São Paulo tem 245 mil motoristas autuados em 10 anos de Lei Seca

20/06/2018 00h00 - Atualizado há 4 anos
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Divulgação

Com 28,4 milhões de veículos, o estado tem a maior frota do país, representando 28,9% do total

Em dez anos de aplicação da Lei Seca, quase 245 mil motoristas foram autuados no estado de São Paulo por beber e dirigir. O balanço divulgado hoje (19) pelo Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP) mostra ainda que número de sanções e de operações de fiscalização foram crescendo significativamente ao longo dos anos. Com 28,4 milhões de veículos, o estado tem a maior frota do país, representando 28,9% do total. Somente na cidade de São Paulo são 8,1 milhões.

Em 2009, segundo ano de aplicação da lei, foram 21,6 mil autuações e chegou a 45 mil em 2016. O programa Direção Segura, criado para fiscalizar o cumprimento da lei, fez, em 2017, 280 operações que inspecionaram 78 mil caminhões, motos e automóveis.

Apesar do crescimento do número de autuações, os números das operações feitas pelo programa do Detran indicam, na avaliação do órgão, uma melhora na conscientização dos motoristas. Até 2016, era encontrado um motorista que bebeu álcool em uma média de cada 10 motoristas. A média subiu para 15 nas ações de 2017. “De certa forma, teve uma leve mudança de comportamento das pessoas” enfatiza o presidente do Detran, Maxwell Vieira.

Vieira destaca que os números de mortes no trânsito no Brasil ainda são muito elevados. “A gente vive uma calamidade no país”, ressalta. O consumo de bebidas alcoólicas e a imprudência são os fatores que, de acordo com o presidente do departamento, causam a maior parte das fatalidades: 90% dos acidentes fatais são decorrentes de falhas humanas”, acrescenta.

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Além da fiscalização, Vieira diz que o Detran tem investido em campanhas preventivas para alertar os motoristas sobre os perigos de beber e dirigir. “O grande ponto é o comportamento das pessoas, as pessoas entenderem a importância de respeitar as leis de trânsito, saberem que um ou dois copos de cerveja já interfere na sensibilidade, interfere na direção”.

Ele lembra que a lei já teve duas mudanças importantes, em 2012, quando começou a serem aceitos outros sinais fora o teste do bafômetro para constatar a embriaguez e em 2016, que classificou como infração a recusa de se submeter ao teste do bafômetro. “Elas deixaram a lei mais severa, mas a gente analisando os números e a realidade do país, as pessoas ainda estão desrespeitando as leis”, concluiu.

A coordenadora do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (Cisa), Erica Siu, avalia que é preciso avançar em medidas de conscientização e fiscalização para mudar o padrão de comportamento dos brasileiros em relação ao álcool e a direção. Ela lembra a pesquisa do Ministério da Saúde, divulgada no início deste mês, que mostra um aumento do volume de brasileiros que afirma dirigir depois de beber.

De 2011 a 2017, a frequência de adultos que admitem conduzir veículos motorizados após terem ingerido qualquer tipo de bebida alcoólica aumentou 16% em todo o país. “Apesar da existência da lei, as pessoas ainda têm um comportamento nocivo. Sobre esse comportamento, nós trabalhamos muito com uma frente que é de conscientização. Não basta saber que a lei existe é necessário trabalhar o motivo pelo qual ela existe, entender quais os efeitos do álcool”, apontou.

Erica destaca que mesmo quantidades muito pequenas de álcool podem ter um impacto para funções indispensáveis ao volante, como tempo de reação, percepção visual e até mesmo capacidade de raciocínio para uma tomada de decisão. “É importante que a população entenda os riscos. E é um risco não só param a vida daquela pessoa que está consumindo álcool e dirigindo, mas também arrisca a vida de terceiros”, destacou.

Com informações da Agência Brasil

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