Em Campo Grande, 5 pessoas engasgam por semana, diz Corpo de Bombeiros

16/05/2022 09h16 - Atualizado há 1 ano

No país o engasgo é a terceira maior causa de acidentes seguido de morte em crianças e lactantes; 80% dos casos acontecem em crianças de 0 a 3 anos

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NATÁLIA OLLIVER

Na capital sul-mato-grossense cinco pessoas são vítimas quase fatais de engasgamento por semana. Quando considerado que o número não se altera durante o mês, são 20 chamadas ao Corpo de Bombeiros Militar do Estado (CBMMS), em 30 dias, referentes ao acidente doméstico que obstrui as vias respiratórias.

Entre a faixa etária mais atingida por engasgamentos estão as crianças, com pico de incidência maior até o terceiro ano de vida e percentual de 80% dos atendimentos realizados.

O valor significa que a cada cinco ocorrências, quatro são recém-nascidos ou crianças de zero a três anos.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, o problema é a terceira maior causa de acidentes seguidos por morte, em crianças e lactentes. Mais de 3.300 crianças morrem e outras 112 mil são internadas em estado grave por ano em decorrência de acidentes ou lesões não intencionais.

A cirurgiã geral e bombeira militar, Pietra Zorzo, explica que a maioria das chamadas realizadas em Campo Grande, são bem sucedidas, através de orientações feitas por telefone e utilização da manobra Heimlich e tapotagem.

Entretanto, ela alerta que se realizadas de maneira errada as consequências podem ser danosas a órgãos e ossos da vítima.

“Se efetuada de maneira incorreta pode ocorrer fratura de costelas e lesão em órgãos internos”, pontua.

A manobra de Heimlich consiste em usar as mãos para fazer pressão na região entre o umbigo e o diafragma da pessoa engasgada, o que provoca uma tosse forçada e faz com que algum objeto seja expelido dos pulmões.

Ela acontece de formas diferentes em bebês e em crianças maiores de um ou dois anos. No bebê, usa-se a técnica de tapotagem, método de aplicação rítmica com duas mãos em forma de concha nas costas da criança, aplicando tapas com pressão, no meio das costas do bebê.

Além de ajudar ocorrências de engasgamento total, ou seja, quando não há passagem de ar, a técnica também pode ser usada para melhorar secreções pulmonares no bebê.

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Causas

Conforme a médica, a causa de engasgamentos em adultos são devidos à falta de mastigação adequada de alimentos, principalmente carnes, pães e grãos: como feijão, arroz, milho ou ervilha.

“O corpo não consegue fazer com que o alimento ingerido chegue até o estômago, então ele fica preso e causa uma obstrução da via respiratória.” relata.

Já na faixa etária pediátrica, ocorrem por sucção de sementes, alimentos grandes e objetos pequenos como brinquedos e botões.

“As crianças exploram o mundo através da via oral e não possuem dentição completa, consequentemente, não mastigarem os alimentos de forma certa. Estudos mostram que em 40% das ocorrências, o objeto aspirado é uma semente, principalmente amendoim, milho e feijão.” termina.

O que fazer em caso de engasgamento

A médica alerta que quando acontecer um engasgo em qualquer faixa etária, é importante que uma das pessoas que estiverem no local com a vítima entre em contato com o 193 para solicitar ajuda.

“Enquanto isso outra pessoa ajuda a vítima fazendo as manobras para tentar tirar aquele objeto/alimento da via aérea. Em adultos e crianças maiores de 1 ano podemos fazer a manobra de Heimlich e em menores de 1 ano é a tapotagem”, ressalta.

Prevenção

Para as crianças menores de quatro anos, Pietra esclarece que é preciso oferecer alimentos amassados e com fibras desfiadas.

“Evitar dar a elas alimentos com risco potencial para aspiração, como salsicha, balas duras, amendoim, milho, feijão, castanha, nozes, pedaços de carne, pipoca, chiclete e peixes com espinho.”, evidencia.

Além disso, é necessário supervisão reforçada mesmo na fase em que a criança consegue comer sozinha.

“Servir os alimentos em pedaços bem fininhos e, desde cedo, ensine a criança a mastigá-los bem antes de engolir”, ressalta.

Pietra ainda faz um alerta aos pais e responsáveis para que mantenham moedas, bolinhas de gude, botões, balões de borracha, canetas com tampa removível e brinquedos com peças pequenas, fora do alcance da criança.

Caso Recente

Há 14 dias, uma mulher de 44 anos foi vítima de engasgamento em Sidrolândia, município localizado a 71 km da Capital. De acordo com o marido, a mulher engasgou com um pedaço de carne no dia anterior.

CORREIO DO ESTADO