Campo Grande é a capital com a maior queda na vacinação

27/10/2022 09h47 - Atualizado há 2 anos

Pesquisa do Centro de Liderança Pública aponta que o índice de imunização geral da Cidade Morena está em apenas 56,9%

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ARQUIVO/CORREIO DO ESTADO

Após ser a única do País a atingir a meta de 100% de cobertura vacinal geral em 2020, Campo Grande ocupa atualmente o primeiro lugar do ranking de maior queda dos índices de vacinação, considerando os imunizantes de rotina preconizados pelo Programa Nacional de Imunização (PNI).

Conforme pesquisa divulgada pelo Centro de Liderança Pública (CLP), em 2021, a cobertura vacinal geral no município caiu para 67,6%, e neste ano, considerando os dados compilados pela organização, os índices gerais de imunização estão em 56,9%.

Em seguida, os dados do CLP apontam que a capital Boa Vista (RR) vacinou 35,4% a menos, João Pessoa (PB) configura com um índice vacinal 35,2% menor. Em Salvador (BA), houve uma redução de 32,7%; em Rio Branco (AC), a queda na imunização geral foi de 27,34%.

REINTRODUÇÃO

Com a queda nos índices de proteção, Julio Croda, infectologista e pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), destacou o risco de reintrodução de doenças como a poliomielite em Campo Grande.

“A poliomielite é uma doença grave e sabemos que de 10% a 20% das crianças que contraem a pólio podem vir a óbito ou desenvolver sequelas importantes, como a paralisia infantil, que a gente viu muito no passado”, salientou.

Para o especialista, dois fatores justificam a queda na cobertura vacinal: a falta de acesso ao imunizante e a onda antivacina.

“Não temos a busca ativa das crianças que são vacinadas em determinados territórios, e seria um componente importante de estratégia dentro do programa de Saúde da Família. Tem um outro componente que é a hesitação vacinal, que está relacionada à desinformação com a disseminação de fake news e o movimento antivacina”, frisou.

QUEDA NA COBERTURA

Dados da Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau) apontam que, nos últimos seis anos, a Capital registrou queda acentuada da imunização para a vacina inativada poliomielite (VIP).

O imunobiológico que protege contra a paralisia infantil atingiu apenas 78,27% de cobertura vacinal em 2021 – ou seja, cerca de 10.988 crianças receberam a dose ao longo do ano passado.

A VIP alcançou a meta de cobertura vacinal pela última vez em 2015, com o porcentual de 101,31% de doses, que foram aplicadas em 13.874 crianças de dois, quatro e seis meses de vida. Em 2016, os índices caíram para 92,8% e no ano seguinte sofreram nova queda, com 85,96% da meta alcançada.

A tendência se repetiu em 2018, quando apenas 85,7% das crianças que deveriam ser imunizadas receberam doses da vacina. A redução foi potencializada em 2019, com 82,70%, decaindo ainda mais em 2020. No primeiro ano de pandemia, 82,7% da meta foi alcançada.

Neste ano, a parcial da cobertura da vacina injetável contra a poliomielite é de 73,93%, segundo a Sesau. A Pasta reforçou que a cobertura preconizada pelo Ministério da Saúde é de 95%.

“Visando ampliar a vacinação de todas as crianças, independentemente da faixa etária e do imunobiológico, a Sesau tem mantido unidades de saúde abertas aos fins de semana e feriados, com intuito único e exclusivo de aplicação das doses, além das unidades de saúde que realizam busca ativa domiciliares e vacinação em todas as Escolas Municipais de Educação Infantil [Emeis] da Capital”, disse em nota.

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Divulgação

ESTADO

Conforme dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES), até o dia 13 de outubro, apenas 55,7% do público-alvo de um a quatro anos havia sido vacinado contra a paralisia infantil.

Ao todo, a estimativa era de que 173.154 crianças fossem imunizadas contra a doença. No entanto, a campanha deste ano contou com a procura pela imunização nos postos de saúde de 96.506 crianças. (Colaborou Beatriz Feldens). 

MARIANA MOREIRA, LEO RIBEIRO

CORREIO DO ESTADO