Poluição atinge maior patamar do ano e tendência é de alta
Frente fria que chega hoje a Mato Grosso do Sul deve derrubar temperaturas, mas umidade segue baixa e chuva só deve ser registrada na região sul do Estado
DAIANY ALBUQUERQUE
Nem com a chegada de uma frente fria em Campo Grande, hoje, a qualidade do ar deve melhorar na Capital.
De acordo com dados da Estação da Qualidade do Ar pertencente ao Laboratório de Ciências Atmosféricas (LCA) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), a cidade enfrenta agora o maior patamar de poluição atmosférica do ano e a tendência é de que este número continue aumentando.
Segundo Vinícius Buscioli Capistrano, professor pós-doutor pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ontem, a concentração de poluentes no ar estava em 22, de uma escala que vai até 400.
Esse número está no patamar considerado bom, mas o pesquisador afirma que esse índice é alto em relação ao que vem sendo coletado pela Estação desde o ano passado.
“Para as medições que a gente vem fazendo desde o ano passado, é um índice alto, relativo ao que a gente vem medindo, e ainda se encontra em ascensão. É uma relação com a queda da umidade e os dias consecutivos sem chuva, quanto mais seco e sem chuva, há uma tendência de aumento desse índice de qualidade do ar. É um índice, embora esteja na classe boa, é relativamente alto pelo que a gente vem medindo nos últimos meses”, explicou Capistrano.
Os poluentes registrados pela Estação de Qualidade do Ar, localizada na UFMS, próximo a Avenida Costa e Silva, são o de material particulado (PM, em inglês) com diâmetro não superior a 10 micrômetros (µm) e o PM com diâmetro de 2,5 µm.
“Os poluentes na atmosfera podem ser de origem natural, por exemplo, a vegetação e a erosão do solo, vulcões podem emitir poluentes para a atmosfera, mas também podem ser de origem antropogênica, residencial, comercial, industrial e veicular. Em especial, a Estação de Qualidade do Ar está bem próxima à Avenida Costa e Silva, então ela tem uma capacidade bem grande de detectar o efeito do transporte rodoviário nessa região”, acrescentou o pesquisador.
O professor destacou que os períodos com maior emissão dos poluentes em Campo Grande são no começo da manhã e no fim da tarde e início da noite, período considerado como de pico e que há maior circulação de veículos pela cidade.
Reportagem do Correio do Estado, de agosto do ano passado, já demonstrava esses números, quando os maiores picos eram compreendidos nas sextas-feiras e o pior horário era o das 18h.
“Esse índice quanto maior, maior é o grau de poluição na atmosfera, ele comumente aumenta nos períodos secos, se há maior suspensão do material particulado na atmosfera e não há a chuva para fazer a limpeza na atmosfera. Então, essas ações combinadas fazem com que os poluentes fiquem mais tempo na atmosfera. Combinado com o fato de a poluição atmosférica ter impacto na saúde pública, isso agrava quadros de problemas respiratórios”, ressaltou Capistrano.
O pesquisador exemplifica que, nesta semana, de segunda a quinta, a cidade registrou temperaturas muito altas, e isso implica em baixa umidade relativa do ar. Dados medidos na Estação apontam que a umidade chegou a 30% naquela região, entretanto, em outros lugares da cidade, foi registrada umidade ainda menor, chegando aos 20%.
PREVISÃO
Apesar de uma frente fria chegar hoje em Mato Grosso do Sul, a umidade em Campo Grande não deve sofrer grande impacto. Podendo atingir a mínima de 25%, apenas 5% acima do que estava sendo registrado durante a semana passada.
Conforme dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o frio não deve durar muito tempo, já que no domingo a máxima a ser registrada na Capital deve ser de 30°C.
Hoje, a mínima deve ficar em 16°C na Capital e a máxima será de 24°C. No sábado, porém, a temperatura deve ser ainda menor, variação de 9°C a 25°C. No domingo, entretanto, os termômetros voltam a aumentar, com mínima de 13°C e máxima de 30°C.
Segundo a meteorologista Naiane Araújo, do Inmet, a “secura” deve continuar na Capital, entretanto, pode ocorrer pancadas de chuva em alguns locais do Estado, principalmente na região sul de Mato Grosso do Sul.
Nessa região, há possibilidade de geada no sábado em, pelo menos, duas cidades do Estado. Amambai e Ponta Porã devem ter as menores temperaturas de Mato Grosso do Sul no período. No caso da primeira, o sábado deve ser de termômetros a 4°C e o domingo com mínima de 6°C, já em relação a Ponta Porã, a temperatura deve chegar a 5°C no sábado e 7°C no dia seguinte.
Em outra região do Estado, no entanto, três cidades completam 40 dias sem nenhuma chuva, e não há previsão para que isso seja resolvido esta semana. É o caso de Paranaíba, Água Clara e Bataguassu. Já Campo Grande chegou ontem há 15 dias sem precipitação.
O frio fica pouco tempo e já na segunda-feira Campo Grande deve ter temperatura máxima de 34°C, a mínima será de 16°C. A umidade, na próxima semana, pode ser ainda mais baixa, chegando próximo ao índice de atenção.
CORREIO DO ESTADO