COVID-19 : Apenas 5% das crianças de 3 e 4 anos foram vacinadas na Capital

03/08/2022 08h21 - Atualizado há 1 ano

Desde a autorização do Ministério da Saúde para a imunização desse grupo, 1,2 mil doses foram aplicadas em Campo Grande; público-alvo é de 24 mil crianças

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GERSON OLIVEIRA

MARIANA MOREIRA

Apenas 5% das crianças de 3 e 4 anos foram vacinadas contra a Covid-19 em Campo Grande. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde (Sesau), de 24 mil crianças elegíveis para a imunização desde o dia 19 de julho, somente 1,2 mil receberam a primeira dose da Coronavac.

Em todo o Estado, foram vacinadas 2.739 crianças de 3 e 4 anos até o momento, cerca de 3% das 87 mil que compõem esse grupo.

Na sexta-feira (29), a farmacêutica Pfizer pediu autorização à Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) para a aplicação do imunobiológico em crianças a partir de seis meses.

Por ora, a vacina já autorizada para aplicação nesta faixa etária nos Estados Unidos segue sob análise na Anvisa. A tendência é de que ela seja liberada para este grupo nas próximas semanas.

Desde o início da pandemia, em março de 2020, a doença foi responsável pela morte de 21 crianças de 0 a 9 anos em Mato Grosso do Sul.

O caso mais recente, de um bebê de dois meses, de Corumbá, foi confirmado no boletim epidemiológico da Secretaria de Estado de Saúde (SES) nesta terça-feira (2).

Conforme levantamento feito pelo Correio do Estado com dados da SES, no mesmo período, 13 crianças de 10 a 18 anos perderam a vida em decorrência de complicações da Covid-19.

Segundo o pediatra Alberto Jorge, a liberação da aplicação da vacina Coronavac em crianças de 3 e 4 anos é um passo muito importante para o controle da doença neste público.

“As crianças também são portadoras do vírus e podem transmitir para os adultos. Elas frequentam as escolas, se socializam, não fazem em sua maioria o uso de máscaras ou fazem o uso indevido, então, assim como nós adultos, elas merecem ser protegidas”, ressaltou.

De acordo com a superintendente de Vigilância em Saúde da Sesau, Veruska Lahdo, a procura pela dose permanece muito abaixo do esperado.

“Não é falta de vacina, não é falta de acesso ou locais com disponibilização do imunizante. A Secretaria Municipal de Saúde, ao longo dessa campanha toda contra a Covid-19, fez muitas ações e continua fazendo, dando maior oportunidade de acesso da população aos imunobiológicos”, pontuou Lahdo.

Como estratégia de imunização, a Sesau deve disponibilizar nas próximas semanas a vacinação com a Coronavac para as crianças de 3 e 4 anos nas Escolas Municipais de Educação Infantil (Emeis).

A partir de 5 anos, a vacinação também pode ser realizada com o imunizante da Pfizer. Alberto explicou que a plataforma da vacina Coronavac, que é a autorizada para as crianças menores, é extremamente conhecida e conta com o mesmo mecanismo do imunobiológico contra a gripe, com o vírus inativado.

“É uma vacina segura, bem eficaz e que protege de casos graves nas crianças, assim como dos adultos. Não podemos esquecer que hoje a Covid-19 é a doença imunoprevenível que mais mata crianças no País”, alertou Jorge.

MORTALIDADE INFANTIL

Segundo o infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Julio Croda, dentro das doenças que são imunopreveníveis, ou seja, em que internações e mortes podem ser reduzidas ou evitadas com a aplicação de vacinas, a Covid-19 é a doença que mais matou na faixa etária abaixo de 5 anos desde 2020.

“Inclusive, essa faixa etária de 0 a 5 anos é a que mais tem mortes por coronavírus entre toda a população pediátrica de até 17 anos”, salientou o pesquisador.

Em Campo Grande, a Covid-19 vitimou seis crianças de 0 a 10 anos desde o início da pandemia, conforme a superintendente de Vigilância em Saúde da Sesau, Veruska Lahdo.

“Entre os vírus respiratórios que circularam nos anos de 2020, 2021 e 2022, a Covid-19 é a doença que mais causou óbitos na população infantil. Por isso é tão importante a vacinação nas faixas etárias já autorizadas pelo Ministério da Saúde, que agora com a nova inclusão compreendem crianças de 3 a 10 anos”, reiterou Lahdo.

De acordo com os dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), o número de óbitos registrados nos cartórios de registro civil em MS por coronavírus só fica atrás das mortes por pneumonia.

Em 2020, foram registradas no Estado 33 mortes por pneumonia em crianças de 0 a 9 anos. No ano seguinte, houve o registro do mesmo número de vítimas da doença. Neste ano, os casos de pneumonia nesta faixa etária já vitimaram 31 sul-mato-grossenses de até 9 anos.

Até então, 1,9 milhão de doses da vacina contra a Covid-19 foram aplicadas em Campo Grande. De toda a população, 80,51% receberam pelo menos uma dose do imunizante e 76,39% já concluíram o esquema vacinal com a segunda dose ou dose única.

SAIBA

Para dar celeridade à imunização contra o coronavírus em Campo Grande, é necessário que os pais ou responsáveis realizem o cadastro prévio da criança no sistema de vacinação da prefeitura da Capital, por meio do site: vacina.campogrande.ms.gov.br.  

CORREIO DO ESTADO