Da corrente à lona no 6 a 0: em cacos, Vasco desaba no frio de Porto Alegre
Minutos antes de o aquecimento começar, Rodrigo reuniu o grupo. O zagueiro de 35 anos, um dos líderes do elenco, falou alto no meio dos jogadores - entre titulares e reservas. Um coachprofissional foi contratado para recuperar a moral do elenco diante das dificuldades da reação para escapar a zona de rebaixamento. A corrente no meio do campo indicava uma postura de luta para o início da partida contra o Internacional na noite desta quarta-feira, em Porto Alegre. Mas o gol de Ernando, sozinho na área, aos 10 minutos, foi o primeiro golpe no Vasco. E parecia um nocaute.
O técnico Jorginho admitiu a dificuldade do grupo em recuperar forças em meio à luta árdua contra o rebaixamento. Todos indicativos hoje são desfavoráveis ao Vasco e cada um pesa na postura da equipe e nas partidas. Lulinha Tavares, motivador com experiência em clubes de futebol em condições desfavoráveis, tentou ajudar o grupo, mas com apenas dois dias de trabalho viu o quanto o elenco vascaíno acusa o golpe a cada gol. No Beira-Rio foram seis. Um no início do primeiro, mais dois no início da segunda etapa.
- Você realmente pensa em se entregar, mas não pode, de jeito nenhum. É difícil, dói muito realmente, tomar de seis é como se perdesse alguém da família. A gente sabe a responsabilidade que é, o nome do Vasco, mas precisamos reagir, o mais importante é que a gente reconheça, sinta a dor realmente com os gols que nós sofremos, que a gente possa reagir aquilo que estava errado - disse Jorginho, que pediu desculpas aos torcedores e se disse indignado e envergonhado com o resultado.
Os gols despertaram reações dentro e fora de campo. A pequena torcida vascaína no Beira-Rio tentou cantar no início do jogo, mas logo se encolheu e sofreu no frio porto-alegrense. Na beira do campo, o vibrante Jorginho aos poucos sucumbiu. Os gols do Inter iam saindo e o treinador tentava resistir de pé. No quarto gol, ainda chamou Riascos para dar instruções. No quinto, abaixou a cabeça e andou para trás, na direção de Zinho. De volta à beira do campo, ficou inerte, com as mãos no bolso, quase esperando o fim da partida.
Em campo, houve soluço de nervosismo e quase choro do jovem goleiro Jordi, além de princípios de discussões entre os jogadores. Rodrigo gritou com Christiano no primeiro gol, que esbravejou no segundo e ouviu de Andrezinho de volta. O resultado derrubou o Vasco, mais uma vez, e deixou o grupo desnorteado.
Ex-vascaíno, Nilton, que jogou quatro anos em São Januário, conversou com Luan ao final do jogo e tentou levantar a cabeça do jovem zagueiro vascaíno. Ele passou por condição semelhante quando atuava no Corinthians, que caiu para a Segundona em 2007.
- Falei com o Luan que eles ainda podem reverter isso. O Vasco não merece, eles não merecem. Sei o que eles estão sofrendo, mas não pode desistir ou baixar a cabeça. É difícil, mas o Vasco tem condições de se recuperar. Tenho muito carinho pelos torcedores e espero que a coisa consiga se reverter - disse o volante do Inter, que, ironicamente, marcou seu primeiro gol com a camisa colorada contra o ex-time.
Fonte: Globo Esporte