População tem mais medo da Covid-19 que do desemprego

05/04/2021 10h37 - Atualizado há 3 anos

Em contrapartida, levantamento aponta que 56,36% dos entrevistados são contrários ao lockdown na Capital para conter o avanço da pandemia

Rafaela Moreira

A maioria dos campo-grandenses tem mais medo da Covid-19 que do desemprego. É o que revela o levantamento feito pelo Instituto de Pesquisa Resultado (IPR) a pedido do Correio do Estado.

Foram ouvidas, por telefone, 1.100 pessoas entre os dias 23 e 25 de março deste ano. Desse total, 60% se preocupam mais em testar positivo para a Covid-19, enquanto 39,91% têm mais medo do desemprego durante a pandemia. A margem de erro é de 3% para mais ou para menos.

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O economista Rafael Ribeiro explica que os problemas de saúde que o País enfrenta são motivo de preocupação em meio ao colapso no sistema de saúde.

“Vivemos um período de muita instabilidade e insegurança. A expectativa era de que a vacinação fosse em ritmo mais acelerado, a preocupação com o vírus é real e importante, muitas vidas estão se perdendo, por isso o medo da população quanto à Covid-19. A pandemia afeta a economia diretamente, não tem como negar isso, ela influencia no consumo, na empregabilidade e no fechamento ou não de empresas”, afirma.

Rafael defende que a aceleração da imunização contribuirá para a geração de mais oportunidades no mercado de trabalho e na confiança da população de retornar às atividades que tiveram de reduzir ou suspender o atendimento para não causar aglomerações.

“O mais importante é acelerarmos a vacinação e garantirmos que as pessoas possam trabalhar com segurança, assim não teremos que escolher entre trabalhar ou se sentir seguro quanto ao vírus, a imunização em massa é a única maneira de vencermos a crise”, pontua.

LOCKDOWN

A mesma pesquisa IPR/Correio do Estado mostrou que 56,36% da população é contra o lockdown – uma das principais medidas de enfrentamento ao coronavírus – para conter o avanço da pandemia, outros 43,64% se mostraram favoráveis a medidas mais rígidas para conter o contágio.

“A pandemia influenciou diretamente a vida de milhares de pessoas, muitas famílias tiveram de se reinventar em meio à crise, existe um número imenso de pessoas desempregadas e com suas famílias para criar. Vários setores foram diretamente prejudicados e até hoje não recuperaram receita”, destaca Ribeiro.  

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MEDIDAS

Ainda conforme o levantamento, 75,45% dos entrevistados são a favor de medidas de isolamento mais rígidas, em que as pessoas devem evitar sair de casa para conter a propagação do vírus. Na contramão, o governo do Estado publicou em edição extra do Diário Oficial medidas de flexibilização do isolamento a partir de hoje.

Após quase duas semanas de medidas restritivas contra o vírus, com fechamento de atividades não essenciais, Campo Grande passou do grau extremo para o alto de contaminação por Covid-19, saindo da bandeira cinza para a vermelha.

Segundo o decreto, seguem proibidos eventos, reuniões e festividades em clubes, salões, centros esportivos e afins com mais de 50 pessoas. O comércio em geral pode reabrir as portas, mas com limitação de atendimento ao público de, no máximo, 50% da sua capacidade instalada, com distanciamento de 1,5 m e medidas de biossegurança.

O doutor e economista Michel Constantino defende que saúde e economia andam juntas e devem ser prioridades do governo.

“Não existe dicotomia entre saúde e economia, existe uma só via em que é necessário garantir saúde e ações para que a economia continue girando para todos. Saúde e economia são fatores que devem constar juntos, o governo não pode pedir para ficar trancado em casa a todo momento, é necessário termos medidas para atravessarmos essa situação”, pontua.

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EFEITOS DA PANDEMIA. A maioria das pessoas teme mais a contaminação pela doença do que a perda de emprego - Foto: Bruno Henrique

Correio do Estado