A trajetória de Scarpa até a seleção olímpica: empréstimo, paciência e raça
Em dezembro de 2014, Gustavo Scarpa acreditava que 2015 seria seu ano. Promovido aos profissionais do Fluminense, via o clube numa profunda reformulação, com a saída da Unimed e a promessa de aposta nos talentos da base. Esperava ter espaço para mostrar seu futebol. Ele conseguiu, mas não do jeito que imaginava: na trajetória que o transformou na principal revelação tricolor da temporada e culminou na convocação para a seleção olímpica, Scarpa teve que superar mais alguns obstáculos para atingir o objetivo.
O meio-campista foi emprestado no início do ano ao RB Brasil, para a disputa do Campeonato Paulista. Não queria ir. Achava que tinha condição de se firmar no elenco tricolor, como fizeram Gerson e Kenedy. O tempo só mostrou que ele estava correto em julho, quando, de volta, estava prestes a ser novamente emprestado, contra a sua vontade, para jogar a Série B, até que teve uma oportunidade. E aproveitou.
- Quando via Gerson e Kenedy se destacarem, eu pensava: já sabia disso. Sabia que a garotada de Xerém ia dar conta do recado, que a oportunidade ia aparecer. Eu achava que tinha condição de conquistar meu espaço dentro do Fluminense, que não precisava sair. Mas acredito que Deus sabe de tudo. Não era a minha vez. A minha chegou em julho. O professor Enderson (Moreira, então técnico do Flu) me deu oportunidade, eu aproveitei, e fiquei muito feliz, porque nesses últimos meses eu consegui realizar muitos dos meus sonhos: fazer parte de uma grande equipe, fazer gol, atuar bem. Essa ascensão foi de repente, e espero que eu consiga conquistar muitas coisas ainda – disse Scarpa.
O meia, de 21 anos, não esconde que ficou chateado com as tentativas do Fluminense de emprestá-lo. Ele reconhece que voltou com mais experiência, mas agora luta contra a acomodação. Escaldado com a temporada, diz que entra em campo toda vez como se fosse a última partida de sua vida.
- Eu converso muito com o Cavalieri (Diego, goleiro do Flu). Toda vez, quando vamos para o jogo, agradecemos mais uma partida, com o mesmo foco de sempre, independentemente se é clássico ou um jogo de menor importância. A gente valoriza como se fosse o último, porque é um sonho que sempre lutei, um momento que sempre desejei. Não é porque as coisas estão dando certo que vou tirar o pé do acelerador. O objetivo é sempre ver o jogo como o da vida mesmo.
Fonte: Globo Esporte