Chuvas e frio preocupam moradores de comunidade na Capital

16/05/2022 09h12 - Atualizado há 2 anos

Espaço conta com 183 famílias e mais de 400 moradores

Cb image default
Gerson Oliveira

ALISON SILVA

As baixas temperaturas, além das possibilidades de geada, previstas para a próxima semana, preocupam as 183 famílias da comunidade Mandela, na Capital.

Mãe de seis filhos, a diarista Sandra Micaela (34), se queixou das chuvas e ventos fortes que atingem o “barraco” onde mora. “No meu barraco venta bastante. Não há nenhum barraco próximo, que o esconde, é bem a céu e por isso quando chove, ficamos desprotegidos”, disse a diarista, moradora da comunidade há cinco anos.

Desempregada, divide a casa com a mãe, Sandra Maria Pereira (63) e os seis filhos, todos menores. Questionada sobre como se protegem do frio, a diarista disse que conta com auxílio de vizinhos e lonas. “ Se tivesse que me proteger do frio, juntava meus filhos em uma cama, e dormiria com minha mãe e a bebê de sete meses no meu quarto'', relatou Sandra Micaela.

Sobre o período chuvoso, Micaela disse que “se vira como pode” e busca se “antecipar” às chuvas para garantir roupa limpa em casa. “Se bater uma chuva molha tudo. Ontem (14), eu não sabia se chorava, se arrancava as roupas do varal, da cama, tudo do lugar”, falou Micaela. Segundo ela, em casos assim, recolhe as roupas e deposita tudo dentro da banheira da filha mais nova, espera passar a chuva, e posteriormente estende as roupas.

“Lava a roupa e torce pra secar. Lavei roupa sexta-feira, vou ter que lavar de novo segunda, como vai vir o frio”, finalizou a moradora.

De acordo com o Inmet, na próxima quarta-feira (18), há possibilidade de geada em Campo Grande, com temperaturas próximas aos 6 graus na Capital. Ontem, foram registrados ventos de mais de 70 quilômetros e chuvas acima de 30 milímetros em alguns bairros de Campo Grande.

As queixas de Sandra Micaela foram às de Deuzelia dos Anjos. Sem trabalhar, Deuzelia vive no mandela com a filha, duas netas, um filho especial e o genro, responsável pela renda familiar, advinda de seu trabalho como entregador.

Segundo a moradora, pedaços de lona auxiliam na barragem das chuvas. Para ela, a preocupação maior é uma árvore, próxima a casa, que apresenta riscos à moradia da família.

“Ontem pedimos abrigo no barraco da vizinha. Se chega cair vai minha neta, minhas filhas e meu genro. Os políticos ‘passam a bola’ pra frente e ninguém faz nada. Essa árvore vai desabar, está desterrada, bem à vista”, relatou a moradora.

Para *Joana Aparecida, as chuvas e ventos foram mais preocupantes. Segundo ela, o filho de 8 anos foi atingido por um raio na noite de ontem. “Estava chovendo muito e ele voltou para casa para lavar os pés. De repente começou a trovejar e ele falou assim - mãe, tô com medo de ficar sozinho. Na hora que o raio caiu, houve um barulho muito forte, e quando cheguei em casa ele estava com o corpo ‘mole’”, disse Joana Aparecida.

Segundo a manicure, o filho passou a noite em observação em uma unidade de saúde de Campo Grande e foi liberado após exames clínicos.

Comunidade

Mãe de três filhos, é Greiciele Ferreira (27) a responsável pela comunidade. Ela representa 183 famílias, e as 420 pessoas que residem no Mandela. Segundo ela, a comunidade tem mais de 220 crianças com até 11 anos.

Além de Greiciele, outras seis mulheres representam o local nas funções de tesoureira, secretária, recebem os donativos que chegam à comunidade e prestam contas de tudo que é recebido para a comunidade.

“Ajudamos as famílias com moradia, reforços escolares, cestas básicas, cobertores, lonas, idas à assistência social e buscamos colaboradores pois a comunidade conta com um número grande de pessoas”, disse Greiciele Ferreira. Segundo ela, o local conta com apenas um doador fixo há três anos.

Cb image default
Moradores se queixam de entulho e sujeira no local - Gerson Oliveira
Cb image default
Em casa, Deuzelia dos Anjos ao lado do filho Kauan Gabriel (16) - Gerson Oliveira

Serviço

Os interessados em doar qualquer tipo de produto, cobertores, lonas, colchões, devem buscar Greiciele Ferreira, líder da comunidade, por meio do (67) 9 9346-7696.

CORREIO DO ESTADO