Pregões fracassam e 25% dos medicamentos seguem em falta nos postos da Capital

23/03/2023 10h29 - Atualizado há 1 ano

Atualmente existem nove licitações em andamento para compra de remédios. Oito delas já restaram vazias pelo menos uma vez em datas anteriores

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De cada quatro medicamentos que normalmente estão nas prateleiras dos postos da Capital, um está em falta - ARQUIVO

Dados da Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande apontam que um em cada quatro medicamentos que normalmente são fornecidos nos postos de saúde estão em falta. E ao que tudo indica, o problema não terá solução rápida, pois os fornecedores simplesmente não se interessam em fazer negócios com o poder público.

Atualmente existem nove pregões em andamento para tentar repor os estoques. Porém, oito deles já fracassaram anteriormente porque simplesmente ninguém apresentou proposta. Isso porque os preços oferecidos estão muito baixos e os fornecedores ser recusam a vender o produto pelos preços oferecidos.

Outros quatro processos, porém, estão adiantados e somente falta a prefeitura depositar o dinheiro para que a indústria farmacêutica faça a entrega dos medicamentos.

E Campo Grande não pode simplesmente elevar a oferta de preço para conseguir acabar com o problema. Conforme nota da assessoria da Sesau, o município precisa obedecer a “tabela da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed), que estabelece limites nos valores dos medicamentos adquiridos pelo SUS”.

Ainda conforme a Sesau, “esta falta de medicamentos é um cenário que se apresenta em todo o território nacional, não sendo exclusivo ao município de Campo Grande”. E além dos baixos valores oferecidos nas licitações, existem outros fatores que explicam as prateleiras vazias nas farmácias nos postos. Ainda “é o reflexo da pandemia e guerra na Ucrânia, que impactaram diretamente no fornecimento de insumos necessários para a fabricação desses medicamentos”, conforme nota da Sesau.

E numa tentativa de acelerar uma solução, a prefeitura está estudanto a possibilidade de “adesão a consórcios de medicamentos com outros municípios do estado e participar de atas de compras com cidades como Cuiabá, Rio de Janeiro, Curitiba e São Paulo”.

A esperança é que a participação em consórcios possa despertar o interesse de fornecedores porque nesses casos a venda ocorre em grandes lotes e a margem menor de lucro do fornecedor é compensada pela grande quantidade de material entregue. Contudo, isso ainda está em estudo no setor de compras da prefeitura.

Entre os medicamentos que estão em falta existem produtos básicos, como cloreto de sódio, que é um descongestionante nasal mais conhecido como Sorine. Mas também há carência de medicamentos mais preocupantes, como cefalexina, um antibiótico usado para combater infecções respiratórias, infecções na pele, nos ossos e no sistema urinário.

NERI KASPARY

MIDIAMAX