Promotor impõe sigilo em apuração de morte durante plantão sem médico no HV

26/08/2019 00h00 - Atualizado há 4 anos
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Divulgação

O MPE-MS (Ministério Público Estadual) impôs sigilo no procedimento aberto para apurar morte ocorrida em plantão sem médico no Hospital da Vida. Na semana passada, o Dourados Newsmostrou em uma série de matérias que os depoimentos prestados nessa investigação revelam “uma sucessão de erros administrativos de grossa monta, todos contribuintes, de forma direta ou indireta, para a fatalidade”.

Em e-mail enviado à reportagem, a 10ª Promotoria de Justiça de Dourados informou que por determinação do promotor Etéocles Brito Mendonça Dias Junior, foi decretado o sigilo na tramitação do procedimento “para fins de resguardo da intimidade e sigilo médico da vítima”.

A investigação é motivada pela morte de Roberto Gonçalves Braga, ocorrida no dia 21 de julho. Ele tinha 34 anos quando colidiu a Honda Biz que conduzia, de cor preta e placa NRM-1439, de Dourados, na traseira de um VW Gol que estava parado atrás de uma sequência de carros na Avenida Marcelino Pires, região da Cabeceira Alegre.

Socorrido polo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), foi levado ao Hospital da Vida, onde não resistiu aos ferimentos. Segundo o MPE, no procedimento investigatório já foi possível apurar “uma cadeia de fatos reveladores de uma sucessão de erros administrativos de grossa monta, todos contribuintes, de forma direta ou indireta, para a fatalidade”.

Antes de ser decretado sigilo ao caso, o Dourados News ainda apurou que o promotor de Justiça pretendia convocar a secretária municipal de Saúde, Berenice de Oliveira Machado Souza, que é também interventora da Funsaud (Fundação dos Serviços de Saúde de Dourados), para prestar esclarecimentos. Procurada pela reportagem ao longo de toda a semana passada, ela afirmou não ter o que declarar que sobre essa convocação.

Contudo, nos depoimentos colhidos até agora, o MPE já ouviu do médico Renato Oliveira Garcez Vidigal, coordenador do Samu, que a vítima morreu após mais de uma hora de tentativa de reanimação sem qualquer ajuda médica no Hospital da Vida.

Essa mesma versão havia sido relatada pelo também médico Thaigor Reze, intensivista do Samu que socorreu a vítima após acidente de trânsito na Avenida Marcelino Pires. Segundo ele, no dia anterior a essa tragédia houve problema semelhante na unidade hospitalar, falta de médico plantonista, “porém sem a mesma repercussão, pois não houve óbito”.

E até o médico intensivista Gecimar Teixeira Júnior, apontado inicialmente como possível plantonista da ocasião, relatou ao MPE uma confusão total de informações na composição daquele plantão e afirmou não ter sequer vínculo formal com a prefeitura.

Por André Bento

Foto André Bento

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