Condenado a nove anos por estupro na Itália, Robinho segue livre no Brasil. Pensa até em voltar a jogar. Pela Portuguesa Santista
Robinho tem total confiança que, apesar do pedido da justiça italiana, não cumprirá os nove anos de prisão, por estupro coletivo de uma mulher em 2013, em Milão. Nem na Itália e muito menos no Brasil
Mesmo condenado a nove anos de prisão na Itália, por estupro coletivo, ele se mostrava tranquilo, alegre, no estádio Ulrico Murcia, sábado passado, dia 5 de janeiro.
Ele se mostrou em forma.
Porque passeia de bicicleta, corre e joga futevôlei nas praias de Santos.
Com toda a liberdade.
Está tão confiante que a condenação não será cumprida no Brasil, que até deu entrevista, situação que fugia há anos.
A situação atual de Robinho é simples.
O jogador foi condenado pela justiça italiana a nove anos de cadeia e multa de 60 mil euros, cerca de R$ 321 mil.
Por uma agressão sexual a uma italiana de origem albanesa, no dia 22 de janeiro, na boate Sio Café, em Milão. Ele e mais cinco homens teriam estuprado a mulher de 22 anos, que estava embriagada.
Foi julgado, e condenado, definitivamente, em janeiro de 2022.
Não cabe mais recursos na Itália.
O que acontece é que Robinho está no Brasil e não há acordo de extradição. Os cidadãos nascidos neste país não podem ser extraditados para cumprirem crimes em outros países.
A Justiça Italiana fez um pedido formal para que o jogador cumprisse a pena no Brasil.
O Ministério Público brasileiro também quer que a punição aconteça.
Só que a legislação é dúbia.
Têm permitido várias interpretações.
Robinho contratou advogados especialistas na complicada questão.
Três deles são primos do vice-presidente Geraldo Alckmin.
José Eduardo Rangel de Alckmin, José Rangel de Alckmin, Paulo Chaves de Alckmin, além de Rodrigo Otávio Barbosa de Alencastro e Pedro Júnior Braule Pinto.
O Superior Tribunal de Justiça analisará ainda este ano se Robinho cumprirá a sentença no Brasil ou não.
Há muita divisão entre os advogados.
Robinho estaria confiante por conta do Tratado de Cooperação Judiciária entre Brasil-Itália. Ratificado pelo Congresso por meio do Decreto Legislativo nº 78/1992, de 20 de novembro de 1992, e promulgado pelo Presidente da República mediante o Decreto nº 862/1993.
"Nele não está mencionado o cumprimento de pena privativa de liberdade como hipótese de extradição executória.
Com efeito, o artigo 1.3 do Decreto nº 862/1993, que trata do Objeto da Cooperação, não prevê tal possibilidade: “Artigo 1 (…) 3. A cooperação não compreenderá a execução de medidas restritivas da liberdade pessoal nem a execução de condenações", como escreveu o procurador de justiça do Ministério Público, Fernando Capez, em um artigo para o site Consultor Jurídico.
É esta interpretação que tem animado os advogados de Robinho.
A ponto de o atleta passar a viver tranquilamente no litoral paulista.
A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça dará sua palavra final sobre o caso ainda este ano.
Mas Robinho demonstra cada vez mais confiança que não cumprirá a pena.
Basta seguir vivendo no Brasil.
Seu nome está na Interpol, como condenado, e não pode viajar para o Exterior, correndo o risco de ser extraditado para a Itália.
Mas ser livre por aqui já garante uma ótima vida.
Ele é milionário, por conta do dinheiro que ganhou jogando futebol.
Perguntado, no sábado, se voltaria a jogar, caso a Portuguesa Santista o convidasse, ele riu.
Disse que estava mais preocupado com a forma física, já que fará 40 anos daqui a duas semanas.
"Sempre se cuidando. Se precisar tâmo aí. Meu objetivo é cuidar da família, e graças a Deus as coisas têm caminhado bem, então não estou pensando muito no futebol não. Venho aqui só para me divertir, mas agradeço o carinho."
O radialista Walter Dias insistiu em perguntar se ele voltará a jogar. E pela Portuguesa Santista.
"Condições a gente tem. O presidente (Sérgio Schlicht) é uma ótima pessoa, nós temos um ótimo relacionamento. Ele sempre abre as portas para mim quando eu faço um treino aqui e venho me divertir com a rapaziada. Quem sabe no futuro?"
Ou seja, não mostrou a mínima preocupação com uma eventual pena de nove anos preso.
A Portuguesa Santista ganhou a Copa Paulista de 2023. E vai disputar a Copa do Brasil neste ano. Depois de 23 anos vai disputar uma competição nacional.
Se Robinho não condenado, o clube é uma opção real para o atleta.
A diretoria estaria disposta a enfrentar a opinião pública e o colocá-lo em campo.
Tudo depende da Corte Especial do STJ.
Robinho não poderia estar mais confiante na sua liberdade...
COSME RÍMOLI | Do R7