Marquinhos Trad viaja em avião de empresário condenado por estupro

22/04/2022 10h14 - Atualizado há 2 anos

Aeronave atende também o ex-juiz federal Odilon de Oliveira, pré-candidato a senador

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Carregando uma sacola, Marquinhos Trad caminha em direção ao avião minutos antes do voo (Redes Sociais)

O ex-prefeito de Campo Grande Marquinhos Trad, pré-candidato a governador pelo PSD, está viajando pelo Estado a bordo de avião cedido por empresário enrolado na Justiça e condenado pelos crimes de sonegação fiscal e estupro.

O caso veio à tona em matéria do Campo Grande News, que mostra também como beneficiário da cortesia o juiz aposentado Odilon de Oliveira, pré-candidato a senador e que ainda na condição de magistrado presidiu processo que resultou em operação de busca e apreensão contra o empresário.

O Campo Grande News informou ter recebido fotos e vídeos (não publicados) que mostram Marquinhos Trad e o pré-candidato Odilon de Oliveira embarcando no avião Hawker Beechcraft de prefixo PR-CIA, modelo G58 (fabricado em 2007) com capacidade para cinco pessoas e registrado em nome de JCG Participações e Empreendimentos Ltda. Segundo dados da Receita Federal, a empresa tem capital social de R$ 8,1 milhões e três sócias, todas elas filhas de Zeca Lopes, cujos nomes são as iniciais da razão social da companhia.

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De camiseta vermelha, o juiz aposentado Odilon de Oliveira caminha para o embarque (Redes Sociais)

O advogado do juiz aposentado Odilon de Oliveira, José Belga Trad, negou que seu cliente tenha viajado no avião do empresário. Por sua vez, o político admitiu que nesta quinta-feira, 21, pegou carona com o ex-prefeito Marquinhos Trad e que fez deslocamento via aérea, mas sem saber quem era o dono da aeronave.

“Efetivamente, andei num avião para Dourados, Corumbá e Três Lagoas, mas de carona com o Marquinhos. Se soubesse que seria avião de pessoa que já atuei como juiz, evidente que não voaria, é lógico. Como vou adivinhar de quem é? Fiquei sabendo agora”, disse o juiz aposentado.

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Avião com o prefixo PR-CIA está registrado na Anac em nome da JCG Participações e Empreendimentos Ltda (Fonte: Anac)

Ficha extensa

O empresário José Carlos Lopes, conhecido como Zeca Lopes, obteve notoriedade a partir do ano de 2017, quando no dia 28 de julho foi alvo da operação Labirinto de Creta 2, força-tarefa que reuniu a Polícia Federal, Receita federal e Ministério Público Federal. O processo que resultou na ação policial de busca e apreensão estava sob a responsabilidade do então juiz federal Odilon de Oliveira, titular da 3ª Vara em Campo Grande.

Bens e produtos de elevado valor foram apreendidos, dentre os quais dois veículos Porche, relógio importado e adega avaliada em cerca de R$ 700 mil. Réu por sonegar R$ 113 milhões entre 2012 e 2017, Zeca Lopes era o responsável por criar diversas empresas em nome de familiares próximos, como filhas, esposa e irmão, com o objetivo de não pagar tributos, dívidas fiscais, previdenciárias, cíveis e trabalhistas.

Na ocasião ele estava à frente da administração do Frigorífico Frigolop, sediado em Terenos. De acordo com denúncia feita à época, a sonegação fiscal feita por Zeca Lopes resultou na aquisição de bens que foram ocultados por meio de registro em nomes de terceiros, sendo estes familiares ou “laranjas”, configurando a prática de lavagem de ativos. O processo ainda não foi concluído.

Estupro

Em 2017, José Carlos Lopes foi condenado a 19 anos por estupro de meninas. Por meio de recurso ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, ele conseguiu reduzir a pena para 18 anos. Hoje ele responde ao processo em liberdade e aguarda resultado de recurso feito ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

As vítimas faziam parte de uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes. O empresário e outras pessoas envolvidas no caso foram condenados em primeira instância pela 7ª Vara Criminal de Campo Grande.

VOX MS