Chuva recorde preocupa produtores e já causa problemas nas lavouras de soja
Produtores que fizeram plantio precoce estão com problemas para a colheita da soja na região de Dourados
Para produtores rurais de Dourados e região o volume de chuva dos últimos dias tem sido uma preocupação para a safra 2020/2021 de soja. O solo muito úmido e as condições de nebulosidade prejudicam as fases finais de germinação do grão, a produtividade e também a entrada dos maquinários para colheita de quem plantou precocemente.
“O que muitas vezes deixa o produtor angustiado é principalmente aquelas áreas que estão praticamente prontas para colher, onde é só entrar com o maquinário e ele não consegue fazer isso. Mas, não tem muito o que fazer, o negócio é esperar para que essa condição climática passe, que abra o sol e proporcione a facilidade de fazer a colheita mecanizada”, explicou o pesquisador da Embrapa Agropecuária Oeste, Rodrigo Arroyo.
Pedro Luiz da Costa, produtor rural da região do Guassu, em Dourados, cultiva 512 hectares de soja. Ele contou a reportagem do Dourados News que o processo de abortamento de vagens já ocorre na lavoura e preocupa com relação a qualidade e produtividade da safra. “Se estivesse em um estágio mais avançado de desenvolvimento acredito que teria um pouco menos de problema com prejuízo. Não sei estimar quanto, mas já dá para ver que vai ser significativo. Chuva de menos atrapalha e chuva demais também, como estamos vivendo agora”, avaliou Costa.
O produtor que também é engenheiro agrônomo, disse ainda que o problema atinge mais produtores da região. “Pessoas que converso por aqui estão em situação bem parecida. O problema é geral, tem colegas meus que estão com áreas já prontas para colheita há 10 dias, em Macaúba, por exemplo, mas não conseguem entrar. Aí depois esse grão fica de péssima qualidade. Enfim é assimilar e tocar o barco, temos que tirar lição disso para a próxima safra pensando em estratégias de cultivo que sejam preventivas ou melhor manejadas. Faz parte”, avaliou Costa.
Ainda de acordo com o pesquisador da Embrapa, outra preocupação é o possível surgimento de doenças e pragas que são favorecidas pela umidade e pouca incidência de sol. A junção desses fatores pode inevitavelmente impactar ainda mais para a produtividade das lavouras.
“Outros problemas que podem se apresentar em decorrência da frequência e volume de chuvas está relacionado a questões fitossanitárias, com o surgimento de algumas doenças, já que essas são muito favorecidas. O nível de umidade do solo também prejudica o manejo de produtos para contenção e controle. Algumas doenças consequentemente afetam a qualidade desses grãos que na maioria das vezes já está até pronto, principalmente nas lavouras mais precoces”, destacou Arroyo.
Conforme levantamento da base de dados do Siga-MS (Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio em Mato Grosso do Sul), a safra 2020/2021 tem estimativa de produção de 11,591 milhões de toneladas de soja.
Até esta ontem (26) foram 307,4 milímetros de chuva acumulada registrados na Estação Agrometereológica da Embrapa Agropecuária Oeste, em Dourados. Este volume de chuva já é um recorde histórico para a região, considerando a média dos últimos 40 anos para o mês de Janeiro, que é de 163,2 milímetros.
Por Thalyta Andrade
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