Sem poder se despedir do pai morto por coronavírus, douradense lamenta e família aguarda cinzas
"Era meu grande companheiro", diz filho de douradense m que morreu após contrair Coronavírus
“Queria ver ele pela última vez, dar o adeus, mas não é possível”, desabafa Jefferson Ribeiro Muller, 28, filho do caminhoneiro douradense Antoninho Muller, 65, que morreu após contrair Coronavírus. O relato foi feito por ele à equipe de reportagem do Dourados News, na tarde desta segunda-feira (27).
O filho afirma que o sentimento de dor por não ser possível uma despedida de Antoninho é compartilhado por dezenas de amigos e familiares.
“Ele se dava bem com todos e por onde passava fazia amizades. Muitos tem sentido esse fato de não poder se despedir”.
Antoninho era de Dourados e morreu no sábado (25), em Araguaína (TO). Ele estava internado há vários dias em Tocantinópolis (TO) e foi transferido para o Hospital Regional de Araguaína após complicações no quadro de saúde. Conforme o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Estado de Saúde, não há relatos de comorbidades.
Conforme Jefferson foi disponibilizado a família apenas as opções do enterro em Tocantins ou a cremação com posterior envio das cinzas à família. A segunda opção foi aderida pelos familiares. As cinzas de Antoninho serão destinadas à Palotina (PR), onde reside a mãe de Jefferson.
“Ele e minha mãe, apesar de não estarem mais juntos há anos, eram muito amigos, se falavam todo dia, por isso a decisão” disse.
Não há previsão de data para que os restos mortais de Antoninho cheguem ao Paraná. O fato se dá, conforme Jefferson, por conta de trâmites burocráticos.
Para o filho, a maior lembrança que ficará do seu pai é de “um grande companheiro”.
“Sempre que ele estava em Dourados, aproveitávamos para assar carne, ouvir música, tomar uma cervejinha. Eramos bem amigos”.
Antoninho deixa dois filhos. Jefferson e Anderson Ribeiro Muller.
No “trecho”
Ao Dourados News, o filho contou que o pai saiu de Dourados pro volta do dia 20 de março e seguiu para Goiás, passando por Belém (PA) e outras cidades, sendo que depois foi internado em Tocantins.
Jefferson é motorista de aplicativo e cita que o pai como motorista de caminhão, passava a maior tempo no “trecho”. Ele comenta que sempre mantinha contato com o caminhoneiro que costumava relatar à ele que após longas horas de viagem, no final do dia os trabalhadores desta área se reuniam em grupos nos pontos de descanso, para comer algo, distrair.
Para ele, esse fato, pode ter contribuído para que o pai contraísse a doença.
“São trabalhadores que passam por muitos lugares, tem contato com várias pessoas, talvez tenha contribuído para que pegasse essa doença. O que aconteceu com meu pai, infelizmente, deixa um alerta para os caminhoneiros para ter bastante cuidado”, disse.
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