No dia em que chegou a 613 casos confirmados do novo coronavírus (Covid-19), na segunda-feira (8), Dourados teve taxa de isolamento social de 39%, bem abaixo do mínimo de 70% recomendado pelo secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende Pereira, “para frear a pandemia e evitar um colapso no sistema público de saúde”.

No ranking estadual, nenhum município atingiu o percentual almejado pelas autoridades. Os melhores índices foram de Jateí (58,7%), Figueirão (50,0%), Iguatemi (48,2%), Guia Lopes da Laguna (47,0%), e Rio Negro (46,0%).

Em outro extremo ficaram Anaurilândia (19,6%), Sete Quedas (26,4%), Antônio João (26,8%), Selvíria (29,7%), e Batayporã (29,8%), essa última a cidade onde morava a primeira vítima fatal da doença em Mato Grosso do Sul, uma mulher de 64 anos que faleceu no dia 31 de março em um hospital particular de Dourados.

Ainda em abril, ao divulgar dados do monitoramento por geolocalização da empresa In Loco, com base em dados de 60 milhões de telefones celulares existentes no País, o governo estadual reforçou o apelo “para as pessoas não saírem de casa sem necessidade”, considerando estudos científicos que “comprovam que o distanciamento social é a única maneira eficaz de frear o contágio pelo coronavírus”.

“O percentual considerado ideal de isolamento social para frear a pandemia e evitar um colapso no sistema público de saúde é de 70% conforme o secretário de estado de saúde, Geraldo Resende”, detalhou na ocasião.

Em 2 de junho, durante entrevista exibida nas redes sociais da Prefeitura de Dourados, o médico Frederico de Oliveira Weissinger, membro do Comitê de Gerenciamento de Crise da Covid-19 no município, alertou que a letalidade do novo coronavírus será proporcional à taxa de isolamento social recomendada justamente para evitar a disseminação da doença.

Na véspera, o índice de isolamento social no município foi de 40,7% e os casos confirmados do novo coronavírus já totalizavam 339. “Nossa letalidade vai ser proporcional à nossa taxa de isolamento, ou seja, quanto maior nossa taxa de isolamento, menor nossa taxa de letalidade, assim como, quanto menor nossa taxa de isolamento, maior nossa taxa de infecção e letalidade”, afirmou o médico.

Posteriormente, no dia 5 passado, o advogado Alexandre Mantovani, assessor especial e porta-voz da prefeita Délia Razuk (PTB), anunciou que o toque de recolher com horário estendido, das 20h às 5h, estabelecido por meio do Decreto nº 2.615, seria mantido até que haja melhoria no índice de isolamento social recomendado para evitar a disseminação da Covid-19.

“Por ora o toque de recolher é mantido das 20h às 5h. As decisões da administração municipal não são aleatórias, têm base científica. O núcleo técnico que apresenta estudos técnicos ao Comitê [de Gerenciamento de Crise da Covid-19] avalia que Dourados precisa melhorar o índice de isolamento social”, afirmou naquela oportunidade. “A taxa ideal, numa zona de segurança nesse momento, é o mínimo de 50%. Tivemos com essa redução do toque de recolher [antes era das 22h às 5h] uma melhoria dessa taxa”, acrescentou.

Dos 613 casos confirmados da doença até ontem em Dourados, 210 correspondiam a pacientes já recuperados, 379 em isolamento domiciliar, e 23 internados – 15 em leitos de enfermaria e oito em UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Além disso, a doença causou dois óbitos de moradores do município.

Por André Bento

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