Sem conclusão, Anel Viário da Capital se torna depósito de lixo

16/03/2022 14h55 - Atualizado há 2 anos

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano comunicou que esse tipo de prática registrada em Campo Grande configura crime ambiental

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Gerson Oliveira

THAIS LIBNI

Trecho do Anel Viário de Campo Grande, que liga as saídas de Rochedo e Cuiabá, tornou-se um depósito de lixo antes mesmo de ser concluído.

O Correio do Estado visitou o local ontem, e foi possível encontrar muitos entulhos de obras, móveis e sacos de lixo sobre longos percursos da pista.

Por ficar afastado do centro urbano de Campo Grande, o trecho passou a ser alvo de uma parcela irresponsável da população, que não se preocupa em fazer o descarte de restos de obras de forma correta.

Segundo o comerciante Marcos Pache, de 48 anos, que trabalha há oito meses no local, o descarte irregular na área ocorre diariamente.

“O dia todo eu vejo carros populares e caminhões passando com lixo, eles agem bem rápido e logo vão embora. Jogam o lixo de construção, plantas, móveis velhos, lixo de casa, todo tipo de coisa que você imaginar e não têm vergonha de fazer isso, ainda mais por ser um local mais afastado da cidade”, desabafou.

Para Pache, faltam ações de fiscalização e limpeza no local, além de sinalização de proibição de descarte irregular de lixo.

“Acredito que equipes da prefeitura deveriam passar com mais frequência por este trecho, além da sinalização de proibição de descarte. Outra coisa que precisam fazer urgentemente é uma ação de limpeza, para que esse lixo todo não se acumule ainda mais”, sugeriu.

A Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (Semadur) informou que fiscalizações para combater o descarte irregular no local ocorrem constantemente.

“A fiscalização está ocorrendo em vários pontos da cidade, principalmente havendo o monitoramento, tanto por parte da Semadur como pela Guarda Civil Metropolitana [GCM], de alguns pontos onde o descarte é recorrente”, informou.

Em nota, a Semadur comunicou que esse tipo de prática configura crime ambiental.

“O cidadão que for flagrado realizando o descarte irregular de resíduos pelas forças de segurança pública responderá por crime ambiental. Caso flagrado por um auditor-fiscal da Semadur, será autuado, via processo administrativo, de acordo com o Código de Polícia Administrativa, Lei 2.909/92, do município de Campo Grande. A multa neste caso varia entre R$ 2.727,50 e R$10.910,00”.

Ainda segundo a secretaria, “nos casos em que o cidadão presenciar rotineiramente o descarte irregular de resíduos, denúncias devem ser realizadas de imediato para a Patrulha Ambiental da Guarda Civil Metropolitana, via telefone 153”.

Por fim, a Semadur ainda informou que há cinco Ecopontos, em diferentes regiões da Capital, para atender de forma gratuita a população. “Temos cinco Ecopontos espalhados por Campo Grande, que funcionam diariamente e de forma gratuita. Compete ao munícipe também fazer a parte dele”.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) e questionou sobre a limpeza do trecho. No entanto, a Sisep não se pronunciou sobre a questão.

HISTÓRICO

As obras do Anel Viário, que deve ligar as saídas de Rochedo e Cuiabá, já duram 18 anos. Os trabalhos na última etapa começaram recentemente, mas ainda sem data para conclusão.

A construção da rotatória restante está a cargo do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), que já conta com equipes trabalhando no local. O acesso está sendo implantado no km 495+340 da rodovia, administrada pela concessionária CCR MSVia.

Os trabalhos de infraestrutura do trecho começaram em 2004, no fim da segunda administração do ex-prefeito da Capital André Puccinelli. A conclusão está pautada em R$ 30.875.027,81.

Segundo informações do portal Mais Obras, que reúne dados de todas as intervenções em execução na cidade, a obra do Anel Viário ficou inoperante por um total de 32 meses.

A vantagem de um anel viário é fazer com que os veículos, especialmente os pesados, como carretas e caminhões, contornem a cidade sem passar por dentro dela.

O trecho existente conecta a BR-262 (em Indubrasil), passando pelo Núcleo Industrial, a BR-060 (ligação com Sidrolândia, Maracaju, Dourados e Ponta Porã), outra ponta da BR-163, já na saída para São Paulo, e a saída para Cuiabá no sentido leste-oeste, desaguando na rotatória em frente ao Shopping Bosque dos Ipês.

SAIBA

O descarte irregular de lixo na Capital pode gerar multa que varia de R$ 2.727,50 a R$ 10.910,00. 

CORREIO DO ESTADO