de medalhas nos eventos, e sim em conquistar o maior número de finais, o que aumenta logicamente as oportunidades de medalhar, e isso foi atingido aqui. Estamos vindo de dois Jogos Olímpicos consecutivos com medalhas. Em números absolutos, fomos um dos esportes com maior número de medalhas conquistadas na Olimpíada Rio 2016. Nos Jogos Sul-Americanos de 2018, fomos o esporte que mais conquistou medalhas, e no Pan-Americano de Lima, a Ginastica Brasileira foi o segundo esporte a contribuir com mais medalhas para o Time Brasil. A Ginástica Brasileira se tornou um esporte vencedor”, concluiu Luciene Resende.

Todas as medalhas do Brasil nos Mundiais de Ginástica Artística

Medalha de ouro

Daiane dos Santos – solo – Anaheim (EUA)/2003

Diego Hypólito – solo – Melbourne (AUS)/2005

Diego Hypólito – solo – Stuttgart (ALE)/2007

Arthur Zanetti – argolas – Antuérpia (BEL)/2013

Arthur Nory – barra fixa – Stuttgart (ALE)/2019

Medalha de prata

Daniele Hypólito – solo – Ghent (BEL)/2001

Diego Hypólito – solo – Aarhus (DIN)/2006

Arthur Zanetti – argolas – Tóquio (JAP)/2011

Arthur Zanetti – argolas – Nanning (CHN)/2014

Arthur Zanetti – argolas – Doha (QAT)/2018

Medalha de bronze

Jade Barbosa – individual geral – Stuttgart (ALE)/2007

Jade Barbosa – salto – Roterdã (HOL)/2010

Diego Hypólito – solo – Tóquio (JAP)/2011

Diego Hypólito – solo – Nanning (CHN)/2014

 

O Brasil no Mundial de Ginástica Artística

Equipe feminina

Flávia Saraiva (Flamengo/RJ)

Jade Barbosa (Flamengo/RJ)

Lorrane Oliveira (Flamengo/RJ)

Thais Fidelis (Cegin/PR)

Leticia Costa (Fluminense/RJ)

Isabel Barbosa (Pinheiros/SP) – reserva

Treinadores

Valeri Liukin

Francisco Porath Neto

Iryna Ilyashenko

Chefe de equipe

Juliana Fajardo

Equipe masculina

Arthur Zanetti (SERC/SP)

Arthur Nory (Pinheiros/SP)

Caio Souza (São Bernardo/SP)

Francisco Barreto (Pinheiros/SP)

Lucas Bittencourt (Minas Tênis Clube/MG)

Leonardo Mateus de Souza (Minas Tênis Clube/MG) – reserva 1

Tomás Rodrigues Florêncio (Sogipa/RS) – reserva 2

Treinadores

Marcos Goto

Cristiano Albino

Ricardo Yokoyama

Chefe da equipe

Leonardo Finco

Chefe de delegação

Henrique Motta

Confederação Brasileira de Ginástica