Mesmo com corte a R$ 79, açougues dizem vender carnes nobres 'igual água' em Campo Grande
Alguns locais chegaram a registrar falta de picanha para o Dia dos Pais
Que o sul-mato-grossense ama uma carne ‘para queimar’ no fim de semana não é novidade. A paixão pelo churrasco dribla qualquer crise e, apesar dos altos valores, os cortes nobres estão vendendo ‘feito água’ em Campo Grande.
Dos açougues em áreas mais nobres aos estabelecimentos nos bairros, a picanha e o filé mignon é são peças cobiçadas. Sócio proprietário de uma casa de carnes na Avenida Júlio de Castilho, Rafael Mendes Vitório, de 33 anos, disse que vender as peças a um valor mais em conta é praticamente impossível.
“Não tem como repassar ao cliente quando compra da desossa de carne, porque sai mais caro no frigorífico. Quando vendemos o filé mignon por R$ 75 ao cliente, é porque compramos a R$ 69 no frigorífico”, explicou.
Ele completa que existe a oferta e demanda. “Por exemplo a fraldinha, se meu padrão de cliente é o mesmo, mantemos o preço. Se um açougue vizinho vende pouco a mesma peça, ele vai vender mais barato”, comentou.
Marcelo Sodottka, de 32 anos, relatou que a única baixa no preço das carnes nobres foi em janeiro, mas que se manteve até então. Na casa de carnes, é mantido o mesmo valor há três meses.
‘Faltou picanha’
Com valor que pode ultrapassar R$ 79, a picanha é um corte unicamente brasileiro e preferido dos apreciadores do bom churrasco. Um exemplo da preferência é o que aconteceu em um açougue localizado no Jockey Club.
O proprietário, que preferiu não se identificar, disse que as vendas dos cortes nobres estão em alta e em ocasiões especiais as vendas disparam. “No dia dos pais faltou picanha para atender todos que procuravam”, disse.
Mas o empresário diz que a venda das peças mais caras sempre dependerá do bairro em que a casa de carnes está localizada. “A venda desses cortes sempre vai depender do público e do bairro. Aqui [na região] até que tem uma boa procura”, explicou.
Baratear para vender
É exatamente o que acontece em uma casa de carnes no Bairro Santa Emília. Samuel Freitas, que tem estabelecimento há três anos, disse que já precisou reduzir o valor da peça por diversas vezes para conseguir vender.
“Principalmente o preço da picanha. O preço original chega a R$ 76, mas já cheguei a vender a R$ 59. Se mantem o preço original, chega a ficar 15 dias no câmara fria”, pontuou o comerciante.
Mas também há cortes que baratearam o preço, como da carne de porco e o fígado. Ele conta que o pernil custa R$ 10,99 e tem uma boa saída no bairro.
Leve redução
O presidente da AMAS – Associação Sul-Mato-Grossense de supermercados, Denyson Prado, pontuou que alguns cortes de carne tiveram redução dos valores, sendo que nos últimos dois meses houve uma leve baixa nos preços, no comparativo com o início do ano.
Ele destacou que a queda de preço ficou em aproximadamente 10% e vários supermercados já abaixaram os valores de comercialização da carne. No caso da carne de porco, o presidente da AMAS enfocou que está estável, não tendo muita movimentação no preço do quilo e se mantendo no preço de custo.
Mariane Chianezi e Karina Campos
MIDIAMAX