Todas as peças são confeccionadas para serem doadas a pacientes com câncer; cabelos podem ser doados ao projeto

Internas do semiaberto feminino em Dourados iniciaram fabricação de perucas para atender pacientes que enfrentam câncer. Todo o material a ser produzido será encaminhado à Rede Feminina de Combate ao Câncer e à Associação de Combate ao Câncer da Grande Dourados. O trabalho teve início na segunda-feira e até o dia 13 de dezembro, quando haverá solenidade de entrega das perucas, a expectativa é que pelo menos 50 unidades sejam confeccionadas.

Até agora 11 detentas fazem parte do projeto e se revezam nos trabalhos divididos em turnos vespertino e noturno. Quem está em regime aberto e vai para o local pernoitar, atua das 19h às 22h. Já quem está em condicionamento fechado é das 13h30 às 16h30. Com o trabalho, elas tem redução de pena.

O projeto é uma iniciativa das agentes penitenciárias Denise Potricke e Evelym Tibúrcio. Com a participação do agente Pedro Antiqueira, realizaram ação social e coletaram 10 kg de cabelo para confeccionar as perucas nessa primeira etapa. A ideia teve o apoio da diretora do semiaberto feminino, Luzia Ferreira. Ela buscou parceria do juiz da 3ª Vara Criminal de Dourados, Cesar de Souza Lima, que auxiliou na aquisição de materiais para realização do projeto.

A interna Inês Araújo já tinha habilidade com máquina de costura e em quatro dias desenvolveu parte do trabalho necessário para fazer duas perucas. Gosto de costura e para mim tem sido uma terapia, disse enquanto dava forma à produção da terceira peruca. Já Andreia Biscaia nunca havia costurado e não imaginava que aprenderia com facilidade. Peguei o jeito e estou gostando, afirmou, ciente que o trabalho irá ajudar pessoas que precisam de autoestima.

Para realizar a confecção das perucas as internas passaram por um curso onde aprenderam a fazer desde a triagem, higienização e costura do cabelo. Nos próximos dias receberão outro curso, para realização da montagem final da peruca, com diferentes modelos e formatos de rosto.

No dia 13 de dezembro haverá uma solenidade com exposição das perucas e dos demais trabalhos manuais realizados pelas internas, como bijuterias, crochê, sabonete, artesanato em MDF e trabalhos em pérolas. Também estarão expostos hortaliças e legumes diversos como couve, alface, coentro, cebolinha, salsinha, rúcula, cenoura e beterraba, além de plantas medicinais, todos plantados numa horta em um terreno de 1,5 mil m² que fica ao fundo da unidade prisional e foi cedido a título de comodato.

O semiaberto feminino de Dourados é referência nacional. Desde que assumiu a direção da instituição, Luzia Ferreira procura adaptá-la ao sistema de ressocialização. As internas estão sempre em constante aprendizado, o que significa a valorização do ser humano, a oportunidade de cumprir a pena com dignidade, com escolha de profissão, cumprindo o que estabelece a Lei de Execuções Penais.

Doações

Toda pessoa ou salão de cabeleireiro pode contribuir com o semiaberto feminino com doação de cabelo. Luzia explica que qualquer tipo de cabelo pode ser utilizado, independente da quantidade e tamanho. Informações e doações podem ser feitas pelos números 3902-2852 (semiaberto), 99921-5458 (Luzia), e 99820-9539 (Evelym).

Foto: Hádio Fazan

Por Flavio Verão

O Progresso