Ao completar 83 anos, Dourados viu em 2018 quatro operações mirando o poder público
O ano de 2018 não foi fácil para o douradense, que viu, pelo menos quatro vezes, o poder público da maior cidade do interior do Estado envolvido em escândalos e alvo de operações. Ao fazer uma retrospectiva fica evidente que o município sofreu duros ‘baques’.
Foram operações, escândalos de corrupção na política, agentes públicos presos e o pior, as necessidades do povo cada dia mais presentes. A primeira ação ocorreu em fevereiro, na Secretaria Municipal de Educação e Administração.
Agentes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) lotaram duas caminhonetes com documentos a fim de identificar indícios de irregularidades na contratação indevida de professores, levando em consideração o número de vagas puras disponibilizadas apenas à lista de concursados. A Operação Volta às Aulas ainda não foi concluída, mas na época marcou o início de um ano que movimentaria, e muito, o setor político e policial. Oito meses mais tarde, no dia 31 de outubro, o Ministério Público Estadual retorna ao CAM (Centro Administrativo Municipal), desta vez na Secretaria da Fazenda. Suspeitas de formação de quadrilha especializada em fraude em licitações levou para a cadeira a vereadora, Denize Portolan (PR), ex-secretária de Educação envolvida também na operação Volta às Aulas, o então secretário da Fazenda João Fava Neto, o servidor Anilton Garcia de Souza e o empresário Messias José da Silva. Eles são acusados de fraude em licitação, dispensa indevida de licitação, falsificação de documentos, advocacia administrativa, além do crime contra a ordem financeira, notadamente em razão de fraudes em licitações e contratos públicos. Os quatro citados continuam presos, dois [Anilton e Messias] na PED, João Fava em Campo Grande e Denize no Presídio Feminino de Rio Brilhante. Pouco mais de um mês depois, dia 11 de dezembro, uma nova fase da operação prendeu o ex-diretor de Finanças e Receitas da prefeitura de Dourados, Rosenildo França, e a esposa dele, Andrea Ebling. Os dois eram suspeitos de participação no esquema de fraudes. Andrea passou apenas algumas horas detida em uma das celas do 1° Distrito Policial de Dourados. No final daquele dia a Justiça concedeu liberdade à ela. Já Rosenildo ficou na prisão por três dias. Desde o dia 14 o ex-servidor está em liberdade. E os escândalos não acabaram por aí. Antes de deflagrar a 2ª fase da Pregão, o MPE agitou a Câmara de Vereadores de Dourados com a Operação Cifra Negra. A diferença entre as duas foi apenas o Poder investigado. Desta vez o legislativo revelava uma raiz profunda de corrupção contra a população douradense. A investigação descobriu que para conseguir manter-se em contrato com a Casa de Leis, empresas do ramo de TI (Tecnologia da Informação) realizavam o pagamento de propina a vereadores integrantes da Mesa Diretora desde a gestão passada. Os envolvidos Idenor Machado (PSDB), Pedro Pepa (DEM) e Cirilo Ramão (MDB) foram presos. Dois deles, Pepa e Cirilo, integravam uma nova chapa que colocaria o democrata na chefia do legislativo douradense durante o biênio 2019/20. Um levantamento feito pelo Dourados News revelou que desde que os esquemas iniciaram, os acusados faziam uma espécie de rodízio na Mesa Diretora para garantir a continuidade das fraudes. Além dos parlamentares, foram presos também o ex-vereador Dirceu Longhi (PT), os empresários Denis da Maia e Jaison Coutinho e o ex-servidor da Casa, Amilton Salinas. Nesta semana, no dia 17, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul concedeu liberdadeapós deferimento de habeas corpus aos legisladores e posteriormente a empresários. Realmente não foi fácil. 2018 foi um ano que deixou o douradense com uma pulga atrás da orelha e o pior, desesperançou muitos após às seguidas decepções. Dourados carece de melhoria na saúde, na educação, na infraestrutura. Tudo isso é evidente. E ao analisar todas essas necessidades e compará-las ao que se viu na política durante esse período, o único sentimento é de indignação. Hoje o município completa 83 anos e a expectativa é de que o caminho para o 84º aniversário seja menos penoso para quem constrói Dourados diariamente.
Por Vinicios Araújo
Foto Osvaldo Duarte
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