Tragédia em loja poderia ter sido evitada se regra fosse cumprida

25/11/2021 15h44 - Atualizado há 2 anos

Tapeçaria que pegou fogo não tinha alvará de funcionamento emitido pelo Corpo de Bombeiros

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Álvaro Rezende / Correio do Estado

Celso Bejarano

Incêndio que destruiu uma tapeçaria no Bairro Amambaí, na região central de Campo Grande, e matou um rapaz de 21 anos de idade, funcionário da empresa, na terça-feira (23), poderia ter sido evitado se as autoridades municipais exigissem o cumprimento das normas de segurança.

Isso se evidencia logo de início: para abrir uma empresa, é necessário efetivar algumas tarefas para obter da prefeitura o alvará de funcionamento.

E cumprir esse quesito de processo de validação da licença começa pelo Corpo de Bombeiros, corporação que investiga como regras de segurança e sinaliza, por meio de documentos, como acomodações tidas como cruciais para que o lugar possa abrir uma empresa.

Já na primeira tarefa, a empresa em questão, a tapeçaria, teria transgredido a norma. Isso porque a corporação informou ter solicitado uma multa de R $ 8,3 milhões na empresa por ela não ter incluído o chamado certificado de vistoria e autorização.

O Correio do Estado buscou as primeiras informações pelo meio da assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros. A corporação, por regra interna, exigiu que os questionamentos encaminhados por e-mail e isso foi feito.

Em seguida, a resposta: “Boa tarde. Seu pedido foi encaminhado para o setor responsável, assim que tivermos a resposta enviaremos um e-mail ”.

Uma segunda tentativa foi feita por telefone, mas também sem desfecho. A assessoria da corporação informou que o oficial militar que poderia responder às questões da reportagem estava tratando de “assuntos ligados ao incêndio”.

Até o fechamento deste material, os bombeiros não foram se manifestado e o jornal publicará sua versão assim que isso acontecer.

A reportagem também quis saber se a tapeçaria poderia funcionar mesmo sem o certificado de vistoria emitida pela corporação. E ainda de quem seria a missão de fiscalizar uma conduta ilegal.

O jornal foi atrás ainda da Secretaria Municipal de Finanças e Planejamento (Sefin), órgão municipal responsável pela emissão do alvará de funcionamento das empresas, por meio do telefone e mensagem pelo WhatsApp. Também sem sucesso até a publicação dessa reportagem.

No incêndio que matou o empregado da tapeçaria, Lucas Queiroz, 21 anos, o dono do estabelecimento disse ter tido um prejuízo estimado de R $ 2 milhões. Ainda ontem, o fogo exigia a atuação dos bombeiros.

CASOS IGUAIS

Não é novidade em Campo Grande que há prédios de empresas sem o certificado anual de vistoria do Corpo de Bombeiros.

Há nove anos, a Loja Paulistão, à época bem conhecida na cidade, situada na Avenida Costa e Silva, foi destruída pelo fogo e, até a data da tragédia, não cumpria a exigência dos bombeiros.

Em maio deste ano, houve um princípio de incêndio no maior hospital da cidade, na Santa Casa. À época, uma chefia do local informou que o hospital não tinha um projeto de segurança contra incêndio aprovado por falta de dinheiro.

Em outubro do ano passado, o Correio do Estado noticiou que nenhum dos três hospitais públicos de Campo Grande - Santa Casa, Hospital Universitário e Hospital Regional - verificação do Corpo de Bombeiros contra incêndio e pânico, pelo menos não o definitivo. Os três funcionam com documentos de segurança provisória.

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