Tragédia em loja poderia ter sido evitada se regra fosse cumprida
Tapeçaria que pegou fogo não tinha alvará de funcionamento emitido pelo Corpo de Bombeiros
Celso Bejarano
Incêndio que destruiu uma tapeçaria no Bairro Amambaí, na região central de Campo Grande, e matou um rapaz de 21 anos de idade, funcionário da empresa, na terça-feira (23), poderia ter sido evitado se as autoridades municipais exigissem o cumprimento das normas de segurança.
Isso se evidencia logo de início: para abrir uma empresa, é necessário efetivar algumas tarefas para obter da prefeitura o alvará de funcionamento.
E cumprir esse quesito de processo de validação da licença começa pelo Corpo de Bombeiros, corporação que investiga como regras de segurança e sinaliza, por meio de documentos, como acomodações tidas como cruciais para que o lugar possa abrir uma empresa.
Já na primeira tarefa, a empresa em questão, a tapeçaria, teria transgredido a norma. Isso porque a corporação informou ter solicitado uma multa de R $ 8,3 milhões na empresa por ela não ter incluído o chamado certificado de vistoria e autorização.
O Correio do Estado buscou as primeiras informações pelo meio da assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros. A corporação, por regra interna, exigiu que os questionamentos encaminhados por e-mail e isso foi feito.
Em seguida, a resposta: “Boa tarde. Seu pedido foi encaminhado para o setor responsável, assim que tivermos a resposta enviaremos um e-mail ”.
Uma segunda tentativa foi feita por telefone, mas também sem desfecho. A assessoria da corporação informou que o oficial militar que poderia responder às questões da reportagem estava tratando de “assuntos ligados ao incêndio”.
Até o fechamento deste material, os bombeiros não foram se manifestado e o jornal publicará sua versão assim que isso acontecer.
A reportagem também quis saber se a tapeçaria poderia funcionar mesmo sem o certificado de vistoria emitida pela corporação. E ainda de quem seria a missão de fiscalizar uma conduta ilegal.
O jornal foi atrás ainda da Secretaria Municipal de Finanças e Planejamento (Sefin), órgão municipal responsável pela emissão do alvará de funcionamento das empresas, por meio do telefone e mensagem pelo WhatsApp. Também sem sucesso até a publicação dessa reportagem.
No incêndio que matou o empregado da tapeçaria, Lucas Queiroz, 21 anos, o dono do estabelecimento disse ter tido um prejuízo estimado de R $ 2 milhões. Ainda ontem, o fogo exigia a atuação dos bombeiros.
CASOS IGUAIS
Não é novidade em Campo Grande que há prédios de empresas sem o certificado anual de vistoria do Corpo de Bombeiros.
Há nove anos, a Loja Paulistão, à época bem conhecida na cidade, situada na Avenida Costa e Silva, foi destruída pelo fogo e, até a data da tragédia, não cumpria a exigência dos bombeiros.
Em maio deste ano, houve um princípio de incêndio no maior hospital da cidade, na Santa Casa. À época, uma chefia do local informou que o hospital não tinha um projeto de segurança contra incêndio aprovado por falta de dinheiro.
Em outubro do ano passado, o Correio do Estado noticiou que nenhum dos três hospitais públicos de Campo Grande - Santa Casa, Hospital Universitário e Hospital Regional - verificação do Corpo de Bombeiros contra incêndio e pânico, pelo menos não o definitivo. Os três funcionam com documentos de segurança provisória.
CORREIO DO ESTADO