Onça que virou celebridade” em Dourados recebe atendimento da Unigran

02/02/2018 00h00 - Atualizado há 4 anos
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Divulgação

Moradores da Vila Rosa, em Dourados, tiveram esta semana a visita ilustre, porém, perigosa de um forasteiro selvagem, uma onça-parda que protagonizou uma verdadeira novela ao permanecer cerca de 24h acuada em um pé de jaca. Após a captura dramática, com todos os passos do processo sendo narrados quase que ao vivo por populares e também pela mídia, o animal foi levado para a Clínica Veterinária da Unigran, onde foi examinado, medicado e liberado para ser reintroduzido na natureza. O felino agora está em segurança em uma área preservada na região de Aquidauana.

De acordo com o médico veterinário Namor Pinheiro Zimmermann, doutor em ciência animal e professor da disciplina de animais silvestres no curso de Medicina Veterinária da Unigran, trata-se de um macho saudável, na transição da juventude para a idade adulta. O especialista explica que vários são os fatores que podem levar um predador de grande porte a se enveredar na “selva urbana”.  “Além da conhecida redução do habitat natural, questões sociais desta espécie também devem ser consideradas, pois trata-se de um animal que ocupa um vasto território e o defende literalmente com unhas e dentes. Assim, um jovem macho como esse pode ter sido expulso do espaço ocupado por outro maior e mais forte, procurando assim refúgio na cidade”, complementou.

O especialista diz que apesar do que foi falado aos quatro ventos, a demora na captura da onça não ocorreu por falta de preparo dos profissionais envolvidos, mas sim por falta do equipamento adequado. Segundo Zimmermann, que também participou da missão, só lograram êxito após ele conseguir em Campo Grande dardos com agulhas farpadas. Os tiros dados anteriormente foram realizados usando dardos com agulhas convencionais, o que não é adequado para esse tipo de situação, pois devido a agitação e estresse do animal o dardo cai antes que o tranquilizante penetre na corrente sanguínea. Já com dardos montados com agulhas farpadas é possível alcançar o objetivo, pois este atinge o animal e não cai, explicou.

Poucos minutos após ser capturada a onça foi levada para a Clínica Veterinária da Unigran. Logo os médicos constataram que o animal está com boa saúde, que a desidratação era mínima e que o corte na perna traseira direita foi apenas superficial, necessitando apenas de alguns pontos. Horas mais tarde, após ser medicada com antibióticos e anti-inflamatórios e ainda sob o efeito do tranquilizante), foi conduzida pelas autorizadas a um habitat mais adequado. 

A Clínica Veterinária da Instituição comumente realiza atendimento de animais selvagens em suas dependências, o que além de contribuir com a preservação da fauna local, também proporciona aos acadêmicos a oportunidade e a experiência de terem contato com diversas espécies. 

O animal

A onça-parda, também conhecida no Brasil como suçuarana, é um felino da subfamília felinae, na qual estão incluídas os guepardos, jaguariticas, linces e demais felinos selvagens de pequeno porte, além, é claro, dos gatos domésticos. Já as onças-pintadas, tigres, leões e leopardos pertencem a subfamília pantherinae. Mas voltando a falar da onça mais famosa de Dourados e região, este predador é encontrado em quase toda a América, do sul do Chile e Argentina até o sudoeste do Canadá. Nos nossos vizinhos sul-americanos é mais conhecida como Puma, já na América do Norte atende por leão da montanha.

Na natureza vive em média oito anos e nos biomas brasileiros atinge peso que varia de 50kg a 70kg. Se alimenta principalmente de presas de médio e pequeno porte, como pacas, cotias, servos, entre outros. Eventualmente pode também capturar animais maiores, como capivaras e porcos do mato, se aproveitando de alguma fraqueza nesses animais. Ao contrário da onça-pintada, prefere regiões mais secas e tem hábitos predominantemente noturnos. É um bicho solitário como todos os felinos, exceto os leões, limitando a socialização aos períodos de acasalamento.

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