Ex-diretora confirma que idoso agredido em vídeo é irmão colocado no asilo irregularmente
Ele foi abrigado sem passar pela regulação
Em nota divulgada em grupo de WhatsApp, a agora ex-diretora de lar de acolhimento de idosos de Campo Grande denunciada por maus-tratos confirma que um dos filmados em momento de agressão é irmão dela. Ainda mais, ele teria sido colocado no abrigo sem passar pela regulação necessária.
A acusada afirma que as imagens foram usadas como “vingança por um ex-funcionário magoado com as circunstâncias de sua demissão” e confirma que o idoso que está no quarto, deitado, é irmão dela. Ela ainda poupa de falar sobre a agressão e diz que ele a atinge com um pontapé.
“Tento cuidar em razão de dependências químicas, cuidado esse que me impõe obrigações, enfrentamentos, dificuldades familiares e muitas vezes violência contra mim ou contra quem quer que tente ajudá-lo, o que é lamentável”, diz. Enquanto diretora do asilo, ela acabou abrigando o irmão irregularmente.
“Errei em tentar socorrê-lo sob minha tutela”, diz na nota. Consta no processo, que tramita pela 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos, denúncia de que o irmão foi colocado na vaga sem regulação. A princípio, ele não tinha documentos e a suspeita dizia que ele estava ali “a pedido da promotora”.
Ainda na nota, a ex-diretora diz que se afastará do Fórum de Entidades de Assistência Social. Na noite de segunda-feira (29), o Jornal Midiamax já tinha noticiado a renúncia ao cargo de diretoria do asilo, conforme informado pela defesa.
Coação
Conforme a promotora Cristiane Barreto, chegou à acusação informação de que a então diretora usava da autoridade para intimidar os funcionários do abrigo e assediar também parentes dos idosos. Isso, para que eventualmente eles depusessem em favor da ré.
“Demonstrou não ter o perfil para lidar com as necessidades da pessoa idosa, merecendo que seu afastamento na administração ocorra o mais rápido possível e que o município ceda uma equipe técnica para intervir a instituição em caráter temporário”, pontuou a acusação. Conforme o MPMS, não foi verificada falha no serviço dos funcionários, apenas da diretora.
Também não deve ser determinada retirada dos idosos do abrigo, já que isso poderia prejudicar o desempenho dos pacientes e colocaria em risco a estabilidade psíquica e os vínculos que eles criaram entre si. Segundo denúncia de um dos trabalhadores do lar ao MPMS, a então diretora teria chamado um por um para conversar em particular, após conhecimento da ação civil pública.
Também chegou ao conhecimento da acusação que a diretora teria gritado com funcionários, dizendo que eles ficariam desempregados.
Renata Portela e Thatiana Melo
MIDIAMAX