Tarifa de ônibus a R$ 8? Passageiros opinam sobre aumento em Campo Grande

02/12/2022 09h10 - Atualizado há 1 ano

Moradores dizem que falta qualidade no transporte público para justificar aumento na tarifa

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Foto: Nathalia Alcântara, Midiamax

Com a tarifa atualmente a R$ 4,40, planilha do Consórcio Guaicurus aponta para reajuste que pode fazer a tarifa chegar a R$ 8 no transporte público de Campo Grande. Com o indicativo, os passageiros opinam e comentam sobre a falta de qualidade do transporte e o que pode ser melhorado.

A jovem aprendiz Alice Maria Monteiro, relatou que pega ‘busão’ todos os dias e mora nas Moreninhas. “Eles aumentam o valor, mas não aumentam os ônibus. Andamos todos apertados. E demora horas e horas para chegar”, comentou, sobre os atrasos.

A costureira Franciele também usa o transporte público todos os dias e disse que a qualidade atual do serviço não condiz com a proposta de nova tarifa. “Não tem como esse valor. A qualidade é péssima. Se fosse uma qualidade melhor, tivesse ar-condicionado, um estofamento [nos assentos], justificaria. Sempre está cheio e sempre demora ou adianta demais”, disse.

O servidor público federal, Alex Ferreira, de 39 anos, disse que também precisa utilizar o transporte todos os dias e se surpreendeu com o valor de planilha apontado pelo Consórcio a R$ 8.

“Inadmissível. Se pegar o PIB brasileiro, a economia em si, está totalmente fora de cogitação, é algo totalmente errado, porque estão querendo ganhar em cima da população, com um transporte que não é agradável para a população. O nosso transporte é muito precário”, afirma.

A aposentada Socorro Matos, de 65 anos, lamentou a qualidade oferecida e criticou a falta de amparo do poder público. “Acho que o transporte público é um direito fundamental, o transporte que temos hoje é o que o poder público joga nas mãos dessas empresas. Precisamos de um transporte público de qualidade”, afirma.

Se a tarifa um dia chegar a R$ 8, Elza, que é diarista, diz que ‘vai pesar no bolso’. “É uma péssima ideia. Sou diarista e eu que pago a passagem. E aí ficaria complicado. É horrível a qualidade do transporte público. Tem horário que é triste, é muito ruim”, disse.

Serviço "precisa melhorar muito"

O vereador que preside a Comissão de Transporte e Trânsito da Câmara Municipal de Campo Grande, Coronel Alírio Villasanti (PSL), disse ao Midiamax que acompanha as negociações da nova tarifa de ônibus da Capital.

"Participei da última reunião no TCE onde foi tratado sobre o TAG (Termo de Ajustamento de Gestão) que foi firmado com o Consórcio. Na reunião ficou definido que o Consórcio apresentará as planilhas e a Agereg fará a análise. Avalio que R$ 8 é um valor alto para um serviço que precisa melhorar muito", disse o vereador.

Conforme Villasanti, mais da metade dos pontos de ônibus em Campo Grande não possuem abrigo aos moradores que utilizam o transporte público. A comissão apurou que, dos 4.348 pontos de ônibus, 2.207 são descobertos.

"São muitas reclamações. Aglomeração nos terminais, linhas com ônibus superlotados, atrasos, terminais sem manutenção, ônibus velhos, falta de abrigos nos pontos de ônibus. Podia melhorar, por exemplo, fazendo uma parceria público privada para administração dos terminais como já acontece em várias capitais, dando dignidade aos usuários", afirmou.

Reajuste de R$ 6,16

Em junho deste ano, a empresa passou por greve de funcionários e julgamento de anulação de contrato de concessão. Nesse período, o grupo das empresas de ônibus apresentou ao município solicitação para reajuste da tarifa para R$ 6,16.

Conforme solicita o consórcio, o valor do vale-transporte poderia superar os R$ 6,16. O valor é R$ 1,01 acima da tarifa técnica em vigor na Capital desde janeiro de 2022. Para que o usuário não custeie integralmente a tarifa técnica, a prefeitura estabelece acordo com o consórcio que contempla isenções do ISSQN (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza) e aporte para custeio de gratuidades dos estudantes e idosos.

Prestação de contas

O consórcio chegou a prestar contas do TAG (Termo de Ajustamento de Gestão) na Escoex (Escola Superior de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul), dois anos após assiná-lo com o objetivo de revisar o contrato.

Em 2020, a empresa assinou contrato na gestão de Marquinhos Trad (PSD), que determinava as melhorias no transporte público da Capital, como instalação dos corredores de ônibus, segurança nos terminais, concursos para evitar atrasos e implementar a melhoria no serviço, diariamente criticado pelos usuários do transporte coletivo.

O Consórcio Guaicurus admitiu em reunião que cumpriu 5 dos 18 pontos do TAG firmado, no entanto, condicionou a aplicação das mudanças ao reajuste do passe de ônibus em 2023.

Priscilla Peres e Mariane Chianezi

MIDIAMAX