Saiba quem é George Washington Sousa, bolsonarista que planejou atentado em Brasília

27/12/2022 09h38 - Atualizado há 1 ano

Empresário admitiu motivação política do crime e disse que objetivo era provocar intervenção das Forças Armadas

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Divulgação / PCDF

George Washington de Oliveira Sousa foi preso no último sábado (24), por suspeita de tentar explodir um caminhão de combustível nas proximidades do Aeroporto Internacional de Brasília.

Após ser preso, ele confessou ser o autor da tentativa de atentado e afirmou que havia motivações políticas para o crime.

Geoge Washington de Oliveira Souza tem 54 anos e é morador do Pará, onde é empresário do ramo de gás.

Apoiador do presidente Jair Bolsonaro, no dia 31 de outubro, logo após o resultado das eleições que elegeram Lula como novo presidente, Sousa começou a participar de manifestações no próprio Pará.

No dia 12 de novembro, ele saiu de seu estado e foi até Brasília participar de atos no acampamento em frente ao QG do Exército, que protestam contra o resultado das urnas.

No entanto, o empresário também alugou um apartamento em área nobre de Brasília, onde ficava quando não estava nos atos de protesto.

Neste apartamento, foi apreendido um arsenal de armas, sendo duas espingardas, um fuzil, dois revólveres, três pistolas, cinco emulsões explosivas, munições e uniformes camuflados.

Ele é inscrito como Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador (CAC) e alegou que o armamento foi levado do Pará até Brasília, em uma caminhonete própria.

Segundo a polícia, mesmo tendo o registro de CAC, Sousa não tinha autorização para transitar com as armas livremente, o que agrava a situação, pois viajou entre estados com o arsenal sem o guia de autorização de transporte.

Além disso, o armamento está fora das normas, segundo o delegado-geral da Polícia Civil do Distrito Federal, Robson Cândido.

Já os explosivos foram enviados posteriormente e seriam oriundos de pedreiras e garimpos do Pará.

Sousa afirmou que, desde outubro de 2021, quando obteve licença como CAC , já teria gastado cerca de R$ 160 mil na compra de pistolas, revólveres, fuzis, carabinas e munições.

Ele afirmou ainda que as frases de Bolsonaro o motivaram a investir em armamento.

"O que me motivou a adquirir as armas foram as palavras do presidente Bolsonaro, que sempre enfatizava a importância do armamento civil dizendo o seguinte: 'Um povo armado jamais será escravizado'", disse o investigado.

Nas redes sociais, o homem criou perfil em abril deste ano, no Twitter, onde fazia inúmeras postagens a favor do presidente e mensagens de ódio contra Lula, a esqueda e movimentos sociais ligados ao PT.

Entre as mensagens, estão ameaças, como: "Bora enterrar de vez esse canalha ladrão mentiroso", e se colocando a disposição para lutar por Bolsonaro:

"Meu presidente, só tem uma forma de ganhar uma guerra, não desista! Estamos prontos! Basta uma ordem sua! Convoque e verás que um filho teu não foge a luta!", diz, em uma das publicações.

À polícia, ele confessou que o atentado tinha motivações políticas e que pretendia provocar uma explosão para chamar a atenção para o movimento que pede intervenção militar.

Ele disse, em depoimento, que planejou a explosão em dois locais, para "dar início ao caos" que levaria à decretação do estado de sítio no país, que por sua vez provocaria a intervenção das Forças Armadas.

Família era contra

A família do bolsonarista afirmou que soube da prisão do homem por meio da mídia, no domingo (25).

"Estou chocada e assustada. Isso não pode ter acontecido porque ela era uma pessoa pacifista. O meu marido nunca faria algo assim", disse a esposa, Ana Claudia Leite de Queiroz, 50, à Folha de São Paulo.

O pedido para que a família não fosse avisada partiu do próprio manifestante, que afirmou que não queria a comunicação no Natal.

O filho do casal disse que sempre foi contra a mudança do pai para Brasília.

"Quando o meu pai avisou que iria participar dessas manifestações, imaginamos que daria errado. Eu sabia que ia dar merda", afirmou à reportagem.

George Sousa será autuado por crime contra o Estado, e porte e posse de arma de fogo.

Entenda o caso

A Polícia Militar do Distrito Federal interceptou, no sábado (24), um explosivo que estava dentro de um caminhão de combustível na via que dá acesso ao Aeroporto Internacional de Brasília.

Segundo fontes da corporação, o motorista do veículo percebeu que uma caixa com o explosivo havia sido colocada no interior do caminhão e decidiu acionar a PM.

No local, foi encontrada uma pequena dinamite com temporizador.

O explosivo foi retirado pelo esquadrão antibombas, e, de acordo com nota da PM, foi realizada a "desativação do artefato" ainda no local.

A pista foi interditada durante a operação, com as vias marginais liberadas para trânsito, e não houve impacto na operação do Aeroporto de Brasília.

O caso ocorreu em meio aos receios com a segurança da posse do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na noite de sábado, George Washington de Oliveira Sousa foi preso, por suspeita de ter sido o responsável pela tentativa e atentado, e confessou o crime.

"Tinha um grande material explosivo em sua residência, o que mostra que ele tinha mais intenções", afirmou o chefe da polícia, Robson Cândido.

O delegado-geral da PC-DF, Robson Candido, afirmou que o processo de buscar de novos envolvidos deve começar a partir desta segunda-feira (26).

"Temos informações preliminares e, ao longo da semana, mais envolvidos podem ser presos. Ele confessa a participação de outras pessoas na tentativa de explosão", disse.

Autoridades envolvidas na cerimônia do dia primeiro de janeiro falam na necessidade de revisão dos planos e reforço do policiamento diante do cenário.

DA REDAÇÃO, COM AGÊNCIAS

CORREIO DO ESTADO