A tensão domina Gabigol. Liberação, confirmação de dois anos de suspensão. Ou mais quatro anos de pena por doping
A Corte Arbitral de Esporte, na Suíça, analisa a partir de hoje o pedido de efeito suspensivo para a pena de dois anos dada ao atacante, por tentativa de burlar o exame antidoping. A punição pode ser anulada, confirmada. Ou até piorada. E ele ficar sem jogar até 2028
“Será tudo ou nada para Gabigol”, resume um repórter carioca experiente, que cobre o Flamengo.
Ele se refere ao julgamento do recurso do atacante ao CAS, na Suíça.
O Conselho Arbitral do Esporte analisará o pedido de efeito suspensivo da punição de dois anos, por tentativa de burlar o exame antidoping.
O que parecia para o jogador, algo simples, se tornou pesadíssimo.
E definirá seu futuro como atleta de futebol.
No dia 8 de abril de 2023, ele chegou para o treinamento no Ninho do Urubu.
E encontrou fiscais que aguardavam o elenco, naquela manhã, para exames antidoping surpresas.
Situação que a Fifa manda fazer nos grandes clubes do mundo.
Todos os jogadores do Flamengo fizeram até as dez da manhã.
O exame se baseia na urina do atleta.
Só Gabigol se recusou a fazer.
À tarde, ele pegou um frasco dos fiscais e foi para o banheiro, fazer o exame sozinho.
Temendo fraudes, examinadores correram até o local.
E Gabigol se negou a deixar que vissem a urina sendo depositada, como manda a lei.
São vários os casos de atletas que colocaram urina de outra pessoa.
Os fiscais acabaram vendo.
Mas relataram a postura ‘estranha’ de Gabigol.
Assim como o tempo a mais que ele ganhou para fazer o exame.
Há substâncias que saem do organismo depois de um determinado período de tempo.
Daí a denúncia.
Gabigol foi suspenso no dia 25 de março, por dois anos.
Por tentativa de burlar o exame, já que nenhuma substância proibida surgiu na urina.
Pela Justiça Desportiva Antidopagem.
O resultado foi apertado, cinco auditores o condenaram, quatro, não.
Desde então, ele está proibido de treinar com os companheiros de time.
De jogar e até de estar no estádio quando o Flamengo atua.
O atacante contratou, a peso de ouro, o escritório de Bichara Neto, advogado que conseguiu fazer com que Paolo Guerrero disputasse a Copa do Mundo da Rússia, em 2018.
Ele estava suspenso por doping.
Bichara reverteu a suspensão.
Desde então o controle do uso de substâncias proibidas ficou ainda mais rígido.
Há três cenários definidos.
A Corte Arbitral do Esporte pode inocentar Gabigol.
E ele volta a poder atuar imediatamente.
A segunda situação, o pedido é indeferido e a suspensão continua.
Ou pior, a pena pode ser aumentada, para o tempo máximo.
E ele ser proibido de jogar até 2028.
Ou seja, Gabigol perderia quatro anos de carreira.
Só voltaria aos gramados com 31 anos.
Embora o jogador tente manter uma postura positiva, como a direção do Flamengo, na verdade, há muita tensão.
Não só na Gávea, mas ao redor do atacante.
A situação que ele se envolveu é muito complicada.
Ele foi buscar um recurso, o efeito suspensivo da punição.
O departamento jurídico do Flamengo está em alerta.
Caso a suspensão seja confirmada, seu contrato pode ser rescindido.
A direção não quer ficar pagando oito meses de salários.
A legislação possibilita a rescisão.
Ninguém tem como garantir que o julgamento será favorável ou prejudicial ao atacante.
O Flamengo pagou R$ 99 milhões para ter o atacante.
Seu contrato termina no final deste ano, em dezembro.
A partir de julho, poderá assinar pré-contrato com qualquer outra equipe.
E sair da Gávea sem render um centavo.
Caso a punição de dois anos seja confirmada, ele poderá voltar a campo em abril de 2025.
Porque a suspensão começou a contar no dia do exame.
A pena pode até resolver a situação com Tite.
O treinador tem péssimo relacionamento com o atleta que, para ele, é mero reserva.
E, além disso, o ofendeu quando não o convocou para a Copa do Catar.
O jogador vive a pior situação de toda sua carreira.
Por culpa de sua postura.
O resultado do julgamento não tem data para acontecer.
Não costuma ser no mesmo dia.
Ou seja, não deverá ser hoje.
Situação que só aumenta a tensão para Gabigol...
Cosme Rímoli - R7