Rússia alerta os Estados Unidos sobre os riscos de Terceira Guerra Mundial
Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores de Putin há mais de 20 anos, disse que o Ocidente estava tentando intensificar a guerra na Ucrânia e estava "procurando problemas"
A Rússia disse que o Ocidente estava brincando com fogo ao considerar permitir que a Ucrânia atacasse profundamente a Rússia com mísseis ocidentais e alertou os Estados Unidos, nesta terça-feira (27), que a Terceira Guerra Mundial não se limitaria à Europa.
A Ucrânia atacou a região de Kursk, na Rússia, em 6 de agosto e conquistou uma fatia de território no maior ataque estrangeiro à Rússia desde a Segunda Guerra Mundial.
O presidente Vladimir Putin disse que haveria uma resposta digna da Rússia ao ataque.
Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores de Putin há mais de 20 anos, disse que o Ocidente estava tentando intensificar a guerra na Ucrânia e estava “procurando problemas” ao considerar os pedidos ucranianos para afrouxar as restrições ao uso de armas fornecidas pelo exterior.
Desde que invadiu a Ucrânia em 2022, Putin alertou repetidamente sobre o risco de uma guerra muito mais ampla envolvendo as maiores potências nucleares do mundo, embora tenha dito que a Rússia não quer um conflito com a aliança da Otan.
“Estamos confirmando mais uma vez que brincar com fogo — e eles são como crianças pequenas brincando com fósforos — é algo muito perigoso para tios e tias adultos que são encarregados de armas nucleares em um ou outro país ocidental”, disse Lavrov a repórteres em Moscou.
“Os americanos associam inequivocamente as conversas sobre uma Terceira Guerra Mundial como algo que, Deus nos livre, se acontecer, afetará exclusivamente a Europa”, disse Lavrov.
Lavrov acrescentou que a Rússia estava “esclarecendo” sua doutrina nuclear.
A doutrina nuclear da Rússia define quando seu presidente consideraria usar uma arma nuclear: em termos gerais, como uma resposta a um ataque usando armas nucleares ou outras armas de destruição em massa ou armas convencionais “quando a própria existência do Estado estiver ameaçada”.
Resposta russa
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky disse no início deste mês que o ataque à região russa de Kursk mostrou que as ameaças de retaliação do Kremlin eram um blefe.
Zelensky disse que a Ucrânia, por causa das restrições impostas pelos aliados, não poderia usar as armas à sua disposição para atingir alguns alvos militares russos.
Ele pediu aos aliados que fossem mais ousados em suas decisões sobre como ajudar Kiev na guerra.
A Rússia disse que armamento ocidental, incluindo tanques britânicos e sistemas de foguetes dos EUA, foi usado pela Ucrânia em Kursk.
Kiev confirmou o uso de mísseis dos EUA para destruir pontes em Kursk.
Washington diz que não foi informado sobre os planos da Ucrânia antes da incursão surpresa em Kursk. Os Estados Unidos também disseram que não tomaram parte na operação.
O chefe de inteligência estrangeira de Putin, Sergei Naryshkin, disse nesta terça-feira que Moscou não acreditava nas afirmações ocidentais de que não tinha nada a ver com o ataque a Kursk.
O vice-ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Ryabkov, disse que o envolvimento dos Estados Unidos era “um fato óbvio”.
O New York Times informou que os Estados Unidos e o Reino Unido forneceram à Ucrânia imagens de satélite e outras informações sobre a região de Kursk nos dias seguintes ao ataque ucraniano.
O NYT disse que a inteligência tinha como objetivo ajudar a Ucrânia a rastrear melhor os reforços russos.
Guy Faulconbridg e Vladimir Soldatkin da Reuters, em Moscou