Ação busca ajudar famílias de alunos de projeto esportivo na pandemia
Instituto do ex-judoca Flávio Canto atua com cerca de dois mil jovens
Por Lincoln Chaves - Repórter da TV Brasil e da Rádio Nacional - São Paulo
O Instituto Reação, projeto social e esportivo que tem o ex-judoca Flávio Canto como um dos criadores, reiniciou uma campanha para auxiliar os cerca de dois mil alunos da entidade, que tem núcleos no Rio de Janeiro e em Cuiabá, impactados pela pandemia do novo coronavírus (covid-19). Segundo ele, o objetivo da iniciativa, de nome Ippon no Corona, é arrecadar R$ 600 mil em doações para recargas de R$ 100,00 em cartões alimentação, por três meses, que serão destinados às famílias dos jovens.
“A gente está muito na ponta. O Reação atua com famílias de baixa renda, algumas baixa renda mesmo, então a gente percebe rapidamente as consequências da pandemia. [A opção pelos cartões] nós aprendemos com a Gerando Falcões [organização social que também atua em periferias e favelas]. Facilita a logística, fomenta o mercado local e diminui o risco de contágio”, explicou o medalhista olímpico de bronze nos Jogos de Atenas (2004) à Agência Brasil.
“Dá um aperto no coração pensar que R$ 100,00 são tão relevantes para a família de tanta gente e, ao mesmo tempo, tão pouco para outras. A gente vive o Reação há mais de 20 anos, mas é duro ver que há uma distância tão grande, e com crianças tão queridas e próximas”, completou Canto.
A campanha teve uma primeira edição no início da pandemia, em março do ano passado, com o mesmo intuito. Na ocasião, após a meta de doações ser atingida, a iniciativa foi ampliada para atender famílias de outras regiões do país e reuniu personalidades do esporte como o técnico de vôlei Bernardinho, o surfista Gabriel Medina, o lutador de MMA Rodrigo Minotauro, o velejador Lars Grael, a ex-ginasta Dayane dos Santos, o ex-tenista Gustavo Kuerten, a ex-jogadora de basquete Hortência e o meia Diego Ribas, do Flamengo. A ação ganhou o nome Vencendo Juntos.
“Priorizamos projetos sociais que tivessem o esporte como ferramenta de transformação e conseguimos arrecadar cerca de R$ 4 milhões. A ideia é que, tendo sucesso, a gente amplie novamente [a campanha] para outros projetos que já estão mapeados. Temos priorizado resolver a situação das famílias do Reação nos próximos três meses”, explicou o ex-judoca.
Adaptação
O Reação surgiu em 2003 na favela da Rocinha, zona sul do Rio de Janeiro, para ensinar judô e promover os valores do esporte a jovens carentes. Além de Canto, o ex-técnico da seleção brasileira da modalidade Geraldo Bernardes e amigos do ex-judoca participaram da fundação. O projeto se expandiu para outras comunidades da cidade (Cidade de Deus, Tubiacanga, Pequena Cruzada, Rocha Miranda e Solar Meninos de Luz), chegando também a Cuiabá (Cidade Alta e Três Barras). Campeã olímpica em 2016, na categoria até 57 quilos, Rafaela Silva é a principal revelação do instituto.
Por conta da pandemia, o projeto teve de adaptar as atividades ao sistema on-line. O próprio Canto acabou reforçando a equipe de professores nas aulas virtuais de judô.
“Dei aulas de judô nos primeiros 11 anos do projeto e voltei agora. Em março [do ano passado], fizemos uma convocação. Temos desde atletas de quatro anos a medalhistas olímpicos. Como fazer um movimento que pudesse incluir a todos, nesse novo modelo? A gente migrou todo nosso conteúdo para on-line em uma semana. Fomos aprendendo e estamos até hoje nesse modelo híbrido, do qual não pretendemos mais sair, porque você tem uma escalabilidade maior quando usa a tecnologia”, concluiu o ex-judoca.
Edição: Fábio Lisboa
Agência Brasil