Gestão começa com transporte, greve e obras para resolver

05/04/2022 09h46 - Atualizado há 1 ano

Adriane Lopes tomou posse ontem na Câmara Municipal e assumiu, oficialmente, a Prefeitura da Capital no lugar de Trad, que saiu para disputar o governo

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Calçadas na região central estão sendo reconstruídas em padrão semelhante ao da 14 de Julho - Gerson Oliveira

DAIANY ALBUQUERQUE

Campo Grande tem, oficialmente, uma nova prefeita. Adriane Lopes (Patriota), que era vice de Marcos Trad (PSD), assumiu o cargo ontem, em cerimônia na Câmara Municipal.

A gestora inicia o trabalho com vários desafios, entre eles: greve de servidores, pedido de aumento da passagem de ônibus e continuidade de uma série de obras por toda a cidade.

Já na primeira semana de sua gestão, Adriane tem uma crise para contornar junto aos servidores públicos da educação e da saúde. Isso porque cerca de três mil funcionários que haviam paralisado suas atividades na semana passada concordaram em encerrar, momentaneamente, a manifestação até amanhã.

Segundo o vereador e presidente do Sindicato dos Servidores de Campo Grande (Sisem), Marcos Tabosa, na sexta-feira foi acordado com o ex-prefeito Marquinhos Trad que amanhã haveria uma reunião com a nova gestão para que lhes fosse repassada uma proposta.

“Nos foi pedido um voto de confiança de três dias, para construir uma saída. Não pedimos nada que não seja possível fazer, então, quarta vamos ouvir a proposta e, às 19h, haverá uma assembleia para repassar o que nos foi proposto. Vamos levar para a assembleia o que ela [Adriane Lopes] vai propor e decidir se aceitamos ou se deflagramos greve na quinta-feira”, explica Tabosa.

Ao todo, são dois mil profissionais administrativos da Secretaria Municipal de Educação (Semed) e mais aproximadamente 1.200 servidores da categoria 14B da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) em greve – a categoria é formada por profissionais com Ensino Superior de 33 profissões e engloba psicólogos, farmacêuticos, assistentes sociais, entre outros.

Um dos pedidos dos servidores é o aumento do auxílio-alimentação para R$ 494. Além disso, os profissionais da educação também querem a incorporação do Programa de Formação Inicial em Serviço dos Profissionais da Educação Básica dos Sistemas de Ensino Público (Profuncionário), e os funcionários da saúde pedem um plano de cargos e carreira e o pagamento da insalubridade.

Durante a posse, ao ser perguntada sobre o andamento da negociação com os servidores, Adriane limitou-se a dizer que vai tentar o diálogo. “Essas negociações vamos tentar hoje [ontem], vamos dialogar e construir juntos”, afirmou.

TRANSPORTE

Outra bomba que a nova gestão terá de enfrentar é a ameaça do Consórcio Guaicurus de ingressar com nova ação contra a prefeitura, isso porque o grupo que comanda o transporte coletivo e urbano da Capital pediu que a Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg) recalcule a tarifa técnica do ônibus.

O pedido veio depois do aumento de quase 20% do óleo diesel feito pela Petrobras. Segundo as empresas de transporte, essa alta excessiva fez com que a conta feita no fim de 2021, que considerava a tarifa técnica a R$ 5,14, ficasse muito defasada. Eles estimam que o valor deva saltar para R$ 5,50.

Em conversa no mês passado, o presidente do Consórcio Guaicurus, João Rezende, afirmou que o grupo já encaminhou o pedido e fará um novo lembrete à autarquia, mas, se não houver movimentação, o assunto terá de ser judicializado.

Rezende ainda defende que o valor não seja repassado ao consumidor, e sim absorvido pela administração municipal em forma de subsídio à concessionária. Ressaltando que, neste ano, o Consórcio Guaicurus pode receber até R$ 12 milhões da gestão municipal, conforme aprovação de projeto na Câmara Municipal.

Enquanto era prefeito, Marquinhos Trad afirmou que não haveria reajuste na tarifa e que também não aumentaria o valor a ser subsidiado à concessionária. Resta saber se, com a mudança na gestão, a conversa será novamente retomada entre prefeitura e Consórcio Guaicurus.

OBRAS

Na entrada de Adriane Lopes, ela garantiu que sua gestão dará continuidade aos projetos que Trad iniciou. Isso quer dizer que as várias obras pela cidade também devem ter a atenção da nova prefeita.

Ela ocupará o cargo até dezembro de 2024, já que Marquinhos renunciou para disputar o governo de Mato Grosso do Sul.

“Nós queremos e pretendemos continuar no mesmo formato, com harmonia, trabalhando juntos e discutindo as pautas que são interessantes para a nossa cidade, porque não tem como o Poder Executivo caminhar sozinho. Essa harmonia é essencial no andamento de todos os projetos”, declarou a prefeita ontem, na Câmara Municipal.

Um dos obstáculos a ser superado é a continuidade das obras no centro de Campo Grande. De obras de revitalização – por meio do Reviva Centro – a implantação de corredores de ônibus, as reformas têm deixado muitos comerciantes revoltados pela demora das interdições, além de causar problemas no fluxo de veículos.

Com várias ruas interditadas, andar pelo centro da Capital é desafiador nos horários de pico e chega a causar prejuízos para alguns.

Segundo matéria publicada no mês passado pelo Correio do Estado, como as obras da Rua 14 de Julho duraram dois anos, alguns comerciantes acumulam dívidas de aproximadamente R$ 300 mil até hoje e outros não resistiram e fecharam as portas. (Colaborou Naiara Camargo)

CORREIO DO ESTADO