Pacientes reclamam esperar mais de 4 horas para atendimento em UPA de Campo Grande
Mulher alega que filha não pode realizar exame de raio-x, porque o aparelho estaria quebrado; Sesau nega
Pacientes que buscam atendimento na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Coronel Antonino são recepcionados com lotação e frustração nesta segunda-feira (6), em Campo Grande. Pacientes relatam espera superior a 4 horas, além da falta de equipamentos.
No local, a longa fila de pessoas na parte externa da unidade e grande número de pacientes na recepção indicam a demora para que todos possam ser atendidos. Adriana Laís, de 34 anos, comenta ter esperado mais de 4 horas para que sua filha, de 1 anos, pudesse ser atendida.
“Minha filha está gripada e com coriza. Perguntei sobre a possibilidade de realizar um raio-x, mas o médico informou que o aparelho estava quebrado. Receitaram dipirona e exame de sangue”, comentou a mãe.
Ainda na espera por atendimento para a filha de 7 anos, Sonia Aparecida, de 58 anos, afirma ter chegado na unidade às 13h30 e passado pela triagem às 15h20, ou seja, 2h20 depois. “A mulher [na triagem] me falou que ainda estavam atendendo as pessoas das 10h”, comentou.
Por meio de nota, a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) admitiu o aumento na procura por atendimento nas unidades 24 horas da Capital, mas afirmou que as declarações emitidas pelos pacientes não procedem, pois não teriam sido registradas esperaras superiores a 4h e o aparelho de raio-x estaria funcionando normalmente na data de hoje.
A secretaria também informou que a escala médica da unidade se encontra completa nesta segunda, com seis pediatras e seis clínicos gerais atendendo, além de um médico da equipe móvel que foi ao local para reforçar os atendimentos na unidade.
Cinco mil atendimentos no dia
Conforme levantamento realizado pelo Jornal Midiamax na última semana, o número de atendimentos pediátricos chegou a média de 5 mil diários nas UPAs e CRSs de Campo Grande.
Dados disponibilizados pela Sesau (Secretaria Municipal de Saúde) mostram um aumento de 347% no número de atendimentos pediátricos, que saiu de 1.117 diários para 5 mil em um período de quatro semanas.
Baixa vacinação causa aumento
Além do tempo e mudanças bruscas de temperatura, a baixa adesão à vacinação e o reaparecimento de vírus comuns podem estar atrelados a esta alta. Para o infectologista e pesquisador da Fiocruz (Fundação Osvaldo Cruz), Júlio Croda, a adesão baixa à vacinação infantil contra a covid-19 e influenza é um dos motivos.
Croda explica existirem quatro vírus responsáveis pelo aumento na procura por atendimento pediátrico: Sincicical respiratório, da Influenza, Rinovírus e Covid-19. Dentre eles, dois possuem imunizantes disponíveis na rede pública de saúde. Entretanto, o Sincicical respiratório e Rinovírus ainda não dispõem de imunizantes fabricados.
Ranziel Oliveira e Gabriel Neves
MIDIAMAX