Eliminado, Medina diz que rival forçou interferência e discorda de decisão

12/03/2015 00h00 - Atualizado há 4 anos

Gabriel Medina demorou a digerir a polêmica eliminação para o irlandês Glenn Hall na terceira fase da etapa de Gold Coast, na Austrália, que abre o Mundial de Surfe. O brasileiro perdeu a bateria após os árbitros o penalizarem por “interferência” - quando um atleta atrapalha o rival que está com a prioridade. No lance da sua eliminação, o atual campeão mundial tentou pegar uma onda, mas Glenn, que possuía a prioridade no momento, também remou para ela. Ao ver o adversário, o brasileiro até tentou recuar, mas Hall acabou se jogando da prancha e os árbitros da WSL entenderam que Medina o atrapalhou.

Chateado com a derrota, Gabriel foi direto para o hotel onde está hospedado minutos depois. Após cerca de uma hora, no entanto, retornou para comentar o ocorrido. Na entrevista à transmissão ao vivo da WSL (Liga Mundial de Surfe), ele discordou da decisão dos árbitros e ainda fez críticas à organização do evento pela sequência de dez dias sem “lay days”. Em determinado momento, ao revelar que foi xingado pelo rival, acabou soltando um palavrão ao vivo: Se Glenn mandar eu me f**** mais uma vez dentro da água, vou ensiná-lo uns palavrões brasileiros, disse, sendo interrompido no meio pelo repórter, que retirou o microfone de perto. À imprensa brasileira, o paulista repetiu as reclamações:

- Não toquei nele. Não aconteceu nada. Não cheguei a tocar nele. Eu entrei na onda antes dele subir, mas deram interferência. Se não fosse a interferência, eu teria vencido. Não concordei com a decisão. Tem uma nova regra que fala que com você prioridade não pode sentar lá embaixo do pico. No caso que aconteceu eu estava mais fora e remei na onda mais para fora do pico. E quando subi, ele estava mais embaixo e me bloqueou. E a regra é: você tem que surfar essa onda para não dar essa intenção de bloquear e não ficar muito longe do pico. E foi o que aconteceu na minha bateria. Eu não entendi essa regra ainda. Espero que expliquem melhor – disse.

O irlandês admitiu que os dois se estranharam dentro dágua mas minimizou:

- Nós trocamos algumas palavras dentro d’água, mas não foi nada pessoal – garantiu Glenn.

Em seguida, ao comentar o lance em que foi punido, Gabriel disse acreditar que o irlandês se jogou de propósito para induzir os juízes a concluírem que foi uma “interferência”.

-  Ele forçou sim. Não vi as imagens, mas tenho certeza que ele deve ter se jogado, deve ter fingido que caiu para forçar a interferência. Vou tirar minhas conclusões - afirmou.

No entanto, horas depois, o brasileiro voltou à praia de Snapper Rocks, conversou com membros da organização e amenizou a repercussão de suas críticas. Em seguida, cumprimentou amigavelmente o algoz Glenn Hall, colocando um ponto final em qualquer desavença com o irlandês.

Antes, Gabriel havia reclamado que a pouca melhora das condições do mar nesta quinta-feira não justificava a organização da WSL ter decretado dez dias seguidos sem competição e ter estendido a janela por mais dois dias:

-  Erraram. A gente esperou dez dias para entrar onda, teve onda nesses dez dias, uns dois ou três dias. Erraram no “call”. A gente estendeu dois dias para pegar onda assim. Já tinha onda assim alguns dias atrás. Espero que ele melhore no call.

Por fim, Medina lamentou a eliminação precoce e disse que agora focará na próxima etapa, no mês que vem em Bells Beach, também na Austrália.

- Derrotas acontecem. É do esporte. Tem campeonato que você ganha, tem campeonato que você perde. É preciso estar preparado mentalmente. Eu sei lidar com isso. Foi assim que cresci e estou aí até hoje. Se não fosse a interferência, eu teria vencido. Agora é pensar em Bells. Foi o primeiro de dez etapas. Há muita coisa para rolar ainda. Espero me dar bem no próximo evento.

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