Professores cobram investigação sobre contracheque oculto

20/12/2022 09h32 - Atualizado há 1 ano

Holerite que não estava no portal da transparência da prefeitura da Capital indicava que os secretários recebiam R$ 34,4 mil por mês de aditivos nos salários

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Judson Marinho

Os ganhos extras de servidores do primeiro escalão da Prefeitura de Campo Grande ontem entraram em debate durante a assembleia geral do Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública (ACP).

Questionado sobre o “contracheque oculto” dos secretários do município, que tiveram renda extra mensal de R$ 34,4 mil com uso de jetons e encargos especiais, o presidente da ACP, Gilvano Bronzoni, disse que o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) deveria investigar a manobra.

“Sobre essa questão de alguns secretários terem outras verbas atribuídas aos seus salários, acreditamos que seja uma questão que o Ministério Público deveria investigar”, disse Bronzoni.

De acordo com o presidente da ACP, caso for comprovado o contracheque oculto, a prefeitura da Capital e a Câmara Municipal deveriam vir a público explicar o porquê dessas verbas terem sido incorporadas ao pagamento dos servidores.

“A prefeita [Adriane Lopes] e todo o Executivo devem dar respostas. Essas manobras não são morais para a realidade econômica que vivemos em Campo Grande hoje”, salientou Bronzoni.

INCOERÊNCIA

O uso de contracheque oculto para turbinar o salário de secretários municipais ocorre em meio à negociação do município com os professores da Rede Municipal de Ensino (Reme), em que a principal argumentação da prefeita Adriane Lopes (Patriota) é a falta de dinheiro para honrar o compromisso de pagar o reajuste de 10,39% previsto em lei.

O salário dos professores municipais varia de R$ 2,2 mil (mínimo para 20 horas) a R$ 15.982,07 (máximo para 40 horas, porém, não atingido por praticamente nenhum dos integrantes do quadro).

“Vamos cobrar com relação à responsabilidade. Em um cenário em que se diz que não há dinheiro para atender a educação, a prefeitura discute outros aumentos [salariais]? Aí é uma contradição descabida no atual momento”, declarou Bronzoni.

SALÁRIO DA PREFEITA

A Câmara Municipal hoje deve votar o projeto de lei que prevê aumento salarial para a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, bem como para os secretários.

A matéria entrou em tramitação em outubro, mas foi retirada de pauta para readequação. Hoje o salário da mandatária é de R$ 21,2 mil e passaria para R$ 35,4 mil a partir do dia 1° de janeiro.

Já os secretários ganhariam R$ 30,1 mil; atualmente, eles têm salário de R$ 11,6 mil. Segundo o presidente da ACP, a prefeita e os vereadores devem julgar se esse aumento é necessário neste momento.

“Os vereadores e a prefeita acompanham a realidade da cidade, que não tem como honrar com a educação”.

PROPOSTA NEGADA

A Prefeitura de Campo Grande recusou, nesta segunda-feira, a contraproposta feita pelos professores da Reme para o pagamento do reajuste salarial.

A proposta dos docentes foi feita após a recusa da ideia da prefeita de escalonar o reajuste de 10,39% em três vezes.

Conforme já publicado pelo Correio do Estado, a proposta do Executivo previa o reajuste de 10,39% escalonado em três parcelas, sendo 3,42% em janeiro, 3,48% em maio e 3,48% em dezembro do ano que vem, o que não foi aceito pela categoria.

A contraproposta da ACP foi parcelar o reajuste em duas vezes: uma parcela de 3,42% em janeiro e 6,97% em março de 2023, o que foi recusado por Adriane Lopes.

Inicialmente, era esperado que o valor do reajuste fosse pago de forma integral com o salário de novembro.

JUDSON MARINHO

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