Campo Grande aparece entre as últimas em ranking de cidades empreendedoras

05/04/2023 09h42 - Atualizado há 1 ano

Em levantamento realizado com 101 cidades que possuem a maior população do Brasil, Campo Grande ocupou a 58ª posição

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Gerson Oliveira

Entre as cidades mais populosas do Brasil, Campo Grande é um município onde as condições para o empreendedor ainda são mais complicadas do que favoráveis. O Índice de Cidades Empreendedoras (ICE) apresenta um ranking geral das cidades com as melhores condições para o empreendedorismo, e a Capital ocupa a 58ª posição entre as 101 cidades mais populosas do País.

O índice, que considera as cidades mais populosas, analisa um total de sete fatores: ambiente regulatório, infraestrutura, mercado, acesso a capital, inovação, capital humano e cultura empreendedora. É calculada uma pontuação e a média estipulada é 6. Campo Grande pontuou abaixo da média em quatro dos sete aspectos. A média geral foi 5,818.

O pior desempenho foi no quesito ambiente regulatório. A Capital ficou em 91º lugar, com nota 4,89. Esse âmbito envolve vários critérios, como tempo de processos, tributação e complexidade burocrática.

De acordo com Juliana Aranda, coordenadora do Conselho da Mulher Empresária e Executiva da Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG), o processo de abrir uma empresa na Capital é rápido, porém, conseguir licenças e alvarás acaba sendo demorado.

“O processo de abrir empresas é rápido, pois ele já está bem automatizado. Porém, conseguir licenças e alvarás é o que ainda é muito burocrático”, comenta. Esse quesito também inclui a parte de tributação, como as alíquotas internas de ICMS e IPTU e ISS.

Juliana explica ainda sobre a barreira tributária e como ela impacta a vida dos empreendedores. “As barreiras fiscais para o empreendedor local também são um fator, temos uma diferença nas alíquotas. Então, por exemplo, se um empreendedor compra uma máquina fora do Estado, ele ainda vai precisar pagar a diferença do imposto daqui”, explica.

O economista Michel Constantino fala sobre a Lei de Liberdade Econômica do Estado.

“Mato Grosso do Sul implantou a Lei de Liberdade Econômica para alavancar esse indicador [ambiente de negócios], mas outros municípios se apropriaram melhor de práticas para dar mais liberdade e incentivo a empreender. É necessário que os gestores públicos que estão à frente desse processo regulatório e de negócios implantem e façam a Lei de Liberdade Econômica valer para Campo Grande”, reforça.

No quesito infraestrutura, a Capital ficou em 71º, com uma nota 5,51. São levadas em consideração questões como o transporte interurbano, como conectividade via rodovias, decolagens e distância do porto mais próximo, além das condições urbanas que a cidade oferece, como o preço médio do metro quadrado, o custo da energia elétrica e a taxa de homicídios.

O quesito mercado, que leva em consideração o desenvolvimento econômico e os clientes potenciais, foi onde Campo Grande teve uma das notas acima da média, com pontuação de 6,31, ficando em 39º lugar no ranking.

O acesso a capital, que inclui operações de crédito por município, proporção relativa de capital de risco e capital poupado per capita, colocou Campo Grande em 33º lugar, perto da média, com 5,91.

No critério capital humano, que considera acesso e qualidade da mão de obra básica e qualificada, Campo Grande também ficou acima da média, com nota 6,17, e em 47º lugar no ranking nacional.

Em inovação, a Capital ficou em 57º lugar, com nota 5,72. Esse critério inclui condições não apenas para novos empreendimentos, mas empreendimentos inovadores.

A maior nota que a Capital conquistou foi no quesito cultura empreendedora. Nesse caso, Campo Grande ficou em 29º lugar, com nota 6,42.

Nacional

No índice geral, a melhor cidade para se empreender, conforme o relatório, é São Paulo (SP), seguida de Florianópolis (SC) e Joinville (SC). O presidente da Câmara de Dirigentes Logistas (CDL), Adelaido Vila, ainda avalia que Campo Grande está em desenvolvimento.

“Assim como em todo o Brasil, o empreendedorismo é uma característica da nossa gente, que não tem medo de encarar desafios. Prova disso é que os setores que mais empregam [comércio e serviços] são formados em sua maioria de pequenas e médias empresas. A Capital sul-mato-grossense ano a ano vem aumentando o número de empresas ativas, mostrando que investir e empreender em Campo Grande vale a pena. Fechamos 2022 com um saldo de mais de 121 mil empresas ativas, um crescimento de quase 10% em relação ao ano anterior”, detalha.

“Diversas ações têm sido tomadas pela Prefeitura de Campo Grande para ampliar a matriz econômica, como a efetivação de rotas latino-americanas que conectarão o Centro-Oeste brasileiro ao Oceano Pacífico, transformando Campo Grande em importante hub de distribuição para o Brasil, Paraguai, Bolívia, Argentina e Chile. Abrindo portas para os principais consumidores do mundo e também aos grandes polos de tecnologia da Ásia e da América do Norte”, acrescenta. 

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Divulgação

BÁRBARA CAVALCANTI

CORREIO DO ESTADO