Mesmo "sem ônibus", corredor de avenida fica ainda mais exclusivo e irrita taxistas
Sem aviso prévio, mudança em vigor há cerca de 20 dias já rende multas a condutores desatentos que eram autorizados a trafegar na faixa
Há menos de 20 dias, as faixas da direita da Avenida Duque de Caxias ficaram ainda mais exclusivas, voltadas agora especificamente para ônibus e veículos de emergência, o que incomodou os taxistas que aproveitam o movimento do aeroporto que, excluídos da permissão de usar o corredor mais rápido, já tem sido multados.
Sem qualquer tipo de aviso, as placas de permissão foram trocadas e - sem contar agora com qualquer menção aos taxistas - lista apenas a exclusividade para ônibus; veículos de emergência e as exceções para aqueles motoristas que usam a faixa para adentrar aos bairros ou atacadistas da região.
Prejuízo à profissão
Taxista há 22 anos, Cícero Pereiro do Prado (64) comenta sobre a falta de aviso que pegou todos os motoristas que trafegam pela região desprevenidos. "Aqui é desse jeito. Esse povo chega, mete a caneta em você e dane-se".
Elias de Barros Andrade também trabalha com táxi, há 28 anos, e - há cinco meses de completar 69 anos - comenta que até mesmo os passageiros reclamam dessa nova situação.
"Não concordam. Falam que está errado, pois se em toda cidade, como as capitais de São Paulo, Rio, o táxi pode andar nessa faixa", afirma.
Ele ressalta que a faixa exclusiva, que antes permitia a passagem de táxis, ajudava bastante a profissão, sendo que - atualmente - mesmo às 07h30 o engarrafamento já começa antes do Comando Militar do Oeste, estendendo-se até a Afonso Pena.
"As placas novas, faz 15 dias que eles colocaram e, domingo, um rapaz já foi multado na esquina da rua Brasil Central, em frente à Base, por volta de 22h30. R$ 293 e mais sete pontos da carteira, que já veio na habilitação dele, que é digital", revela.
Armindo Moreira dos Santos (67), que tem 44 anos como motorista, também ressalta o quanto a mudança dificultou para os taxistas e frisa que, se trafegar pela direita e tiver guarda, a multa gravíssima, mais sete ponto na carteira.
"Supondo que vou até no Shopping Campo Grande, num 'retão'. Se não tiver essa preferencial, eu vou gastar uma hora para ir e voltar agora. Antes, eu fazia esse trajeto em quarenta minutos", complementa ele.
Cícero ainda lembra um comportamento adotado pelos taxistas, de liberar a preferencial quando era notado alguma ambulância ou carro de polícia pedindo passagem.
"Quando vinha emergência atrás, eu dava um jeito de sair fora, puxar para a esquerda; jogar para o acostamento do ônibus... aí mudaram. E tem que reservar a faixa para o ônibus, táxi e emergência. O carro particular usa a faixa do táxi, você dá sinal de luz e mandam você tomar naquele lugar ainda", revela ele das dificuldades cotidianas.
Abadio de Oliveira Jr. ainda lembra da quantidade ínfima de linhas de coletivos que, de fato, utilizam a Duque de Caxias e, consequentemente, a faixa preferencial para embarque e desembarque de passageiros.
"Às vezes está livre à direita e quando não é isso, é ônibus que anda devagarinho. E você vai pela outra pista de rolamento, você fica impedido de andar porque o povo segue, não dão vaga. Se você vai podar, eles te fecham, o da frente não segue. A gente entende que o ônibus tem um horário a cumprir. Mas não tem volume de linha aqui na Duque de Caxias, Popular e Nova Campo Grande", finaliza ele.
Vale ressaltar que, a Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran) foi contatada, para explicar sobre o "aumento da exclusividade" e motivos que levaram à proibição dos taxistas - de trafegarem pela via -, porém, até o fechamento da matéria não houve retorno.
LEO RIBEIRO
CORREIO DO ESTADO