Putin determina exercícios militares com armas nucleares em resposta ao Ocidente
Governo de Vladimir Putin afirma que os EUA e os seus aliados europeus estão levando o mundo à beira do confronto entre potências nucleares
A Rússia anunciou, nesta segunda-feira (6), que vai simular o destacamento de armas nucleares táticas como parte de um exercício militar, após o que Moscou disse serem ameaças da França, Reino Unido e Estados Unidos.
Desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 2022, a Rússia tem alertado repetidamente sobre os riscos nucleares crescentes – avisos que os EUA dizem ter de levar a sério, embora as autoridades norte-americanas digam não ter visto nenhuma mudança na postura nuclear da Rússia.
O governo de Vladimir Putin afirma que os EUA e os seus aliados europeus estão levando o mundo à beira do confronto entre potências nucleares, ao apoiar a Ucrânia com dezenas de bilhões de dólares em armas, algumas das quais estão sendo utilizadas contra o território russo.
O Ministério da Defesa russo disse que realizaria exercícios militares, incluindo práticas para a preparação e implantação para uso de armas nucleares não estratégicas.
O Ministério acrescentou que os exercícios foram ordenados pelo presidente Vladimir Putin.
“Durante o exercício, será realizado um conjunto de medidas para praticar as questões de preparação e uso de armas nucleares não estratégicas”, disse o ministério.
As Forças de Mísseis do Distrito Militar Sul, a Força Aérea e a Marinha participarão, disse o Ministério da Defesa.
O exercício visa garantir a integridade territorial e a soberania da Rússia “em resposta a declarações provocativas e ameaças de certos responsáveis ocidentais contra a Federação Russa”, afirmou.
A Rússia e os Estados Unidos são de longe as maiores potências nucleares do mundo, detendo mais de 10.600 das 12.100 ogivas nucleares existentes no mundo.
A China possui o terceiro maior arsenal nuclear, seguida pela França e pelo Reino Unido.
A Rússia possui cerca de 1.558 ogivas nucleares não estratégicas, de acordo com a Federação de Cientistas Americanos, embora haja incerteza sobre os números exatos para tais armas devido à falta de transparência.
Nenhuma potência utilizou armas nucleares na guerra desde que os Estados Unidos desencadearam os primeiros ataques com bombas atômicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em 1945.
As principais potências nucleares verificam rotineiramente as suas armas nucleares, mas muito raramente associam publicamente tais exercícios a ameaças específicas percebidas, tal como a Rússia fez.
Movimentos de guerra
A Otan, criada em 1949 para proporcionar segurança coletiva contra a União Soviética, está atualmente realizando o exercício “Steadfast Defender”, o maior desde o fim da Guerra Fria.
A Otan não disse se incluiria o ensaio de qualquer elemento nuclear.
Um exercício de comando nuclear da Otan em 1983 suscitou receios nos mais altos escalões do Kremlin de que os Estados Unidos estivessem preparando-se para um ataque nuclear surpresa.
Putin tem enfrentado apelos dentro da Rússia de alguns radicais para mudar a doutrina nuclear da Rússia, que estabelece as condições sob as quais a Rússia usaria uma arma nuclear, embora Putin tenha dito no ano passado que não via necessidade de mudança.
Em termos gerais, a doutrina diz que tal arma seria usada em resposta a um ataque com armas nucleares ou outras armas de destruição em massa, ou ao uso de armas convencionais contra a Rússia “quando a própria existência do Estado estiver ameaçada”.
Putin classifica a guerra como parte de uma batalha secular com o Ocidente que, segundo ele, humilhou a Rússia depois da queda do Muro de Berlim em 1989, ao ampliar a Otan e invadir o que Moscou considera ser a esfera histórica de influência da Rússia.
A Ucrânia e os seus apoiadores ocidentais dizem que a guerra é uma apropriação de terras de estilo imperial por uma ditadura corrupta.
Os líderes ocidentais prometeram trabalhar para a derrota das forças russas na Ucrânia, ao mesmo tempo que descartam qualquer envio de pessoal da Otan para lá.
Guy Faulconbridge da Reuters em Moscou