Daniel Nascimento brilha em Seul e quebra recorde histórico da maratona

20/04/2022 08h08 - Atualizado há 2 anos

Aos 23 anos, o corredor paulista obteve 2:04:51 ao completar os 42,195 km em terceiro lugar. Ele superou as marcas brasileira e sul-americana, que pertenciam a Ronaldo da Costa, desde 20 de setembro de 1998, quando tinha menos de 2 meses de vida

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Daniel Nascimento quebra recorde de Ronaldo da Costa (Foto: Wagner Carmo/CBAt)

Daniel Ferreira do Nascimento tinha menos de dois meses de vida, quando Ronaldo da Costa bateu o recorde mundial da maratona no dia 20 de setembro de 1998, em Berlim, Alemanha. Agora, aos 23 anos, Danielzinho, como é conhecido, superou a marca de 2:06:05 do ídolo mineiro e estabeleceu os recordes brasileiro e sul-americano ao completar com a medalha de bronze a Maratona de Seul, com 2:04:51, na manhã de domingo (17/4) na Coreia do Sul, e noite de sábado (16/4) no Brasil.

Foi uma façanha e tanto para um atleta que disputou apenas a quarta prova de 42,195 km da carreira. E logo numa das principais maratonas do mundo, com participantes excelentes e integrante do restrito circuito Platinum da World Athletics. É o primeiro não-africano na lista dos melhores do mundo.

Nascido a 28 de julho de 1998, na cidade de Paraguaçu Paulista (SP), o atleta da Noroeste Runners (RS), equipe baseada em Ijuí, Daniel estreou em maratonas em maio de 2021, quando venceu a prova de Lima, Peru, assegurando qualificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio, com o tempo de 2:09:04.

Em Seul, enfrentando 12 atletas com tempos mais rápidos do que ele – o seu recorde pessoal era de 2:06:11, alcançado na Maratona de Valência em dezembro -, Daniel só foi superado pelos etíopes Mosinet Geremew (2:04:43) e Herpasa Negasa (2:04:49). O brasileiro cruzou a linha de chegada à frente do pelotão queniano que tinha, por exemplo, os quenianos Mark Korir (4° com 2:06:54), Moises Kibet (5° com 2h06:55), Philemon Rono (6° com 2:07:03) e Felix Kepchirchir (7° com 2:07:18).

Com o número de peito "10", largou com 6º C e 85% de umidade do ar, passou a marca dos 10 km com 29:20; os 15 km com 43:58; os 20 km com 58:44 e os 30 km com 1:27:54. A partir do 35 km, o pelotão se desfez com os dois etíopes tomando a liderança, seguido pelo brasileiro em terceiro lugar. No quilômetro 37, Danielzinho reagiu e encostou nos dois líderes correndo em bloco até o final, chegando a apenas 8 segundos do campeão.

"Foi uma atuação de gala, de um maratonista experiente", comentou o treinador Jorge Luiz da Silva, o Jorginho, que assumiu a preparação do atleta no início deste ano. "Nosso foco é a evolução de sua marca pessoal até os Jogos de Paris-2024."

Jorginho, que está no Rio de Janeiro, conversou com Daniel logo depois da prova. "Ele estava comemorando muito o resultado e os recordes. Estava extremamente feliz. Por questões sanitárias, ainda em função da pandemia, teve de retornar logo para o Quênia, onde mora e treina", lembrou. "Agora é comemorar essa marca histórica para o Brasil, descansar um pouco e fazer novo planejamento."

A princípio, Daniel, que já está qualificado, deve participar do Campeonato Mundial do Oregon, nos Estados Unidos, de 15 a 24 de julho. "Tudo, porém, só será definido após várias considerações importantes", disse Jorginho, que trabalhou com grandes maratonistas como Ronaldo da Costa e Frank Caldeira.

Daniel Ferreira do Nascimento é muito conhecido no atletismo brasileiro, com excelentes resultados nas categorias de base, demonstrando sempre grande talento. No último dia 31 de dezembro, conquistou o segundo lugar na tradicional Corrida Internacional de São Silvestre, em São Paulo.

O brasileiro deu uma grande volta por cima na carreira, depois de passar 2019 um bom tempo trabalhando no corte de cana e arrancando mandioca em Paraguaçu Paulista, cansado de tratar de uma lesão do pé. Ele voltou de forma ascendente, surgindo como uma grande esperança para a Olimpíada de Paris e com o objetivo de quebrar novos recordes.

CBAt