Roqueiros relatam dificuldades em manter o estilo vivo em Dourados e MS
Ritmo tem ‘disputado’ espaço com o sertanejo em Mato Grosso do Sul
“Rock no Mato Grosso do Sul é quase que o sacerdócio. Precisa ser feito por amor”. Com essas palavras, o músico Fernando Castro Além, vocalista da banda ‘Dagata e os Aluizios’, relata algumas das dificuldades encontradas para manter o rock vivo na maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul, onde o sertanejo universitário impera na maioria dos bares e casas noturnas.
Nesse Dia Mundial do Rock, comemorado nesta sexta-feira (13), o Dourados News conversou com amantes do estilo musical que nasceu nos anos de 1950, nos Estados Unidos da América, e mais que apenas música, se tornou uma forma de pensar e de agir.
Dagata relatou a falta de oportunidade em Dourados e Gilson Misbehaviour Buzzio, a ‘disputa’ com ritmos como funk e claro, o sertanejo. Apesar da ausência de espaço, Fernando Dagata afirma que nos eventos de rock, é possível notar a presença de bandas que fazem um trabalho legal e que merece reconhecimento.
“O rock em uma cidade e Estado onde o sertanejo impera é difícil, pois faltam lugares para tocar, realidade enfrentada, por exemplo, em Dourados; em Campo Grande tem bares mais voltados a esse público, porém às vezes, acaba saindo dinheiro do próprio bolso, conta.
Mas nem só de sertanejo vive o Mato Grosso do Sul, embora o ritmo que existe há mais de seis décadas tenha se tornado praticamente um nicho, os cantores comemoram a fidelidade dos fãs.
“O público é muito parceiro e fiel, todos os shows e eventos que fazemos, participamos, temos um pessoal presente para prestigiar nosso trabalho”, comenta.
E como em terra de sertanejo, roqueiro é estrangeiro, outro desafio enfrentado são as rádios.
“Aqui no Estado não é tocado rock nas rádios comerciais, então, é um ritmo que se depender de rádio para conhecer, não vai acontecer; todas acabam dando preferência ao sertanejo”, menciona.
Entretanto, bem-aventurada seja a internet que possibilita a divulgação de novas músicas, clipes e bandas. O vocalista Gilson, da banda Misbehaviour conta sobre o mercado em Dourados e a ‘disputa’ por espaço.
“Aqui em Dourados temos um pessoal que paga até R$ 50 ou mais para assistir um show sertanejo, mas resiste quando é cobrado R$ 15 para um show de rock; mencionando é claro que atualmente os outros ritmos crescem todos os dias, então, lutamos para ter espaço sempre”, conta Gilson, mencionando a força da internet.
“Claro que com a evolução da internet, ficou muito mais fácil divulgar um trabalho, uma música, traduzir uma música, porém no meu ponto de vista, o nosso público ficou segmentado, ficou um nicho, como já citado; o rock como um todo se tornou um clássico com o passar dos anos”.
E quando o assunto é música autoral e cover, Gilson também deixa claro que o importante é fazer bem feito.
“Toda música precisa ser bem feita, fazer um bom trabalho e sempre procurar mesclar entre musicas autorais e covers, isso é até que um pedido dos donos de bares, quando nos chamam; nós tocamos além das nossas músicas, clássicos, que marcaram era”, afirmou.
Por Luiz Guilherme - Dourados News