Sem acordo, ameaça de greve de professores continua

19/02/2022 09h45 - Atualizado há 2 anos

Educadores desconfiam que nova proposta de Marquinhos Trad também não será cumprida

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Cerca de 5 mil professores participaram de passeata ontem em Campo Grande (Divulgação/ACP)

Continua o impasse entre a prefeitura da Capital e os professores da Rede Municipal de Ensino a respeito da questão salarial da categoria. Em reunião às portas fechadas, o prefeito Marquinhos Trad não conseguiu convencer os educadores a aceitarem a proposta de aumento escalonado em duas parcelas, uma para o ano que vem e outra em 2024, para que seja alcançado o piso nacional do magistério. Os educadores receiam que também esse acordo não seja cumprido (veja aqui). Por conta disso, a ameaça de greve continua.

Ontem, a prefeitura anunciou reajuste de 10,06% este ano a todos os servidores, índice que repõe as perdas com a inflação. A esse valor seriam somados, apenas aos professores, 11,56% de reajuste em 2023 e mais 11,56% em 2024, alcançando assim os 33,24% referentes ao piso nacional. Além de ser uma proposta de longo prazo, nada garante que o acordo será cumprido e os educadores estão com um pé atrás com relação ao prefeito.

Isso porque Marquinhos Trad não cumpriu acordo assinado no ano passado no qual foram estabelecidas diversas metas, todas elas ignoradas pelo prefeito, que alegou falta de recursos financeiros suficientes para implementá-las.

Os professores têm claro o entendimento de que, a exemplo da anterior, a proposta apresentada ontem não será cumprida nem por Trad e muito menos pela vice, Adriane Lopes, caso esta venha a assumir a prefeitura após a renúncia do titular, já anunciada para o início de abril.

“O prefeito Marquinhos Trad cascateia divinamente”, disse um dirigente da Associação Campo-Grandense dos Profissionais da Educação (ACP), que prefere não se identificar, com receio de sofrer represálias, ao lembrar que “nem documento com a própria assinatura ele cumpre”.

Acordo descumprido

Preenchimento de todas as vagas puras de professores ainda existentes com os aprovados em concurso de 2016; realização de concurso público neste ano; e pagamento do piso salarial nacional de R$ 3.845,34 (correção prevista na Lei Municipal 5.411/2014) são termos que constam do acordo datado de 5 de agosto de 2021.

Segundo o presidente da ACP, Lucílio Souza Nobre, a proposta de parcelamento do reajuste para se chegar ao piso nacional não é interessante para categoria e ficou definido que na próxima segunda-feira, 21, nova proposta será feita, que terá resposta da categoria na quinta-feira, 24.

Passeata

Ontem, cerca de 5 mil professores participaram de passeata até o Paço Municipal, onde foram recebidos pelo prefeito Marquinhos Trad. Eles não trabalharam na sexta-feira, atendendo convocação da ACP para o Dia de paralisação em defesa do Piso 20h da REME. Os reflexos da paralisação não foram sentidos pela comunidade escolar porque as aulas ainda não começaram, já que faltam itens da merenda e kits pedagógicos, ainda em processo de compra pela prefeitura.

Aprovada há quase uma década, a Lei Municipal 5.411/2014, que estabelece o valor do Piso Nacional do Magistério, não está sendo cumprida pela prefeitura de Campo Grande. Há dois anos sem correção salarial, em 2022 a categoria reivindica a aplicação da correção de 33,24% para avançar na integralização do Piso 20h REME.

Por VOXMS