Com 450 acidentes de trânsito, Afonso Pena é a via mais perigosa

27/12/2022 10h02 - Atualizado há 1 ano

Duque de Caxias, Marechal Deodoro e Júlio de Castilho são as avenidas com mais vítimas de colisões

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Condutor capotou o carro na Avenida Afonso Pena na tarde de ontem, em Campo Grande - Marcelo Victor

Segundo o levantamento do Gabinete de Gestão Integrada de Trânsito (GGIT) de Campo Grande, a Avenida Afonso Pena foi a via mais perigosa da Capital este ano, por registrar o maior número de acidentes de trânsito da cidade, com 450 ocorrências de janeiro a 24 de novembro.

Para Ivanise Rotta, secretária do GGIT e chefe da Divisão de Educação para o Trânsito da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), o fato de a via ter o maior número de acidentes tem relação com as características da avenida e dos empreendimentos que nela existem.

“Por ser uma via larga, que, quando não está congestionada, leva o motorista a transitar em alta velocidade e por ser uma via plana onde estão muitos bares. E a bebida é o segundo fator que mais causa acidentes, que geralmente são de madrugada, quando não tem muitos carros”, explicou.

A secretária do GGIT ainda salientou o fato de a Avenida Afonso Pensa ser uma via com ótima sinalização e com vários pontos de fiscalização eletrônica, o que mostra que as indicações da pista não são respeitadas pelos motoristas.

“A Afonso Pena é uma das avenidas mais bem sinalizadas, com sinalização boa, onde tem redutor de velocidade. A fiscalização está ali para toda a via, por isso, ainda há autuações e multas”, relatou Rotta.

Em apenas 11 meses deste ano, o número de acidentes de trânsito já supera a marca do ano passado inteiro. De janeiro a 24 de novembro, foram 9.794 ocorrências, enquanto no período de janeiro a dezembro de 2021 foram notificados 8.638 acidentes.

De acordo com o GGIT e o Batalhão da Polícia Militar de Trânsito (BPMTran), do total de acidentes deste ano, 6.094 foram sem vítimas e 3.656 com vítimas; ocorreram 73 óbitos, 41 no local e 32 a caminho da unidade de saúde ou na internação.

Em 2021, foram 4.106 ocorrências sem vítimas e 4.457 com pessoas feridas, e um total de 75 mortes. Apesar do aumento no número de acidentes como um todo, Ivanise afirmou que prefere se concentrar no fato de que neste ano, até a data do levantamento, havia menos acidentes fatais registrados em Campo Grande em relação ao ano passado.

“Quando você trabalha no trânsito, tem de se preocupar mais com os acidentes graves e os fatais. Os acidentes leves não causam danos para os seres humanos, o que nós visamos é zero acidentes fatais e com vítimas”.

Apesar de a Afonso Pena ser a via com mais acidentes, a maioria não teve feridos. As vias com mais óbitos registrados neste ano foram as avenidas Duque de Caxias, Marechal Deodoro e Júlio de Castilho, com duas mortes cada. Os motociclistas estiveram presentes no maior número de acidentes, foram 49 dos 73 óbitos.

O levantamento aponta que a velocidade excessiva, o uso de álcool e a condução sem habilitação foram os principais fatores dos acidentes, tanto em 2021 quanto neste ano.

“É inadmissível que nós continuemos nos matando. A sociedade ainda aceita a bebida enquanto se conduz um veículo, se nós conseguíssemos transpor esta máxima, poderíamos reduzir o número de acidentes. Qual o nosso ideal? Ter o mesmo comportamento de quando visse alguém fumando em local fechado para quem bebeu e dirigiu, que seja tão inaceitável quanto isso”, afirmou Rotta.

Para a chefe da Divisão de Educação para o Trânsito da Agetran, outro ponto que contribui para que as pessoas sigam consumindo álcool e dirigindo são as punições para quem infringe essas regras e a falta de consciência quanto às consequências, como a morte de terceiros.

“Não temos exemplos de grandes punições quando há mortes no trânsito, as penas acabam convertidas em cestas básicas ou indenizações com bem material, mas a pessoa que perdeu alguém no trânsito nunca mais vai poder ter sua vida de volta. O condutor tem de ter a consciência de que se beber e dirigir está correndo risco e pode matar outras pessoas, o comprometimento de cada um é essencial para que a gente possa diminuir os acidentes”, completou.

O perfil da maioria das vítimas também não mudou. Homens, de 18 a 45 anos de idade e que pilotam motocicletas são os que mais se acidentam na Capital.

“Para que haja redução, deve-se contar com todo mundo, com a população, com engenharia de trânsito, com a educação para o trânsito – para acolher, para informar –, com os primeiros socorros, que tem de chegar rapidamente. É uma combinação de medidas que pode ajudar a melhorar o trânsito”.

A Agetran afirma que desde 2011 tem realizado ações de conscientização no trânsito.

O programa Vida no Trânsito é baseado em práticas internacionais, de acordo com o modelo preconizado pela Organização Mundial de Saúde, e é realizado em conjunto com mais de 40 instituições, entre elas, o Samu, o Corpo de Bombeiros, o Detran e o Cetran.

Saiba: Em apenas 11 meses deste ano, o número de acidentes de trânsito já superou a marca do ano passado inteiro. De janeiro a 24 de novembro deste ano, foram 9.794 ocorrências. No período de janeiro a dezembro de 2021, foram notificados 8.638 acidentes. (Colaborou Daiany Albuquerque)

KETLEN GOMES

CORREIO DO ESTADO