Aulas presenciais da rede privada continuam após medidas restritivas

11/03/2021 10h22 - Atualizado há 3 anos

Instituições privadas continuarão com ensino presencial, mesmo após piora da pandemia e casos positivos em escolas

Beatriz Magalhães

As medidas restritivas para conter o avanço da contaminação pela Covid-19 anunciadas pelo governo do Estado na manhã de ontem não contemplam as aulas presenciais da rede privada de ensino em Campo Grande.

Apesar dos recentes casos positivos em professores e alunos que frequentam aulas em sedes das instituições e do pior momento já registrado desde o início da pandemia, em março de 2020, as aulas presenciais continuarão na Capital.

De acordo com a prefeitura, as medidas estão sendo tomadas para conter o vírus e suas variantes, mas que não há intenção de restringir as aulas presenciais. “Até o momento, não há nenhuma recomendação neste sentido”, informou o município por meio de nota.

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No entanto, as aulas da rede municipal e estadual de ensino continuam apenas remotas, decisão reforçada no decreto publicado ontem.

Apesar da Secretaria Municipal de Saúde Pública (Sesau) não divulgar um índice de contágio dentro das escolas privadas, algumas instituições precisaram suspender as aulas temporariamente por conto do risco de contágio.

No Colégio Nota 10, por exemplo, as aulas presenciais foram paralisadas, porque um dos alunos do 3º ano do Ensino Médio testou positivo para a doença. Em nota, a instituição informou que tem seguido os protocolos.

“A fim de garantir a segurança da turma supracitada e de toda comunidade escolar do Colégio Nota10 – Unidade Garças 3, a partir de 08/03, organizamos a suspensão por 10 dias consecutivos das aulas presenciais dos alunos da 3ª série, em cumprimento às orientações dos órgãos de Saúde Pública, em nível mundial e nacional, que visa conter a disseminação do novo coronavírus e preservar a saúde coletiva”, explicou em nota.

Ainda no mesmo colégio, um aluno do 8º ano também testou positivo para doença. A assessoria informou que a diretoria da instituição tomou conhecimento do resultado por meio dos pais do estudante.

Em um dos colégios Adventistas também houve casos de contaminação pelo vírus. De acordo com a assessoria, os protocolos estão sendo seguidos.

“Fechamos a escola por duas semanas, por segurança. Quanto a um fechamento definitivo durante a pandemia, esperamos por um posicionamento da prefeitura. Se tiver, vamos seguir”.

Sobre uma possível suspensão das atividades presenciais nas escolas particulares de Campo Grande, o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de Mato Grosso do Sul afirmou que para que isso aconteça é necessário um decreto municipal.

“Para nós, o que vale é o último decreto regente, publicado pelo prefeito de Campo Grande, que autoriza as aulas presenciais nas instituições privadas da Capital, desde que siga todas as recomendações, como a lotação máxima nas salas de aula”, afirma a presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino de Mato Grosso do Sul, Gloria Paim Barcellos.

“As escolas deverão continuar observando o porcentual presencial estabelecido no decreto municipal e o toque de recolher no decreto estadual”, complementa Gloria.

PREOCUPAÇÃO

A enfermeira Arethusa Bianca Louzan, 42 anos, é mãe de duas meninas que estudam em escolas particulares. A filha mais velha tem 14 anos e está no 9º ano do Ensino Fundamental e, por decisão da mãe, está estudando pelo sistema remoto.

“Eu sou profissional da saúde, sei como as coisas estão. Na escola da minha mais velha ficariam 25 alunos por turma. Eu acho que 25 pessoas em uma sala é muita gente. Eu trabalho na linha de frente, a gente vê o que está realmente acontecendo, e a situação está bem complicada”, argumenta a mãe.

Já a filha mais nova, de 9 anos, está no 4º ano do Ensino Fundamental e frequenta as aulas presenciais.

“No fim do ano, ela entrou em uma crise de ansiedade muito forte. Teve de entrar em uma escola, para poder ir para a aula presencial, porque ela estava mal. Eu voltei com ela para a escola antiga, porque são só oito alunos por turma. Eu escolhi a escola porque tem toda uma estrutura, com condições de receber os alunos nesse período”, afirma a Arethusa.

Logo quando as aulas retornaram presencialmente na rede privada de Campo Grande, no início de fevereiro, a publicitária Carol Costa, mãe de Valentina, de seis anos, falou sobre os desafios do ensino a distância.

“Esse período sem aulas foi desafiador. Me esforcei para que o efeito de perda fosse minimizado, de forma que ela recebesse o conteúdo, realizando os exercícios e atividades on-line, mas sei que na mesma intensidade e reforço de repetição da escola não foi possível”, disse.

Agora, Carol conta como o retorno auxiliou no desempenho da filha, e diz estar segura neste período. “Nesse primeiro trimestre, as aulas transcorreram bem, em ritmo normal, com aulas presenciais todos os dias. Dentro desse período, a escola conseguiu subir de 30% para 50% os alunos em sala, mesmo assim manteve a opção on-line para as famílias que ainda optaram por este formato, ainda pelos cuidados com a pandemia”, afirma.

“Percebo ela muito mais dedicada e motivada para estar na escola, curtindo os amigos e a rotina de aprendizado. Apesar de reclamar do distanciamento e impossibilidade de realizar algumas brincadeiras”, argumenta a mãe.

RETORNO

Em fevereiro, a Prefeitura de Campo Grande autorizou o retorno das aulas presenciais, a partir de 8 de março, em universidades, faculdades, cursos pré-vestibulares, cursos técnicos, Ensino Médio e Ensino Fundamental.

O Decreto n° 14.635 foi publicado na edição do dia 23 de fevereiro, do Diário Oficial do município.

A medida impõe lotação máxima de 50% da capacidade para as turmas, desde que a lotação atenda os distanciamentos previstos nos planos de biossegurança das instituições, aprovados pelo Poder Executivo. Até então, estavam permitidos apenas 30% da capacidade.

UNIVERSIDADES

As universidades também mantêm o ensino híbrido na Capital. A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) autorizou o ensino híbrido até o fim deste ano letivo para cursos de graduação e pós-graduação.

Aulas teóricas na Universidade Federal serão 100% ministradas a distância, enquanto aulas práticas estão permitidas de forma presencial, de acordo com protocolos de biossegurança e características dos cursos.

Do mesmo modo ocorre na Universidade Católica Dom Bosco, que também adota o ensino híbrido. Aulas práticas, consideradas essenciais, são ministradas presencialmente. Já as aulas teóricas acontecem de modo virtual.

Na Uniderp ocorre o mesmo, a diferença é que o curso de Medicina será totalmente presencial. Tanto as aulas teóricas quanto às práticas.

Segundo a universidade, todos os protocolos de biossegurança contra a Covid-19 serão seguidos rigorosamente, respeitando a lotação máxima de 50%, uso obrigatório de máscara, disponibilização de álcool gel e distanciamento social. As atividades que envolvem uma quantidade maior de pessoas, como palestras e consultorias, continuarão remotas.

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Bruno Henrique

Correio do Estado