No Regional, 82,6% das mortes não tinham todas as vacinas

10/02/2022 16h43 - Atualizado há 2 anos

O boletim mais recente do HRMS aponta que 76 pacientes ainda permanecem internados com a doença na instituição

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Gerson Oliveira

DAIANY ALBUQUERQUE, MARIANA MOREIRA

O impacto da vacinação contra a Covid-19 pode ser notado nos índices de mortes pela doença.

Dados obtidos pelo Correio do Estado revelam que no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul (HRMS), das 69 mortes em decorrência do coronavírus registradas neste ano, 82,6% dos óbitos foram de pessoas não vacinadas ou com o esquema de imunização incompleto.

Das 69 mortes, apenas 12 pacientes contavam com a dose de reforço, 45 estavam com o esquema vacinal incompleto e oito não tinham tomado nenhuma dose contra a doença. A situação vacinal de outros quatro pacientes não foi informada.

Um estudo apresentado pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) aponta que as pessoas que não são vacinadas contra a Covid-19 têm 97 vezes mais chances de morrer da doença do que as pessoas que são vacinadas e recebem a dose de reforço.

O boletim mais recente do HRMS, unidade de referência no tratamento da Covid-19 no Estado, aponta que 76 pessoas permanecem internadas na instituição com a doença.

Em um recorte mais preciso, dos 46 pacientes em enfermaria, 27 estão com o esquema vacinal incompleto (58%). A falta de vacinação foi registrada em quatro casos, dois adultos e duas crianças.

Dos 30 internados na unidade de terapia intensiva (UTI), 18 (60%) estão com a vacinação contra a Covid-19 incompleta. Outros cinco pacientes não se vacinaram contra a doença.

De acordo com o infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Julio Croda, existem três perfis: pessoas com uma dose, que vão ter maior risco de desenvolver a forma grave da doença; pessoas que receberam duas doses, que terão risco baixo; e os que já tomaram as três doses, que terão um risco muito menor de complicações e morte pela doença.

“Os idosos correm o maior risco de ter casos mais graves, principalmente se tiverem tomado a última dose da vacina há mais de cinco meses ou tenham alguma comorbidade. Precisamos aumentar o número de pessoas com o esquema vacinal completo, incentivar a segunda dose e aumentar a porcentagem de pessoas vacinadas”, reiterou Croda.

Conforme o infectologista, não há perspectiva de um novo aumento de casos. “Chegamos ao pico no dia 4 de fevereiro e, agora, nossa média móvel caiu, já estamos em movimento de queda de casos, mas os óbitos devem continuar subindo entre as duas próximas semanas. No início de março elas [mortes] devem começar a baixar”, salientou. 

INTERNAÇÕES

Até ontem, 442 pessoas estavam hospitalizadas com Covid-19 em Mato Grosso do Sul. Entre os internados, 289 estão em leitos clínicos (222 públicos e 67 privados) e 153 em leitos de UTI (127 públicos e 26 privados).

A taxa global de ocupação de leitos de UTI do Sistema Único de Saúde (SUS) na macrorregião de Campo Grande está em 94%.

Em Dourados, a lotação está em 101%. Três Lagoas opera com 63% das vagas ocupadas, e Corumbá, com 82%.

Em MS, 85,16% da população geral já recebeu a primeira dose contra o coronavírus. Em relação à segunda dose, 74,43% dos sul-mato-grossenses foram imunizados. Referente às doses de reforço, apenas 44,38% dos moradores acima de 18 anos foram vacinados no Estado.

CASOS

Dados do boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES) apontam que 26 pessoas morreram de Covid-19 nas últimas 24 horas em MS.

Este é o maior número de óbitos registrados em um único dia desde agosto de 2021.

Entre as mortes no boletim de ontem havia um bebê com menos de 1 ano do sexo masculino, que faleceu no município de Dourados. Ele testou positivo para Covid-19 em 1º de fevereiro e faleceu no dia 7.

Até esta quarta-feira, o Estado contabilizava 10.029 mortes pela doença desde o início da pandemia.

Por ora, 448.921 casos já foram confirmados em MS desde o início da pandemia. A média móvel dos últimos sete dias está em 2.538,4 casos diários.

DOSE DE REFORÇO

Desde ontem, idosos com mais de 60 anos e trabalhadores da saúde com 18 anos ou mais começaram a ser vacinados com a 4ª dose contra a Covid-19.

A SES tomou a decisão de implementar a dose de reforço baseada nas informações do Centro de Operações de Emergências (COE-MS) e da Comissão de Intergestores Bipartite (CIB).

“Temos mais de 80% de óbitos ocorrendo com idosos acima de 60 anos”, disse o titular da SES, Geraldo Resende.

Conforme a secretaria, 85.863 trabalhadores da saúde e 282.802 pessoas com 60 anos ou mais estão aptas a receber a 4ª dose contra a Covid-19. 

CORREIO DO ESTADO