Construindo um novo futuro em Dourados, venezuelano se apoia na gratidão para superar a saudade

03/05/2019 00h00 - Atualizado há 4 anos
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Divulgação

Apesar da pouca idade, o venezuelano Joel Fuertes, 23, mostra muita coragem na missão de construir um novo futuro em Dourados. Longe da família desde setembro do ano passado, o rapaz disse ao Dourados News que a gratidão ao povo brasileiro é a força que ele precisa para superar a saudade de casa. 

Ele chegou ao maior município do interior de Mato Grosso do Sul em 23 de março deste ano e trabalha em um frigorífico de aves, onde os colegas admiram a alegria e empolgação durante as rotinas de trabalho. 

Hoje pela manhã, quando o Dourados News chegou ao imóvel do rapaz, ele estava de saída para o banco onde iria depositar R$ 200 para a família na Venezuela. 

“Eu sou muito agradecido ao governo do Brasil, às pessoas brasileiras, ao Exército. Você foram fundamentais para as nossas vidas, vocês nos ajudaram a ficar aqui e trabalhar. Agora eu consigo ajudar minha família. O dinheiro aqui é uma fortuna lá. Agora eles podem comprar comida, sapatos, roupas”, disse o rapaz.

Na Venezuela Joel era cozinheiro em um restaurante gourmet e como hobby a paixão era o futebol. O rapaz contou que chegou a jogar na segunda e terceira divisões do time local, em Valência — estado do Carabobo. Ele mora com outros quatro amigos venezuelanos em um condomínio próximo ao estádio Fredis Saldivar, o Douradão, que apesar de fechado e sem jogos, encanta o grupo. 

“Quando viemos da Venezuela imaginamos que iríamos morar em uma favela, um bairro periférico. Lá era assim que pensávamos do Brasil, mas é diferente. Nos colocaram em um lugar bom, um bom padrão, e perto do estádio ainda [risos]. Aqui é tudo muito melhor”, disse o rapaz.

CONFLITOS

Sobre os recentes conflitos no país de origem, Joel lamenta e classifica como uma “guerra civil”. “É pessoa contra pessoa, venezuelano tá? Por pensar distinto, diferente ao governo”, comentou.

Joel disse que todas as informações são obtidas via WhatsApp em contato com a família e amigos. Ele disse não confiar nos meios de comunicação do País. Questionado sobre a mãe, o rapaz disse que a mulher é bastante realista e não tenta disfarçar o ambiente de insegurança no país.

“Minha mãe é bastante verdadeira. Ela me diz que as coisas não estão fáceis lá, que tudo é muito caro, muita violência, insegurança. Ela vive com meu pai e meu irmão. No mês passado eu fiz aniversário, foi a primeira vez que não estive com eles”, disse pausadamente e bastante emocionado. “Eu sinto falta da minha família, quero trazê-los para cá. Sou muito grato pelo que estou vivendo e oro para conseguir isso logo”, disse.

Além da saudade de casa, Joel também está distante da namorada. A jovem, que era modelo na Venezuela, agora vende cigarros e café para conseguir sobreviver em Boa Vista (RR). Ele disse estar diariamente em contato com douradenses na busca por um emprego para a jovem. “Assim que conseguirmos um serviço à ela, a trarei para perto de mim”, disse. 

Dourados já recebeu mais 300 venezuelanos em três etapas. Está prevista uma quarta chegada de grupo ao município, conforme fonte ouvida pelo Dourados News. 

Por Vinicios Araújo

Foto Por Vinicios Araújo

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