Entenda por que após um ano da tempestade de areia a natureza voltou a castigar Campo Grande

23/10/2022 10h58 - Atualizado há 2 anos

Características de tempo instável são comuns na primavera, estação que antecede temporada chuvosa

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Gerson Oliveira/Correio do Estado

O temporal que caiu na última quinta-feira (20), em Campo Grande, trouxe recordações de outro evento meteorológico que aconteceu há um ano na Capital: uma tempestade de areia com ventos que chegaram a quase 100 km/h e pegou todos de surpresa na tarde do dia 15 de outubro de 2021.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), isso não é apenas uma coincidência, mas sim, consequência de uma instabilidade do tempo comum nessa época do ano.

Ao Correio do Estado, o meteorologista Heráclio Alves, do Inmet, esclareceu que fenômenos desta natureza são comuns nesta época do ano porque Mato Grosso do Sul costuma receber um sistema de ar úmido vindo do sul do país.

Assim, quando essa massa entra em contato com o ar quente predominante no Estado, acaba por causar tempestades com ventos intensos e chuvas torrenciais.

Ainda de acordo com o especialista, esse encontro também foi o que ocasionou a tempestade de poeira do ano passado. Contudo, as nuvens de poeira foram vistas e sentidas com mais intensidade naquela ocasião porque a cidade vivia um período de estiagem rigorosa.

“É comum o vento anteceder a chuva porque a instabilidade vai avançando por causa da força dele. Acontece que naquela época a terra estava bem solta porque estava há muito tempo sem chover, mas quando chove e a terra assenta as nuvens de poeira ficam menores”, detalhou.

Por sua vez, a meteorologista Andrea Ramos, ainda explicou que a primavera é uma estação de transição entre o tempo frio e o calor e, por isso, é comum que quando há esse encontro da massa úmida com a quente, a instabilidade venha com o “pacote completo”, causando trovoadas e chuvas intensas e duradouras.

Na quinta-feira (20), além dos ventos, ainda foram registradas centenas de descargas elétricas e a chuva persistiu até a madrugada de sexta-feira (21). Contudo, o sistema frontal úmido já não está mais exercendo força no Estado e não há previsão de chuvas ou tempestades para os próximos dias.

ESTRAGOS

Se na tempestade de areia os ventos atingiram 94 km/h, desta vez a ventania não ultrapassou os 83 km/h e, com essa pequena diferença, o rastro de destruição foi praticamente o mesmo deixado há um ano na Capital.

De acordo com a energia, a força dos ventos lançou objetos nas fiações elétricas, fazendo com que algumas até se rompessem. Ao todo, 30 bairros da Capital ficaram sem abastecimento de energia na noite de quinta-feira, entretanto, a Energisa confirmou que o serviço já está sendo restabelecido.

Em comparativo com o fenômeno de 2021, a quantidade de bairros que ficaram sem energia foi menor, já que ano passado foram 60 e, ontem, a Energisa totalizou 30 bairros sem eletricidade.

Por outro lado, as ocorrências com quedas de árvores foram mais numerosas. Se ontem, foram contabilizadas cerca de 40 árvores derrubadas com a força do vento, ano passado esse número chegou a 150 chamados.

Segundo o Corpo de Bombeiros Militar informou, à época, foram registradas cerca de 4 mil chamadas relatando diversos transtornos causados em decorrência da tempestade de areia, quantidade 20 vezes maior que em outros dias de chuva acompanhada de ventos.

Ainda foram registradas 18 ocorrências, entre acidentes e transtornos no trânsito, pessoas que passaram mal por conta da intensidade da chuva e uma outra pessoa que ficou presa em um elevador por conta da queda de energia.

Ana Clara Santos

CORREIO DO ESTADO