Marquinhos quer implantar em MS seu modelo fracassado de gestão

21/02/2022 17h50 - Atualizado há 2 anos

Enquanto que em outras cidades o repasse do ICMS aumentou, na Capital a arrecadação diminuiu

Cb image default
(Reprodução/TV Concórdia)

A forma agressiva com que o prefeito Marquinhos Trad se manifestou no último sábado em Três Lagoas, ao ser indagado sobre os motivos que levaram o Banco Central, a Firjan e a CLP a reprovarem a sua gestão, mostra o tom beligerante que deve marcar a sua campanha ao governo do Estado. Demonstrando absoluto desconhecimento técnico sobre questões de ordem tributária, ele tentou se isentar da responsabilidade pela redução do repasse do ICMS à prefeitura da Capital.

Marquinhos Trad esteve em Três Lagoas para divulgar o “modelo de gestão” que implantou em Campo Grande, sugerindo que o mesmo será implementado em todo o Estado caso seja eleito governador.

Ao final do encontro, foi abordado por jornalista da TV Concórdia, do Grupo RCN, que lhe indagou o por quê de a sua administração ter sido reprovada pelo Banco Central nos exercícios de 2019 e 2020; as causas de Campo Grande ter caído 6 pontos no ranking do Centro de Liderança Pública (CLP); e os motivos da péssima colocação (52ª colocação entre os 79 municípios de MS) da Capital no Índice Firjan de Gestão Fiscal da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan).

Ele justificou essa péssima performance alegando que governo do Estado retirou quase 12% de ICMS da Capital. “Começamos com 24% de ICMS e hoje estamos com 13%. É uma operação que a gente rebate e contesta, mas eles próprios julgam seus próprios recursos. O governo do Estado tirou só da Capital R$ 20 milhões ao mês, o que significa quase R$ 250 milhões por ano”, disse Marquinhos Trad.

A resposta do governo veio rápida. Nesta segunda-feira, o secretário de Estado de Fazenda, Felipe Mattos, explicou que há critérios definidos e transparentes para o rateio dos recursos aos municípios. “São critérios definidos por lei, e não pelo Governo do Estado. Se o prefeito da capital não conhece do assunto e acha que o governo retirou dinheiro de Campo Grande, vale a pena ele conhecer um pouco mais, pois ficou nítido em sua fala o total desconhecimento da matéria”, ressaltou o titular da Sefaz.

Segundo Mattos, “o município de Campo Grande perdeu índice porque o gestor não teve a competência e preocupação com o desenvolvimento econômico da cidade. Enquanto os prefeitos do interior fizeram o dever de casa, ele não fez”.

A redução dos índices do ICMS para Campo Grande ocorreu em pontos percentuais, fruto da redução da atividade econômica. Mas quando levada em consideração a análise quantitativa dos repasses feitos pelo governo do Estado à prefeitura da Capital, estes sempre se deram de forma positiva, desde que Marquinhos Trad assumiu o cargo de prefeito. Mas mesmo com todo esse dinheiro, os cofres da prefeitura estão praticamente zerados.

Quantitativo de repasse de ICMS para Campo Grande (*)

2016 - 385.946.396,75

2017 - 415.707.567,50

2018 - 450.585.435,67

2019 - 455.107.423,78

2020 - 456.722.979,25

2021 - 524.168.790,08

Comparativo mensal

Janeiro de 2021 - 39.668.808,46

Janeiro de 2022 - 40.391.973,64

Fonte: Sefaz/MS (*) em milhões de reais.

Desprezo

Essa é a segunda vez que o prefeito Marquinhos Trad demonstra desprezo pelos municípios do interior. Ao reclamar que Campo Grande teve a redução de participação no bolo do ICMS por conta do governo do Estado, o que ele considera “injusto”, deixa de exaltar as estratégias de gestores do interior do Estado cuja competência garantiu o aumento da arrecadação mesmo em tempo de pandemia. Em Campo Grande, ocorreu o contrário, para a infelicidade dos campograndenses.

Em junho do ano passado, ele acionou o Ministério Público Estadual na tentativa de impedir a população de Corumbá e de outros 12 municípios fronteiriços de receberem doses da vacina da Janssen contra a Covid-19, em estudo realizado com o aval do Ministério da Saúde.

As doses utilizadas nos estudos foram doadas pelos Estados Unidos ao Brasil e mesmo com a pesquisa científica em andamento, Campo Grande não deixou de ser contemplada com o imunizante. Ainda assim, o prefeito Marquinhos Trad decidiu partir para o ataque, classificando como “injusta” e “indefensável” a distribuição de doses da vacina da Janssen para municípios de fronteira de Mato Grosso do Sul e não para a Capital.

Marquinhos Trad declarou, à época, ao jornal Correio do Estado, que Campo Grande estava com 77 pontos fechados, o ginásio Guanandizão fechado e os drive-thrus fechados por conta da falta de imunizantes. “Em paralelo a isso, cidades de fronteira estão recebendo 130 mil doses da Janssen para fazer um estudo e uma pesquisa que vai ser concluída daqui a 10 anos”, acrescentou.

A tentativa de Marquinhos Trad de jogar para a plateia acabou pegando muito mal. “Chiadeira desnecessária, desproposital, desmedida e egoísta, muito egoísta”, afirmou Hélio Peluffo, prefeito de Ponta Porã. Além de ganhar a antipatia da população do interior, passou a colecionar críticas dos gestores das cidades menores.

Com a entrega das vacinas aos municípios de fronteira, parte das doses que sobraram acabou remanejada para Campo Grande, jogando por terra o costumeiro discurso populista do prefeito da Capital. E ainda assim, Marquinhos Trad sonha um dia ser governador.

VOXMS